Alimentación España , Salamanca, Lunes, 03 de septiembre de 2012 a las 14:11

Duas cepas de bactérias aumentam a produção e qualidade de tomates e pimentões

Universidade de Salamanca publica na revista científica ‘Plos One’ um trabalho no qual foram utilizados microorganismos do gênero ‘Rhizobium’ como promotores do crescimento vegetal em plantas não leguminosas

José Pichel Andrés/DICYT A Universidade de Salamanca publicou um artigo na prestigiada revistas científica Plos One que representa um novo avanço na consecução de uma agricultura sustentável e viável graças à biotecnologia. O grupo de investigação reconhecido (GIR) ‘Interações Microorganismo Planta’ isolou duas cepas de bactérias do gênero Rhizobium que têm efeitos positivos sobre o crescimento e produção de tomate e pimentão, o que permitirá diminuir o uso de fertilizantes químicos no cultivo destes produtos.

 

Durante anos esta equipe de pesquisa dedicou-se a estudar a simbiose entre os microorganismos do gênero Rhizobium e as plantas leguminosas, que se estabelece através da formação de nódulos nas raízes destes vegetais e tem benefícios mútuos para plantas e bactérias. No entanto, está menos estudado o papel que pode ter este gênero de microoganismos em associação com plantas não leguminosas, como é o caso do tomate e do pimentão, conforme explicaram os pesquisadores em declarações a DiCYT.

 

A pesquisa publicada em Plos One demonstrou que duas cepas de Rhizobium isoladas de duas leguminosas, o trevo e o feijão, “apresentam uma boa atividade como promotoras do crescimento vegetal in vitro e que dão bons resultados na produção não apenas das plantas hospedeiras, mas também em tomates e pimentões”, comenta Encarnación Velázquez, pesquisadora que também participa como autora do artigo.

 

Definitivamente, a inoculação destas cepas consegue aumentar o desenvolvimento e produção das duas plantas. “No caso do pimentão, trata-se de um aumento muito significativo em quantidade, enquanto no caso do tomate aumenta-se sobretudo a qualidade”, afirma a cientista. Esta qualidade é estabelecida através de degustações e, de uma forma mais objetiva, através da medida de componentes como o potássio, o fósforo, o nitrogênio ou a presença de componentes fenólicos, substâncias que se associam com uma maior proteção a doenças cardíacas.

 

Os cientistas conhecem os mecanismos que provocam estes efeitos positivos para a planta. Por exemplo, estas duas cepas produzem fitohormônios e também aumentam na planta os níveis de Nitrogênio e Fósforo, “este último um nutriente muito importante, responsável pela qualidade organolépticas como o sabor e a cor”, indica Raúl Rivas, outro pesquisador da equipe. Ademais, uma delas também produz compostos sideróforos, que captam ferro e dificultam o crescimento de fundos e outros microorganismos patógenos para a planta.

 

Alternativa aos fertilizantes nitrogenados

 

O mais importante desta linha de pesquisa é que abre uma alternativa para praticar uma agricultura ecológica segura. “Não se adicionam fertilizantes nitrogenados aos cultivos ecológicos, mas esterco como adubo, o que poderia gerar problemas sanitários como a presença de cepas patogênicas de Escherichia coli, a bactéria que provocou a crise alimentar da Alemanha, que a princípio informou-se que procedia de pepinos importados da Espanha, mas que finalmente foi atribuída ao consumo de brotos de fenacho procedentes do Egito.

 

“Tentamos substituir a utilização massiva de abonos químicos por microorganismos benéficos que forneçam à planta os nutrientes que necessita”, indica Pedro Mateos, outro pesquisador da equipe. Estas cepas encontram-se na natureza, mas seus efeitos devem ser selecionados e estudados a fim de conseguir inoculantes seguros que possam ser aplicados em todos os tipos de cultivos. Neste caso, pesquisou-se em plantas leguminosas, mas o gênero Rhizobium é bem conhecido, sobretudo por suas interações com as leguminosas.

 

Ademais, trata-se de microorganismos amplamente estudado por este e outros grupos de pesquisa do mundo nas últimas décadas, de modo que está comprovada sua segurança. “Estamos falando de interações benéficas entre plantas e microorganismos que aportam às plantas substâncias que as fazem crescer melhor, nutrir-se melhor e defender-se de patógenos”, afirma Eustoquio Martínez, principal pesquisador do grupo.

 

A agricultura do futuro exige eliminar gradualmente o uso de fertilizantes químicos pela contaminação ambiental que provocam e porque consomem muitos recursos para sua fabricação. De fato, a normativa européia aposta por uma agricultura sustentável que somente poderá ser desenvolvida através da biotecnologia.