Alimentación España , Salamanca, Lunes, 07 de mayo de 2012 a las 15:17

A toupeira-de-água desaparece em Salamanca e em grande parte do Sistema Central

A presença do vison-americano e a redução do fluxo dos rios são fatores chaves na extinção deste micromamífero

José Pichel Andrés/DICYT A toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus) é uma espécie única e emblemática, mas foi extinta ou se encontra em uma situação extremamente crítica na província de Salamanca, de acordo com as conclusões dos estudos realizados entre 2006 e 2010 pelos pesquisadores do Departamento de Biologia Animal da Universidade de Salamanca, que se materializaram agora na publicação de um trabalho universitário apresentado por Pablo García, que abrange as principais conclusões da equipe, liderada pelo professor de Zoologia Miguel Lizana e integrada também por Valentín Arévalo e Isabel Mateos.

 

A toupeira-de-água é um micromamífero parente das toupeiras, mas com características evolutivas, biológicas, morfológicas e ecológicas peculiares, que possivelmente a fazem uma espécie mais vulnerável, já que sobrevive a base de insetos em rios e arroios pouco alterados. Concretamente “alimenta-se de larvas e ninfas de tricópteros, plecópteros e efemerópteros”, indica Pablo García em declarações a DiCYT, e sua anatomia está muito adaptada a esta alimentação.

 

Este animal é uma espécie endêmica na Península Ibérica, presente nos Pirineus, Sistema Ibérico, Sistema Central, Cordilheira Cantábrica e Galicia, mas as amostras da última década foram alarmantes, já que desapareceu de muitos lugares sem uma razão muito clara.

 

Metodologia

 

No Sistema Central os últimos dados tinham sido coletados pela Universidade de Salamanca no fim do século XX em Ávila, Salamanca e Segovia. No entanto, procuras mais recentes não encontraram o animal, salvo na província vizinha de Cáceres em 2004. Assim, os cientistas desenharam um novo plano de amostras para estudar a situação em Salamanca, com uma metodologia baseada em armadilhas noturnas com cestas semi-submergidas nos rios de montanha e na procura de excrementos. Após encontrar indícios nos primeiros anos, a campanha de 2010 revelou a completa ausência da toupeira-de-água em qualquer ponto da província de Salamanca.

 

Conforme avançava a pesquisa, a procura das causas da extinção desta espécie foi sendo ampliada ao resto do Sistema Central de Castela e Leão. “O vison-americano parece a causa fundamental, porque quando coloniza uma parte do rio as toupeiras-de-água desaparecem, provavelmente porque são suas presas”, indica Pablo García.

 

Baixo fluxo

 

Ademais, outro fator importante é a redução do fluxo dos rios. As análises das séries temporais nos rios de montanha de Salamanca mostram que nos últimos anos, em muitas ocasiões, o fluxo é inferior a 12 metros cúbicos por segundo, considerados necessários para a toupeira-de-água, sobretudo no verão, quando os rios abastecem uma maior população humana em localidades próximas.

 

Amostra exaustiva à procura de indícios

 

O rastreamento da presença da toupeira-de-água está baseado na procura de indícios indiretos como excrementos e pêlos, e na possibilidade de capturar o próprio animal por meio de cestas em lugares de passagem obrigatória de pequenos rios de montanha. Esta última tarefa não é nada fácil, pois deve ser feita a noite, mas tampouco é fácil a primeira, já que encontrar restos orgânicos requer uma amostragem exaustiva.

 

Os pesquisadores escolheram 40 trechos de rios do sul de Salamanca que visitaram três vezes por ano de 2006 a 2010, o que somou 480 visitas em cada trecho. Os excremento podem ser confundidos com os de animais parecidos, de modo que depois de coletados, devem ser analisado em laboratório.

 

Em 2007 e 2008 confirmou-se a presença da toupeira-de-água nas cabeceiras dos rios Cuerpo de Hombre e Francia. Em 2009, reduziu-se sua presença a pequenos trechos, ainda que a abundância oscilasse entre 0,6 e 0,8 toupeiras-de-água por quilômetro de rio, dentro dos valores normais em outras áreas. No entanto, nas amostras de 2010 a espécie já não foi detectada na província de Salamanca.