Salud España , Salamanca, Martes, 22 de febrero de 2011 a las 14:12

Apresentada em Salamanca uma importante descoberta sobre o genoma humano

O complexo de proteínas chamado coesina organiza parte da duplicação do DNA e, portanto, é fundamental na instabilidade genética que origina alguns tipos de câncer

José Pichel Andrés/DICYT Juan Méndez e Ana Losada, cientistas do Centro Nacional de Investigações Oncológicas (CNIO), publicaram no mês de dezembro de 2010 um importante artigo na revista “Genes and Development” no qual revelam um papel desconhecido do complexo de proteínas chamado coesina na duplicação do genoma humano. Os pesquisadores deste centro de Madri trabalham com cientistas de Salamanca em um projeto nacional sobre instabilidade genômica e no dia 18 de fevereiro Juan Méndez apresentou os últimos resultados de seu trabalho no Instituto de Biologia Funcional e Genômica (IBFG), centro misto da Universidade de Salamanca e do CSIC.

 

“Estudamos o processo de replicação dos genomas e, dentro deste campo, a coesina é um complexo de proteínas muito importante que tem uma função a princípio não relacionada com a duplicação dos genomas: uma vez realizada a duplicação, mantém os dois cromossomos unidos até o final da divisão celular”, afirmou Juan Méndez em declarações a DiCYT. No entanto, “descobrimos que, além dessa função, tem outro papel muito importante para organizar o genoma no processo de duplicação”, complementa.

 

Os cientistas acreditam que esta nova função, que até o momento era totalmente desconhecida e não tinha sido observada nem em humanos, nem em nenhum modelo de experimentação, é extraordinariamente relevante.

 

“A duplicação do genoma humano é um processo bioquimicamente muito complexo porque a informação genética de cada célula está codificada em três bilhões de nucleotídeos que devem ser copiados de maneira muito precisa e em um espaço de tempo curto, em poucas horas”, começa a explicar o cientista. Para ele, as células dispõem de estruturas no núcleo chamadas fatoriais de replicação, que é onde acontece a síntese do DNA novo, copiando o DNA que já existia na célula. “Os detalhes moleculares de como se organizam estes fatoriais de replicação são desconhecidos e nosso trabalho aporta um elemento que acreditamos ser fundamental”, afirma, “que o DNA se organiza formando espirais”.

 

A formação destes laços de DNA permite que o processo de cópia comece simultaneamente em muitos pontos e é nesse momento que intervém a coesina, que estabiliza a formação destes fatoriais de replicação. A importância deste feito é capital, já que “tudo o que se relaciona com a duplicação do DNA tem a ver com a manutenção da estabilidade genômica, de modo que sabemos que, na ausência da coesina ou com níveis baixos, as células têm muitos problemas para completar a duplicação do genoma, o que aumenta a instabilidade genética observada em muitos tipos de câncer”, enfatiza.

 

Patologia da coesina

 

Ademais, existem doenças genéticas conhecidas como patologias da coesina como, por exemplo, a denominada Cornelia de Lange, patologias genéticas raras que fazem com que crianças nasçam com problemas de desenvolvimento físico e mental. “Estas doenças estão associadas a mutações na maquinaria da coesina ou na maquinaria que a ativa, mas não afetam a função original da coesina, e sim outras funções que não havíamos identificado. Esta que descobrimos agora pode ser uma delas”, declara o especialista.

 

Juan Méndez afirma que a coesina “está na moda” na área de pesquisa há uns cinco anos, devido ao fato de que os cientistas estão comprovando que tem um papel importante no controle da expressão de certos genes, na reparação do DNA ou recombinação, “mas a função de replicação até agora não havia sido descrita, pelo que é uma observação original”.

 

Este grupo do CNIO trabalha no projeto Consolider Inestabilidad Genômica, financiado pelo Ministério da Ciência e Inovação, no qual também estão envolvidos os cientistas Francisco Antequera, do Instituto de Biologia Funcional e Genômica e Sergio Moreno, do Centro de Pesquisa do Câncer, ambos em Salamanca, além de outros centros espanhóis.