Ciencia España , Valladolid, Viernes, 17 de abril de 2015 a las 16:10
INESPO II

Arcadia: um projeto para a valorização do património arqueológico

Instituto de Promoção Cultural ‘Arcadia’ da Universidade de Valladolid nasceu em 2000 pela mão do professor Manuel Rojo Guerra. Nos seus 15 anos de vida já concedeu mais de 150 bolsas de investigação arqueológica e realizou dezenas de projetos

Cristina G. Pedraz/DICYT ‘Arcadia’ é um instituto de promoção cultural que surgiu no ano 2000 dentro do Departamento de Pré-História, Arqueologia, Antropologia Social e Ciências e Técnicas Historiográficas da Universidade de Valladolid. Adscrito à Fundação Geral da Universidade de Valladolid (FUNGE), o seu principal objetivo é promover projetos de investigação, divulgação e valorização de questões patrimoniais.
A história de Arcadia vai paralela à trajetória profissional do seu criador, o professor Manuel Rojo Guerra.

 

Começou a sua carreira investigadora em torno do megalitismo peninsular, particularmente o da Meseta (planalto) Norte; nesta linha desenvolveu a sua tese de doutoramento sobre O fenómeno megalítico na Lora Burgalesa, defendida em 1992 sob a direção do professor de Pré-História Germán Delibes de Castro.

 

Depois, adentrou aos sítios arqueológicos do vale de Ambrona, na província de Soria, onde aprofundou a implementação da economia de produção no interior da Península Ibérica. Como resultado deste trabalho foram publicados mais de uma vintena de artigos e três livros sobre o significado do fogo em rituais funerários neolíticos, os túmulos monumentais do vale e os povoamentos neolíticos ao ar livre investigados no próprio vale de Ambrona. Além disso, o professor organizou uma exposição itinerante da qual surgiram guiões didáticos e catálogos da exposição.


“A criação de Arcadia surge da necessidade de ter uma estrutura de investigação quase empresarial, que permitisse abranger uma multidão de projetos de diferentes tipos, para promover principalmente a investigação”, explica Manuel Rojo Guerra. Desde o seu lançamento, a sua atividade tem sido constante e têm-se realizado dezenas de projetos e contratos de investigação.


“Neste tempo outorgámos quase 150 bolsas de investigação e mantivemos dois contratos de investigadores a tempo completo; graças a este trabalho a Universidade de Valladolid deu-nos o prémio Divulgação Universidade-Sociedade em 2004”, lembra.


Um dos projetos mais importantes desenvolvidos no seio de Arcadia é precisamente o Plano de Atuação Integral no vale de Ambrona, uma iniciativa inovadora que procurava a integração entre a universidade e a sociedade em muitos âmbitos, desde a investigação científica de primeiro nível até à promoção do emprego rural e a recuperação e divulgação do património arqueológico de Castela e Leão, tudo através de uma colaboração permanente entre universidade, instituições e mundo empresarial.


Assim, o projeto de atuação integral no vale de Ambrona foi realizado em colaboração com o Instituto Arqueológico Alemão de Madrid e várias entidades públicas e privadas, tais como a Junta de Castilla y León (o órgão de governo da região de Castela e Leão, Espanha), o INEM, o Conselho Provincial de Soria, ADEMA, Cervejas San Miguel, Caja Rural, Santana Motor, Fasa Renault, Monte Pinos, La Hogera, Tejedor e as cámaras municipais de Medinaceli e Miño de Medina (Soria).


Investigação científica e divulgação de resultados


Os resultados científicos do projeto não só se concretizaram em publicações especializadas, mas também em atividades de divulgação destinadas a todos os públicos. Uma das descobertas mais chamativas das feitas no vale do Ambrona foi a dos restos que creditaram, após um estudo adequado, que lá era produzida a cerveja mais antiga da Europa, há uns 4400 anos. Essa descoberta levou à preparação de um documentário científico, A cerveja mais antiga da Europa, pela Universidade de Valladolid e a empresa cervejeira San Miguel, do qual foram feitas 50 000 cópias em DVD em 2004.


Mais recentemente, em 2012, o Museu Numantino de Soria abriu ao público uma nova sala dentro da sua exposição permanente dedicada às pesquisas no vale de Ambrona entre 1995 e 2011. Expõe-se lá o estudo desenvolvido em torno da introdução da agricultura e pecuária na economia do interior peninsular, através de um intenso trabalho de prospeção realizado em uma estreita faixa de terreno de uns 15 quilómetros de comprimento por 1,5 de largura, onde se localizaram 107 estações pré-históricas de diferentes épocas, entre as que destaca um importante conjunto de povoamentos ao ar livre do Neolítico Antigo (11 exemplos) e uma trintena de estruturas tubulares com sepulturas coletivas.


A investigação no vale de Ambrona também teve seu lugar no espaço televisivo, com dois documentários emitidos no programa La aventura del saber (“A aventura do conhecimento”) da Televisão Espanhola (TVE).


Projetos regionais e nacionais


Para além de Ambrona, o Instituto de Promoção Cultural ‘Arcadia’ tem desenvolvido todo o tipo de projetos de investigação e divulgação do património, tanto a nível regional, como musealizar o castelo de Coca (Segovia) ou o projeto do Centro de Interpretação da Vida Rural na Santa Espina (um mosteiro de Valladolid); quanto a nível nacional: escavações nas ilhas Chafarinas ou projetos do Plano Nacional Los Caminos de Neolítico (“Os caminhos do Neolítico”), ao longo do vale do rio Ebro.


A atual situação económica influiu no volume de projetos de Arcadia, que durante os anos de mais atividade “reinvestiu todo o excedente económico em investigação”, afirma Manuel Rojo Guerra. Deste modo, o instituto tem agora um projeto em curso em colaboração com o Governo de Navarra no sítio de Los Cascajos, um habitat ao ar livre cuja parte mais importante é do Neolítico Antigo e do Neolítico Médio, mas também tem ocupações do Calcolítico, da Idade do Bronze e da Idade do Ferro.


Neste sítio arqueológico têm realizado várias escavações de urgência ao ficar nas imediações de uma pedreira que ameaçava a sua integridade. O papel de Arcadia aqui consiste em enviar todos os documentos gerados nas diversas intervenções ―com um total de 21 análises diferentes―, coordenar a publicação dos resultados científicos e propor ações de conservação.


Também está em andamento a continuação do projeto Os caminhos do Neolítico, que irá analisar e documentar todo o material gerado desde 2009 nas escavações na caverna de Els Trocs, na região da alta alta Ribagorza (Huesca), um sítio neolítico de uns 7300 anos de antiguidade.