Salud España , Salamanca, Lunes, 14 de junio de 2010 a las 17:35

Ácido oléico favorece o desenvolvimento dos neurônios

Pesquisa do Instituto de Neurociências de Castilla y León revela a possibilidade de utilizar um derivado do ácido oléico para retardar a aparição de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer

José Pichel Andrés/DICYT A maioria dos consumidores já está familiarizada com o ácido oléico, pois este faz parte de muitos alimentos funcionais anunciados como benéficos para a saúde. Esta substância, cujo nome deriva do fato de ser o principal componente do azeite de oliva, é o objeto de estudo do grupo de José María Medina, cientista do Instituto de Neurociências de Castilla y León (Incyl), que descobriu que se trata de um fator neurotrófico, isso é, que favorece o desenvolvimento e a sobrevivência dos neurônios. Desse modo, a pesquisa revela a possibilidade de que o ácido oléico ou algum de seus derivados possa ser utilizado para prevenir doenças neurodegenerativas como o Alzheimer.

 

José María Medina explicou hoje esta linha de pesquisa, em um seminário direcionado a outros membros da comunidade científica de Salamanca que ocorreu no Incyl. A influência do ácido oléico no sistema nervoso “nos surpreendeu muito”, reconheceu em declarações a DiCYT, porque “é uma substância muito simples que está presente em todo o organismo”. No entanto, os resultados foram tão promissores que “dedicamos nosso interesse a esse estudo, porque é muito promissor”, no sentido de que um dia este componente poderá ser utilizado para prevenir doenças neurodegenerativas. “Talvez não exatamente o ácido oléico, mas algum de seus derivados”, aponta.

 

Concretamente, o ácido oléico, como fator neurotrófico ou neurotrofina, auxilia o crescimento dos axônios e dendritos (prolongações dos neurônios), de maneira que estas células nervosas possam conectar-se umas as outras. “Os neurônios utilizam substâncias muito primitivas para comunicar-se”, substâncias como o ácido oléico, que “são encontradas nos vegetais há milhões de anos e permitem mandar um sinal, uma ordem”, explica o especialista.

 

Contudo, este trabalho científico descobriu que o efeito dessas substâncias é limitado, influi principalmente no desenvolvimento do sistema nervoso, mas não em pessoas adultas. “Não podemos afirmar que ingerir ácido oléico melhora a saúde de um adulto, mas sim que é importante que o bebê e a mãe que o alimenta através do leite materno ingiram ácido oléico, porque este favorecerá seu desenvolvimento intelectual”, indica. Do contrário, o cérebro adulto cria uma barreira hematoencefálica que impede a passagem de muitas substâncias e uma delas é, precisamente, o ácido oléico.

 

Em qualquer caso, a descoberta dos cientistas do Incyl “abre uma porta interessante para ver se podemos ultrapassar a barreira hematoencefálica com outras substâncias, de modo que ao menos se retardaria a aparição de doenças neurodegenerativas”.

 

No contexto da relação entre neurônios e glia

 

O campo de estudo de Medina centra-se na interação entre os dois tipos de células mais importantes do cérebro, os neurônios e as que fazem parte da glia, que é o suporte que fornece alimento às primeiras. “Esta interação é muito importante para as doenças neurodegenerativas, pois é a glia que reage diante dos problemas do interior do cérebro, seja em forma de infecção ou de um processo degenerativo, como o Alzheimer, Parkinson e outras patologias. Nosso interesse é estudar como o neurônio reage ao que faz a glia e como a glia reage ao que lhe determina o neurônio”, afirmou.

 

A glia compõe-se principalmente por astrócitos, células que possuem a forma de um astro. “Durante muito tempo estas foram consideradas secundárias porque o neurônio era o protagonista, mas hoje sabemos que lhe ajudam em tudo, inclusive na transmissão do impulso nervoso, que é sua grande função, de maneira que sem astrócitos não poderiam sobreviver”, indica.

 

Além da influência do ácido oléico sobre o sistema nervoso, Medina sustenta que os benefícios deste componente essencial do azeite de oliva são múltiplos. “Foi demonstrado que retarda o câncer de mama, porque previne a aparição deste tumor ainda que exista uma predisposição à doença”, sinaliza. Nesse sentido, “não podemos dizer que o ácido oléico curará doenças, mas que a alimentação com ele é benéfica”, aponta. Entre outros benefícios demonstrados, baixa o colesterol do sangue, afirma o especialista.

 

A proteína albumina, benéfica no Alzheimer

 

Após comprovar que o ácido oléico tem uma influência positiva nos neurônios, a linha de pesquisa de José María Medina centrou-se na aplicação deste conhecimento ao caso do Alzheimer, doença que se caracteriza pela destruição destas células do sistema nervoso. O problema para aplicar esta substância na proteção dos neurônios é que a barreira hematoencefálica do cérebro adulto impede a passagem deste ácido. No entanto, existem vias interessantes para vencer este problema. “A substância que sintetiza o ácido oléico é uma proteína denominada albumina. Esta proteína capta o beta-amilóide, que é o principal componente das placas senis que se formam nos casos de Alzheimer. Contudo, a albumina evita que entre nas células”.

 

Um grupo de pesquisa de Barcelona que colabora com o Incyl descobriu que se aumentando a albumina no sangue, diminui-se o beta-amilóide no cérebro, de modo que atualmente se avalia se isso retarda ou não as habilidades cognitivas afetadas no Alzheimer. “Há esperanças de que a administração de albumina elimine o beta-amilóide para evitar que afete os neurônios”, sinaliza Medina. Precisamente, esta pesquisa conduziu a uma publicação na revista científica Journal of Alzheimer’s Disease que demonstrou que a albumina previne a entrada do beta-amilóide nos neurônios, o que “é um salto a frente para saber por que a albumina é benéfica no Alzheimer”.