Salud Brasil Campinas, São Paulo, Jueves, 22 de septiembre de 2011 a las 16:55
Saúde

Falha na comunicação entre médico e paciente pode afetar atendimento

Projeto busca melhorar a aprendizagem dos alunos de medicina e enfermagem para lidarem com situações de emergência em hospitais

Aline Naoe/ComCiência/Labjor/DICYT - Situações de emergência exigem de médicos e enfermeiros habilidades de comunicação, que vão desde se apresentar adequadamente ao paciente até esclarecer sua situação, explicar conceitos médicos, orientar sobre os procedimentos do hospital e as decisões em relação ao tratamento. Segundo uma pesquisa da Universidade de Tecnologia, em Sydney, em parceria com a Universidade de Melbourne, o negligenciamento dessas habilidades pode ter efeitos na saúde e segurança dos pacientes.

 

O projeto “Comunicação para a saúde em contextos de emergência” (CHEC, na sigla em inglês) reuniu pesquisadores de medicina, educação, linguística aplicada, entre outras áreas, buscando melhorar a aprendizagem dos alunos de medicina e enfermagem em situações de alta tensão, como ocorre nos departamentos de emergência dos hospitais. Embora já seja abordado nas universidades, identificou-se que o tema era tratado de maneira muito distante da realidade.

 

O estudo foi desenvolvido durante três anos e envolveu mais de mil horas de observações em departamentos de emergência na Austrália, além de gravações dos pacientes e entrevistas com funcionários. “Provavelmente em todos os países os departamentos de emergência são cheios, estressantes, ambientes barulhentos, com alta pressão sobre o tempo. Assim, os fatos de comunicação que mostramos na pesquisa provavelmente são relevantes em contextos além da Austrália”, afirma Robyn Woodward-Kron, uma das pesquisadoras líderes do projeto.

 

Segundo o relatório final do CHEC, publicado em agosto, a maioria dos pacientes, durante sua passagem pelos departamentos de emergência, são atendidos por entre cinco e 15 médicos, o que dificulta a compreensão sobre o papel de cada um em seu atendimento. Por meio da transcrição e avaliação dos diálogos entre médicos e pacientes evidenciou-se a importância de se estabelecer um relacionamento entre estes, equilibrando a comunicação clínica e a interpessoal.

 

Aprendizado interativo

A partir das constatações da pesquisa, o CHEC desenvolveu uma ferramenta para facilitar o aprendizado sobre comunicação em situações de emergência. O website apresenta simulações de situações comuns aos departamentos de emergência, oferecendo ao estudante a possibilidade de explorar cada etapa e decidir qual caminho tomar. Os cenários contam com a interpretação de atores nas situações de triagem, admissão, avaliação e tratamento dos pacientes. Na página, são descritas estratégias de comunicação, apresentando situações e exemplos de como se pode lidar com elas. Essas estratégias são divididas em duas categorias: a comunicação do conhecimento médico e a tomada de decisões, e o desenvolvimento da relação e empatia com o paciente.

 

“Estamos conduzindo uma avaliação sobre a usabilidade do site e sua eficácia. Esperamos também desenvolver uma avaliação que examine a mudança de comportamento em termos da competência comunicacional dos estudantes nas situações de emergência”, revela Woodward-Kron. Segundo a pesquisadora, já estão em andamento também trabalhos focados em linguagem, sobre o discurso dos estudantes de medicina e enfermagem.