Salud España , Salamanca, Martes, 25 de octubre de 2011 a las 13:59

Alcoolismo está relacionado com inflamação exagerada em infecções

Hospital Universitário de Salamanca estuda a resposta imunológica dos pacientes, além da predisposição genética ao vício e patologias associadas

José Pichel Andrés/DICYT Os alcoólatras crônicos produzem mais citocinas inflamatórias que fazem com que, no caso de infecção, a resposta inflamatória do sistema imunológico seja exagerada e, portanto, atue contra o organismo. Pesquisadores do Hospital Universitário de Salamanca realizaram esta descoberta depois de anos trabalhando com a resposta imunológica nos pacientes que sofrem alcoolismo. Ademais, têm outra linha de pesquisa relacionada com a genética e o álcool que, por sua vez, relaciona-se com a resposta inflamatória.

 

Javia Laso Guzmán, chefe do serviço de Medicina Interna do Hospital Universitário de Salamanca, lidera um dos grupos de pesquisa clínica mais ativos da Espanha nesta linha. “Estudamos o comportamento de substâncias que intervêm na resposta do indivíduo diante da agressão infecciosa chamadas citocinas, substâncias que mediam a comunicação entre as células e têm um papel importante na inflamação derivada de traumatismos ou infecções, mas que até o momento não tinham sido relacionadas com o consumo de álcool”, assegura em declarações a DiCYT.

 

Uma das citocinas mais importantes na inflamação é a TNF alfa, mas Laso focou-se nas interleucinas (IL). Algumas, como as IL-1, IL-2 ou IL-6 são importantes na inflamação, enquanto outras são antiinflamatórias, como a IL-10.

 

Essas citocinas foram identificadas nas células que as produzem, em colaboração com o Serviço de Citometria da Plataforma Nucleus da Universidade de Salamanca. “Realizamos publicações sobre o comportamento destas citocinas, tanto em pacientes com patologia hepática, quanto nos que apenas possuem o vício”, indica.

 

Um fato já aceito é que o alcoólatra crônico tem menos defesas ante infecções, mas agora este grupo de pesquisa demonstrou que quando as infecções são produzidas, o doente desenvolve uma resposta antiinflamatória desproporcional.

 

“Nossa colaboração indica que os alcoólatras crônicos têm maior propensão a infecções, como já era sabido, mas que também têm uma resposta inflamatória exagerada ante estas”, resume.

 

Essa resposta inflamatória exagerada tem em parte causas genéticas, porque nem todos os doentes reagem da mesma maneira, ainda que bebam a mesma quantidade. Neste sentido, os genes também podem predispor um indivíduo a sofrer o vicio ou às patologias a ele associadas. “Não há um gene do alcoolismo, há um conjunto de genes que predispõem o indivíduo a sofrê-lo, em combinação com o ambiente social”, afirma Laso.

 

Genes da cirrose

 

“Temos amostras de DNA de doentes com dependência alcoólica, abuso de álcool e hepatopatia (o álcool pode produzir cirrose, hepatite alcoólica ou somente depósitos de gordura), mas apenas 30% dos que bebem muito álcool desenvolvem cirrose, de modo que queremos saber quais genes intervêm no desenvolvimento da patologia”, explica.

 

Alguns deles estão relacionados com as citocinas, já que estas substâncias produzem inflamação e “a inflamação no fígado é a ante-sala da cirrose”. Ademais, este grupo foi pioneiro em descobrir que o gene que codifica a TNF alfa “é um dos mais envolvidos na predisposição a que, com a mesma quantidade de álcool, desenvolva-se cirrose.”

 

Para a pesquisa é necessário ter um grupo de controle com população geral e um grupo de alcoólatras, por serem estudos de associação, ou seja, que os cientistas unam o fato de que um grupo de pessoas sofra uma patologia e o fato de que tenham uma alteração genética diferente do resto.

 

Quanto ao vício, o grupo de Laso também estudo os genes que interferem nos sistemas neurotransmissores, no sistema opióide, no canabinoide e no dopaminérgico. “Estes sistemas químicos podem variar segundo o condicionamento genético”, indica. “Alguns genes que codificam as substâncias que intervêm na dependência estão relacionados com a época em que se desenvolvem ou não”, comprovaram. Ademais, alguns dados indicam que as citocinas, que a principio na parecem ter relação com este problema, intervêm também nos sistemas de vício.