Ciencias Sociales España , Salamanca, Miércoles, 10 de octubre de 2012 a las 13:52

Empírika 2012

Artigo de opinião do reitor da Universidade de Salamanca, Daniel Hernández Ruipérez, com motivo da realização no Brasil da segunda edição da Feira Ibero-Americana da Ciência, Tecnologia e Inovação, a Empírika 2012

DICYT Um pesquisador é como um detetive que tenta, através das pistas que seu objeto de estudo lhe proporciona, concluir ou extrair uma solução válida, quase sempre a fim de convertê-la em uma lei geral que permita avançar em seus conhecimentos e aplicá-los com caráter universal.

 

Há poucas décadas atrás, este era um trabalho quase sempre solitário. Em muitos casos o pesquisador pensava e realizava experimentos sozinho, as vezes publicava seus resultados em livros ou artigos, mas em muitas ocasiões somente depois de sua morte estes viam a luz através de seus pupilos. Após o projeto “Manhattan”, e apesar de suas dúbias conotações, isso mudou e se começou a compreender que uma das chaves do progresso científico encontra-se no trabalho em equipe, na discussão com colegas e também na colaboração interdisciplinar e nas redes internacionais que permitem transferir conhecimento e avançar a grandes passos. Este esforço de internacionalização está na base de iniciativas que, como a Empírika, procuram potencializar as colaborações entre países para que os recursos destinados à pesquisa e desenvolvimento, sem dúvida escassos, sejam utilizados da maneira mais eficiente e resultem no benefício do maior número de pessoas.

 

A feira nasceu na Universidade de Salamanca no ano 2012, mas sua vocação é internacional, com especial enfoque Ibero-Americano, como não poderia deixar de ser, já que surgiu no seio da que se considera “alma mãe” das universidades daquele continente; uma Universidade que desde o século XVI divide com aquelas suas cartas fundacionais, originando assim o que seria o germe dos estudos universitários na América.

 

Desde então, o mundo mudou, os interesses dos países, suas alianças estratégicas, suas áreas de influência. No entanto, a Universidade de Salamanca se sentiu sempre próxima à Ibero-América e tentou manter esses estreitos laços ao compreender que a história e a cultura compartilhadas servem de estímulo para buscar o progresso e desenvolvimento mútuos.

 

Nossa relação próxima com o Brasil permite que este país acolha a segunda edição da Empírika, dando continuidade, assim, a um longo projeto que passará pela Colombia e o México, antes de voltar à Espanha, em 2028, para comemorar, de novo em Salamanca, o VIII Centenário da criação da Universidade, um aniversário em que queremos a participação de todos os Ibero-Americanos.

 

O Brasil se torna assim um protagonista, refletindo seu potencial científico e econômico que chamou a atenção de todo o mundo. Também chamou nossa atenção, mas isso não é novidade, já que há anos faz parte de nossa história. Uma história que permitiu cristalizar múltiplas e prolongadas ações, que vão desde ser a primeira Universidade de fora do Brasil a acolher o programa PROUNI internacional, à recente criação da Rede Salamanca de Universidades Brasileiras, que pretende ser um elo mais na construção do Espaço Ibero-Americano do Conhecimento; temos também importantes convênios de colaboração através de grupos de pesquisa conjuntos em tecnologia laser, câncer e neurociências, dentre outros. Toda esta relação intensa de cooperação realiza-se graças ao Centro Cultural Hispano-brasileiro da Universidade de Salamanca, que trabalha incansavelmente para estender pontes entre ambos países.

 

A Empírika pretende conectar países com base em seu potencial científico, e pretende fazê-lo através de seus cidadãos, porque para o desenvolvimento da ciência e sua consolidação entre as demandas cidadãs é imprescindível criar uma cultura científica que fomente as vocações científicas e a consciência social a fim de destinar fundos à Ciência e Tecnologia. Portanto, a divulgação é também uma tarefa inevitável, mais necessária do que nunca em tempos de crise, para garantir um futuro de prosperidade.

 

Iniciativas como as que serão realizadas na Empírika, que incluem a divulgação científica para todas as idades, além do desenvolvimento de ações como a Agenda Cidadã de Ciência e Inovação para Ibero-America ou a reunião do Cluster de divulgadores científicos da USAL, contribuirão, sem dúvidas, para que a tarefa dos cientistas tenha maior reconhecimento e a sociedade em geral entenda que os pesquisadores são servidores públicos com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Convido a todos a aproveitar esta festa cidadã, que aprendam e se divirtam, e que sejam conscientes de que somente apoiando a ciência conseguiremos um mundo melhor, mais sustentável e igualitário.

 

Também os convido a dar seguimento a esta iniciativa para que nos possamos ver novamente em Salamanca em seis anos para comemorar um aniversário conjunto, os primeiros oitocentos anos do sistema universitário Ibero-Americano.