Ciencias Sociales España , Salamanca, Jueves, 18 de abril de 2013 a las 17:22

“Ciência e filosofia são a mesma coisa”

Jesús Mosterín, reconhecido filósofo da Ciência, fala em Salamanca sobre seu último livro: ‘O reino dos animais’

JPA/DICYT Jesús Mosterín é um dos filósofos espanhóis com maior reconhecimento internacional por suas contribuições à Filosofia da Ciência, à Lógica, à Antropologia ou à história do pensamento. Mosterín participou no dia 16 de abril do ciclo de encontros ‘O pensador e a obra’ da Universidade de Salamanca. Sua publicação mais recente, ‘O reino dos animais’, aborda diversas disciplinas para oferecer uma visão mais completa e realista possível sobre uma parte da natureza que inclui o ser humano.

 

“Aristoteles escreveu mais sobre os animais do que sobre Lógica, Ética, Estética e Metafísica juntas. É um tema muito importante em si mesmo, e assim o é para nós por razões egoístas, porque somos animais”, afirma em declarações a DiCYT.

 

Mosterín, cuja trajetória está vinculada à Universidade de Barcelona e ao CSIC, descarta metáforas que afastam o homem do resto dos animais. “Não somos anjos caídos, nem máquinas: nascemos, comemos e morremos como animais, de modo que quando nos perguntamos o que são e como são os animais, estamos perguntando em 80% o que são e como são os homens”.

 

Assim, em seu livro fala do que são os seres e o que têm de peculiar os vivos, com os quais o ser humano estabelece uma relação diferente à que pode ter com as estrelas ou pedras, afirma. Uma vez definidos estes conceitos, pergunta-se em que consiste a “animalidade” e sobre temas mais concretos como a evolução ou o genoma, aproximando-se a questões científicas cada vez mais concretas.

 

“Na minha opinião, Ciência e Filosofia são a mesma coisa”, reivindica, apesar de que “há uma corrente filosófica pós-moderna que ignora tudo com respeito à Ciência e acredita que a Filosofia é algo muito diferente, uma espécie de conjunto de palavras. Do contrário, “a grande Filosofia”, que abarca Platão, Descartes, Kant ou Bertrand Russell, “sempre consistiu em tentar conhecer a realidade” e neste sentido coincide plenamente com os objetivos da atividade científica.

 

A única nuance seria que “se nos dedicamos a pesquisar um tema científico muito especializado e seu progresso, a essa atividade não poderíamos chamar Filosofia, mas quando nos ocupamos de questões científicas gerais, todo mundo está de acordo que Darwin o Einstein são grandes filósofos”. Em todos os casos, “a única Filosofia que nos interessa é a que coincide com a Ciência”, agrega.

 

Ocupar-se da atividade científica

 

Com estas premissas, “a Filosofia da Ciência é aquela parte da Ciência que não se ocupa dos outros objetivos, mas da atividade científica e seus resultados”. Por exemplo, “a Botânica se ocupa das plantas, mas uma pessoa, ao invés de interessar-se pelas plantas, pode se interessar pelos botânicos: como funcionam, como trabalham, como descrevem as novas espécies encontradas, quem reconhece quando se encontram novas espécies, como estão organizados entre si ou se as coisas que dizem parecem sensatas ou fantasiosas”.

 

Isto pode ser aplicado a todas as ciências porque “não é a mesma coisa estudar os astros, que os astrônomos, mas estes últimos não ficam de fora da Ciência e do método científico, que pode ser aplicado a qualquer coisa”, assegura.