Salud Brasil Campinas, São Paulo, Jueves, 11 de diciembre de 2014 a las 10:16

Análise proteômica revela uma possível proteína exclusiva ao cemento dental

Dados da composição das proteínas presentes no cemento dental foram publicados em banco de dados internacional de livre acesso

Simone Caixeta /Labjor/SP/DICYT - Pela primeira vez, cientistas publicam dados da composição de cada proteína presente no cemento dental, em um banco de dados internacional e de livre acesso (http://proteomecentral.proteomexchange.org/cgi/GetDataset?ID=PXD000420). A análise proteômica realizada entre o cemento dental - que é o tecido que recobre a superfície da raiz do dente - e osso alveolar identificou a proteína SOD3, associada exclusivamente ao cemento dental. A pesquisa foi publicada no periódico Journal of Proteomics.


O dente humano possui duas porções distinguíveis: a coroa, visível quando sorrimos, e a raiz, que fica sob a gengiva. A raiz é coberta em sua superfície por um tecido mineralizado, o cemento dental. O dente é ancorado ao osso alveolar via ligamento periodontal, um conjunto de fibras que confere ao dente resistência à tração e à compressão. Tanto o cemento dental quanto o osso alveolar partilham algumas características: ambos são originados do tecido conjuntivo, possuem células progenitoras – que darão origem a outras mais especializadas – e componentes da matriz extracelular, responsável por formar uma rede de sustentação para as células dentro do tecido conjuntivo.


A ideia de uma proteína diferencial entre os dois tecidos nunca havia sido sugerida pelos cientistas. De acordo com a cirurgiã-dentista Cristiane Ribeiro Salmon, da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP) da Unicamp, que participou da pesquisa, a “SOD3 foi encontrada exclusivamente em cemento dental, enquanto que a quantidade de fibronectina no osso alveolar foi 30 vezes maior que no cemento dental. Esses achados sugerem que, embora sejam dois tecidos com um alto grau de similaridade na sua composição proteica, esses tecidos podem responder de formas diferentes à doença periodontal e aos seus tratamentos”.

 

Embora a maioria dos estudos anteriores indique que há uma sobreposição dos componentes das matrizes extracelulares do cemento dental e do osso alveolar, os achados deste estudo, coordenado pelo pesquisador Francisco Humberto Nociti Júnior, em colaboração com a Universidade de Washington nos Estados Unidos, sugerem potenciais diferenças qualitativas e quantitativas entre esses tecidos.

 

Durante o curso da doença periodontal, o cemento dental, o osso alveolar e o ligamento periodontal são especialmente afetados. A consequência mais grave é a perda do elemento dental, pela destruição desses tecidos de suporte. Segundo Salmon “alguns tratamentos regenerativos utilizados atualmente para recuperar os tecidos periodontais perdidos como consequência da doença periodontal produzem bons efeitos na formação de novo osso, entretanto a resposta no cemento dental ainda é imprevisível. O melhor conhecimento sobre a composição do cemento dental e a descoberta de fatores específicos deste tecido poderá colaborar com o desenvolvimento de terapias mais eficientes e previsíveis”.