Alimentación Panamá , Bocas del Toro, Jueves, 27 de noviembre de 2008 a las 12:00

Desaparece a 'Oophaga speciosa', uma espécie de rã endêmica que habitava no oeste do Panamá

Os pesquisadores consideram precipitado falar de extinção, se bem que a pequena rã vermelha brilhante não tornou a ser vista há vários anos

 Eva Aguilar/DICYT A Oophaga speciosa, uma espécie de rã endêmica que habitava áreas protegidas do oeste do Panamá, pode ter desaparecido para sempre da região, segundo revelaram, na semana passada, pesquisadores do Instituto Smithsoniano de Pesquisas Tropicais (STRI).

 

De acordo com Roberto Ibáñez, pesquisador associado do STRI e um dos cientistas que estudou a espécie, não se sabe com exatidão a data em que o ultimo espécime de Oophaga speciosa pisou as terras úmidas do Bosque Protetor Palo Seco (província de Bocas del Toro) e o Parque Internacional La Amistad (partilhado pela Costa Rica e Panamá). O pesquisador assinala que podem ser diversas as razões que levaram ao seu desaparecimento, entre as quais estão a captura descontrolada de indivíduos para o comércio de animais domésticos e a presença do fungo patogênico Batrachochytrium dendrobatidis na zona, fungo este responsável pela severa diminuição que sofreram as populações de anfíbios das matas tropicais na ultima década.

 

“Esta rã era de grande interesse para os colecionadores e para o comércio de animais domésticos. De fato, se sabe que em algumas ocasiões elas eram capturadas para exportação. Por isso se pensava que não eram abundantes”, explicou Ibañez a DiCYT. “Não obstante, entre 1996 e 1997, a pesquisadora Karen Lips [Southern Illinois University] presenciou a morte de outras espécies de rãs em Fortuna [província de Chiriquí]. Pelo que sabemos atualmente, o fungo patogênico chegou a este lugar aproximadamente em 1996”.

 

No ano de 2004, a Oophaga speciosa entrou na lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) porque os indivíduos observados ocupavam uma área menor a 5.000 quilômetros quadrados e estes se encontravam em menos de cinco lugares localizáveis, além de que seu habitat diminuía e se degradava. Um grupo de pesquisadores, entre os quais se encontrava Roberto Ibañez, recomendou maiores estudos sobre o estado das populações da espécie e informaram sobre a necessidade de uma legislação que controlasse o comércio destes anfíbios como animais domésticos.

 

Quatro anos mais tarde, a espécie conhecida vulgarmente como “esplêndida rã venenosa” não voltou a ser observada pelos pesquisadores que a continuam buscando, ainda que Ibañez considere cedo demais para se falar em extinção.

“É mais difícil demonstrar a ausência de alguma espécie em uma área que a sua presença. Talvez seja precipitado falar de extinção; mas quando a população de uma espécie cujos indivíduos se observam durante anos com certa freqüência se torna muito rara e não se vê durante vários anos, pode-se pensar que desapareceu. Existe sempre a possibilidade de que apareça algum indivíduo, que se descubra uma população isolada em algum lugar ou que se trate de uma flutuação populacional. Muitos desejamos que assim seja”, diz o pesquisador.


Mudanças nos ecossistemas aquáticos e terrestres

 

Ibañez destaca que se estão estudando as conseqüências do desaparecimento da Oophaga speciosa na zona que habitava e que o desaparecimento dos anfíbios causado pelo fungo patogênico já permitiu observar os efeitos que a ausência destes provoca nos ecossistemas.

 

“Devido aos hábitos dos anfíbios – muitos vivem parte da sua vida na água e outra parte em terra-, o seu desaparecimento provoca impacto sobre o ambiente aquático e terrestre. Foram sentidas mudanças nas comunidades de algas e de alguns insetos aquáticos, além de uma diminuição das espécies que se alimentam das rãs, como vários grupos de cobras”, explica Ibañez. “Também é sabido que algumas espécies de aves complementam as suas dietas com anfíbios quando escasseiam os insetos. Pelo que os efeitos incluem mudanças nas redes alimentares e no fluxo de energia tanto nos arroios tropicais como nos ecossistemas terrestres”.

 

O pesquisador do STRI confessa que para qualquer cientista é triste e ao mesmo tempo surpreendente que uma espécie que foi objeto de estudo desapareça em tão pouco tempo.

 

“Creio que os problemas que enfrentamos para a conservação das nossas espécies passaram a ser mais complexos. Já não se pretende somente proteger o habitat ou evitar que uma espécie seja superexplorada. Agora temos ameaças adicionais como as doenças, que não reconhecem os limites das áreas protegidas. Devemos ser mais eficientes na proteção da nossa diversidade, e capazes de responder rapidamente às mudanças de condições e ameaças em geral”, conclui Ibañez.