Cultura España , Salamanca, Miércoles, 13 de noviembre de 2013 a las 09:05

“A ciência apaixona e cada vez impregna mais a cultura popular”

Eva Quintanilla, de Salamanca, apresenta seu primeiro romance, uma historia de amor ambientada em um congresso científico real conhecido como “o Woodstock da Física”

José Pichel Andrés/DICYT O amor e a física quântica se unem em uma mesma historia contada por uma mãe a sua filha adolescente com a esperança de poder superar a falta de comunicação que começa a separá-las. Com este argumento sugestivo, Eva Quintanilla Tizón, de Salamanca, publica seu primeiro romance, March meeting (KRK Edições, 2013), uma historia de ficção carregada de divulgação científica.

 

O título se refere a um congresso científico realizado em 1987, conhecido como o Woodstock da Física, por analogia ao conhecido festival de música de 1969. Ainda que este congresso da Sociedade Americana de Física continue sendo realizado em março, naquela ocasião o encontro foi excepcional, porque milhares de cientistas compareceram no Hotel Hilton de Nueva York. O motivo de tanta expectativa é que tinham acabado de descobrir os materiais supercondutores a alta temperatura, o que abria as portas a uma revolução científica e tecnológica.

 

“Pensei que seria um cenário fantástico para uma historia de amor”, assegura Eva Quintanilla em declarações a DiCYT. “Meu objetivo era escrever uma historia bonita e divertida" e "desde o começo pensei que a ciência seria importante nela, como o valor agregado desta historia, que a tornaria distinta”, afirma. As ilustrações de Javier Pérez Rodríguez conseguem tornar a leitura ainda mais agradável.

A trama gira em torno a Angélica, uma historiadora da ciência que esteve presente neste grande congresso científico, onde conheceu a Aaron, um físico apaixonado por seu trabalho que lhe guia pelo caótico evento. Atualmente, Angélica é mãe de Sarah, uma adolescente de 16 anos com os conflitos próprios da sua idade. “Os personagens em várias ocasiões se comportam como partículas”, assegura a autora, que escreveu um texto cheio de metáforas e de referências à divulgação da ciência.

Amor entre a ciência e a sociedade

 

“Acredito que a ciência e a sociedade se amam, como a mãe e a filha adolescente, mas ao mesmo tempo existem desentendimentos porque não se conhecem de verdade”, afirma. “Acho que a ciência está na moda. Podemos constatar isso na comédia televisiva The Big Bang Theory, cujos protagonistas são cientistas, e em todas as séries de policia com componente científico que seguem a linha da CSI. Acredito que a ciência apaixona e cada vez impregna mais a cultura popular”, agrega.

Entre as linhas e as vezes de forma explícita, o leitor pode encontrar em March meeting alguns fundamentos da divulgação científica. “Não sou especialista, mas concordo completamente com a frase ‘se você não é capaz de explica-lo de maneira simples, é porque não entendeu bem’, atribuída a Einstein”, comenta.

Diante do objetivo de escrever seu primeiro romance, Eva Quintanilla afirma que foi descobrindo obras literárias com um importante componente científico, algumas com bastante sucesso. “Acredito que cada vez haverá mais, sou otimista nesse sentido”, indica.

A ciência, característica da sociedade moderna

Em todos os casos, apesar de atitude favorável da sociedade diante de questões como o investimento em biomedicina, “a maioria dos cidadãos consideram a ciência como algo distante, estranho e, portanto, não estão dispostos a apostar nela de verdade”, opina. “Ninguém se deu ao trabalho de dizer que a ciência é muito mais do que equações e a tabela periódica dos elementos”, mas que “é uma expressão cultural característica de nossas sociedades, como a arte e, ainda que somente fosse aquilo, deveríamos defende-la, não só porque cria vacinas, mas porque é a forma de pensar que caracteriza as sociedades modernas”, afirma. “Para mim é tão grave não saber que As Meninas foram pintadas por Velázquez, quanto pensar que os tomates não têm genes, como uma vez li que pensava grande parte da população”, indica.

 

A ciência como atitude vital

 

Eva Quintanilla nasceu em Salamanca em 1979, é licenciada em Humanidades pela Universidade de Salamanca e tem um Mestrado em Jornalismo pela UAM-El País. Com experiência em meios de comunicação, atualmente se dedica à comunicação corporativa. Assim, considera-se uma “pessoa de letras”, com relação à divisão mais tradicional do conhecimento. Contudo, “para mim o mais importante da ciência é a atitude vital, mental: ser analítico, curioso, estar aberto a que te convençam de algo e mudar de opinião. Uma coisa é não ser cientista e outra, muito diferente, é considerar que a ciência não tem nada a ver com você”, destaca.

Após dedicar muito tempo reunindo documentos, considera que para escrever um bom romance sobre ciência os ingredientes devem ser os mesmos que em qualquer outra historia: "personagens atrativos, ter algo para contar e uma historia que revele a si mesma". E com relação à parte científica, “deve-se ser honesto, não apenas citar referências científicas e nada mais, mas fazer com que estas tenham coerência e sentido para a historia”.

Apresentação em Salamanca

Eva Quintanilla apresenta March meeting em sua cidade natal no próximo sábado, 16 de novembro de 2013, às 20:00 horas na Livraria Hydria (Plaza de la Fuente, 17). O ato será apresentado por Juan Antonio Rodríguez Sánchez, professor de Historia da Ciência da Universidade de Salamanca.