Salud Brasil Campinas, São Paulo, Jueves, 05 de junio de 2014 a las 09:57

Cigarro eletrônico pode ser tão prejudicial quanto o de tabaco

Em estudos preliminares, cientistas testam a disposição do produto para câncer

Viviane Lucio/ComCiência/Labjor/Dicyt- O cigarro eletrônico possui substâncias danosas à saúde semelhantes às encontradas no cigarro convencional. Essa foi a conclusão apresentada por um grupo de cientistas no encontro anual da Associação Americana para Pesquisa do Câncer (AACR), em abril, em San Diego, Califórnia.


A pesquisa, que está em fase inicial, submeteu células imortalizadas dos brônquios com potencial cancerígeno à exposição do vapor do cigarro eletrônico com altas e baixas concentrações de nicotina. A nicotina é uma substância viciante do tabaco, porém não é uma forte candidata para iniciar um processo cancerígeno.

 

Após diversos testes, os cientistas observaram que as células dos brônquios expostas ao vapor do cigarro eletrônico apresentaram alterações genéticas semelhantes às expostas ao tabaco. No estudo, as células foram imortalizadas para que pudessem proliferar indefinidamente em laboratório. As células também foram alteradas geneticamente, para mimetizar as células encontradas nos fumantes e ex-fumantes, e que apresentam risco para o desenvolvimento de câncer. A baixa concentração de nicotina representa níveis médios encontrados no sangue de fumantes do cigarro eletrônico e não se revelou ofensiva às células. A alta concentração de nicotina foi escolhida para representar a exposição real das células dos fumantes.

 

A próxima etapa da avaliação dos pesquisadores será comparar alterações genéticas induzidas pelo cigarro eletrônico com alterações carcinogênicas já relatadas em ensaios clínicos. Os pesquisadores esperam identificar se essas alterações genéticas têm o potencial de transformar células do aparelho respiratório saudáveis em cancerígenas.

 

O cigarro eletrônico nasceu como uma opção mais saudável para o uso do cigarro convencional. O embrião deste dispositivo nasceu na década de 60, mas tomou forma em 2003 e foi lançado em 2004. O criador do produto é o chinês Hon Lik, que é fumante assumido e desenvolveu a marca de cigarros eletrônicos Ruyan. A grande promessa do dispositivo era a não combustão do tabaco e a consequente diminuição dos danos causados pelo fumo deste produto.

 

A preocupação das autoridades médicas e sanitárias é com o aumento no número de fumantes devido ao mito criado de que o cigarro eletrônico não é prejudicial, o que não seria comprovado cientificamente. Outra preocupação crescente das autoridades é com a glamourização que o cigarro eletrônico está adquirindo, principalmente perante o público jovem. Dessa forma, autoridades sanitárias de vários países temem que as campanhas feitas contra o cigarro tenham sido em vão.

 

Os Estados Unidos não possuem lei de regulamentação para produtos adicionais de tabaco, o cigarro eletrônico se enquadra neste grupo. De acordo com publicação feita pela AACR no último dia 24, o Food and Drug Administration (FDA), órgão americano que regulamenta alimentos e medicamentos, propôs uma nova regra para produtos derivados de tabaco. Além do cigarro eletrônico a regra abrange os charutos, cachimbo de tabaco, gel de nicotina e narguilé. Com a nova regra, a FDA poderá fazer e refazer pesquisas sobre o quanto os produtos são prejudiciais à saúde e impor restrições quanto à idade para o consumo destes.

 

Em 2009, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), proibiu a venda destes produtos no Brasil por não existir um teste que aprove a seguridade dos produtos. Porém, com a diminuição do preço do cigarro eletrônico, a venda vem crescendo consideravelmente por meio dos sites de importação que estão popularizando o dispositivo no Brasil.