Alimentación España , Salamanca, Lunes, 11 de julio de 2011 a las 16:39

Bactérias tolerantes à salinidade podem favorecer a produção de feijão no Marrocos

Cientistas de Salamanca colaboram com a Universidade de Marrakesh por tratar-se de um cultivo de grande importância na zona

José Pichel Andrés/DICYT O feijão é um cultivo de grande importância econômica no Marrocos, mas a salinidade do solo limita sua produção. No entanto, o gênero de bactérias denominado Rhizobium, que é geralmente associado com as plantas leguminosas e favorece seu crescimento, ajuda estas plantas a fixar um nutriente muito importante, o nitrogênio. Com estas premissas, um projeto de pesquisa propõe-se a estudar as cepas autóctones destas bactérias para selecionar e caracterizar as mais tolerantes ao estresse salino, de modo que possam cumprir com sua função e ajudar no desenvolvimento da planta até mesmo em terrenos adversos.

 

Este trabalho é liderado pelo cientista Álvaro Peix Geldart, pesquisador do Instituto de Recursos Naturais e Agrobiologia de Salamanca (Irnasa, centro que pertence ao Conselho Superior de Investigações Científicas, CSIC), com a colaboração de outros pesquisadores da Universidade de Salamanca e da Universidade de Marrakesh. A Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), do Ministério de Assuntos Exteriores e Cooperação, foi responsável pelo financiamento.

 

“Esta zona possui solos muito salinos, o que prejudica a absorção de água por parte das plantas”, declarou o especialista a DiCYT. No entanto, neste tipo de terrenos secos e semi-áridos o cultivo do feijão (Phaseolus vulgaris) é um importante recurso e pode se sustentar graças ao bom aproveitamento dos escassos nutrientes do solo.

 

A presença de Rhizobium é fundamental para tanto, porque este gênero de bactérias presentes no solo estabelece uma relação simbiótica com a planta, já que é capaz de induzir a formação de nódulos na raiz, nos quais se dá a fixação biológica do nitrogênio, um nutriente imprescindível, por meio de uma enzima chamada nitrogenasa, que transforma o nitrogênio gasoso da atmosfera em nitrogênio assimilável para as plantas. Em outras palavras, estes microorganismos atuam como fertilizantes naturais.

 

Dentre este tipo de bactérias podem existir variedades genéticas que se comportam de forma distinta, de maneira que umas “nodulam” melhor que outras e, portanto, resultam mais favoráveis para o crescimento destas. Ademais, também podem ocorrer distintas condições ecológicas para que a simbiose entre as bactérias e os feijões seja mais ou menos eficaz. Desse modo, a pesquisa propõe explorar as possibilidades de melhorar este processo identificando as cepas com melhor comportamento e as condições mais favoráveis para a interação com as plantas.

 

Seleção de plantas

 

Por outro lado, o objetivo não se foca unicamente nas bactérias, mas os cientistas também analisam as distintas variedades locais de feijões existentes para tentar identificar as linhas que oferecem melhor rendimento, tanto diante da carência de fertilização nitrogenada, quanto em condições de alta salinidade e em associação com cepas de Rhizobium.

 

Uma vez completados os objetivos deste projeto de pesquisa no Marrocos, a intenção dos pesquisadores é ampliar os estudos realizados até o momento com os feijões a outras plantas, também de importância agronômica e leguminosas, como pode ser o caso das ervilhas e das favas.

 

Grupo internacional

 

A equipe de Álvaro Peix possui outros projetos de pesquisa dentro da mesma linha, com outros cientistas internacionais. Por exemplo, colabora com a Universidade Central da Venezuela na identificação e caracterização de novos microorganismos presentes nas selvas tropicais que podem ser aproveitados como fertilizantes naturais. Ademais, estuda a interação entre plantas leguminosas e microorganismos em colaboração com o prestigiado Scottish Crop Research Institute (SCRI) de Dundee, na Escócia (Reino Unido), uma pesquisa focada em um tipo de leguminosas brasileiras que atualmente encontra-se em perigo de extinção.


Os avanços neste campo são muito importantes, tanto para a agricultura, quanto para o meio ambiente, já que contribuem para eliminar a dependência dos fertilizantes químicos ao melhorar a nutrição dos vegetais, tornando-os prescindíveis. Isto tem importantes repercussões no futuro, pois as leis exigem cada vez mais a progressiva eliminação dos fertilizantes químicos, que contaminam o ambiente, e os agricultores precisam de alternativas que garantam um nível determinado de produção.

 

A equipe de pesquisa de Álvaro Peix faz parte do departamento de Desenvolvimento Sustentável de Sistemas Agroflorestais e Pecuários do Irnasa e está ligada à unidade associada da Universidade de Salamanca, com a qual partilha a maior parte das pesquisas.

 

Promotores de crescimento

 

Dentro das bactérias que interatuam com as plantas podem distinguir-se três grupos: as patogênicas, que implicam algum tipo de ameaça; as neutras, que não afetam as plantas ou das quais se desconhece que tipo de interação mantém com elas; e, finalmente, um grande grupo de rizobactérias que exerce um efeito positivo sobre o desenvolvimento vegetal, conhecidas como PGPR (plant growth-promoting rhizobacteria, isso é, que promovem o crescimento das plantas).

 

Dentro das PGPR distinguem-se três grupos, de acordo com o mecanismo que beneficia a planta. Em primeiro lugar, estão as que favorecem a absorção de água e nutrientes, como Rhizobium com as leguminosas e Frankia com actinorrizas. Neste grupo também estão as de vida livre que podem penetrar na planta, e as solubilizadoras ou mineralizadoras de fosfato, que ajudam a aproveitar este nutriente.

 

Em segundo lugar, outro grupo de bactérias é capaz de produzir hormônios de crescimento vegetal, de modo que, por exemplo, impulsionam o crescimento da raiz e esta pode captar mais nutrientes.

 

Finalmente, outras prevêem as doenças das plantas. São as produtoras de antibióticos e antifúngicos e também as que induzem uma resposta imune a patógenos, de maneira que, ainda que não sejam atacadas, têm pronta uma resposta defensiva.