Ciencias Sociales España , Salamanca, Jueves, 05 de enero de 2012 a las 14:15

Grande parte dos Espanhóis apóia os investimentos na ciência, apesar da crise

Instituto de Estudos da Ciência e Tecnologia da Universidade de Salamanca publicou um estudo por comunidades baseado em um grande questionário sobre percepção social da ciência e da tecnologia

José Pichel Andrés/DICYT Um pouco mais de 78% dos espanhóis é a favor de manter ou aumentar o investimento que o Governo Central realiza na ciência e tecnologia, inclusive quando se lembra aos entrevistados que o país atravessa uma grave crise econômica. Este dado procede de um estudo realizado pelo Instituto de Estudos da Ciência e Tecnologia (eCyT) da Universidade de Salamanca, presente no capítulo “A atitude global em favor das ciências nas comunidades autônomas”, inserido na publicação “Percepção Social da Ciência e Tecnologia de 2010” da Fundação Espanhola para a Ciência e Tecnologia (Fecyt).

 

Este livro abarca diferentes análises realizadas por especialistas a partir de uma ampla entrevista realizada pela Fecyt ao longo de 2010, com 7.744 cidadãos. Há significativas diferenças entre as comunidades autônomas, de modo que as menos propícias a manter ou aumentar o gasto são La Rioja (57%), Cantabria (68%) e Andaluzia (72%). Por outro lado, Extremadura (83%), Madri (84%) e Canarias (84%) são as que oferecem um maior apoio ao investimento em ciência e tecnologia, em igualdade de condições sociais. Castela e Leão situa-se em uma posição intermediária, ainda bastante favorável, com 80%. As diferenças são notáveis considerando-se que para confeccionar o questionário foram mais de 400 as entrevistas realizadas em cada comunidade autônoma, segundo dados do estudo coletados por DiCYT.

 

Do ponto de vista sociodemográfico, também se verificam diferenças importantes, inclusive sobre a atitude, positiva ou negativa, que se tem em favor da ciência conjuntamente. Assim, um homem de Madri licenciado manifesta-se com maior probabilidade a favor de que se mantenha ou se aumente o investimento na ciência e tecnologia, inclusive quando sua atitude pessoal em relação a esta matéria é negativa. Do contrário, uma mulher da Andaluzia sem estudos somente se posiciona a favor deste gasto publico quando sua atitude é muito favorável.

 

Os autores deste estudo, assinado por Kenneth Quiroz, Modesto Escobar e Miguel Ángel Quintanilla (diretor do eCyT), utilizaram o índice de Atitude Global à Ciência (AGC), uma ferramenta que pretende medir a situação da cultura científica por meio de análises de interesses pela ciência e tecnologia, o nível de informação nesta matéria e a avaliação global dos entrevistados. As perguntas referiam-se à ciência e tecnologia, e a questões afins como medicina e saúde, meio ambiente e ecologia, bem como a profissões relacionadas.

 

A atitude global à ciência na população espanhola é levemente positiva e aumentou desde 2004. A variável sociodemográfica que mais influencia é a acadêmica, já que ter estudos superiores ou meios influi positivamente e o contrário ocorre quando se carece deles. No entanto, outras variáveis sociais como a ideologia ou as crenças religiosas, que em 2004 apresentavam certas diferenças, não influem nessa última entrevista, realizada em 2010 e cujos primeiros dados, revelados no final de 2011, completam-se agora com a publicação destas análises detalhadas.

 

O artigo correlaciona também o aumento do esforço de financiamento da PD&I durante os últimos anos (porcentagem do PIB dedicada a este setor) com o aumento da ACG, o que representa um tipo de relação entre estas variáveis.

 

Internet

 

Do mesmo modo, o estudo relaciona a atitude perante a ciência com o uso da internet, partindo da idéia de que o índice AGC deve correlacionar positivamente esta prática de cultura tecnológica. Neste sentido, é significativo que entre 2004 e 2010 o número de pessoas que diz haver usado a internet no último mês tenha passado de 30 a 70%. No entanto, aqui as diferenças sociodemográficas são muito mais marcadas por dois extremos opostos: ser um jovem de Madri, licenciado e ateu representa ter acesso a internet no último mês quase com total certeza, enquanto é quase impossível que o tenha feito uma pessoa idosa sem estudos, católica praticante, que vive em Castela e Leão.

 

De outro lado, esta publicação editada pela Fecyt abarca também outro artigo do Instituto de Estudos da Ciência e Tecnologia da Universidade de Salamanca, assinado por Óscar Montañes e intitulado “A cultura científica: um marco conceitual de referência para a avaliação da percepção pública da ciência”. Neste capítulo analisa-se a noção de cultura científica e sua relação, precisamente, com os estudos que pretendem medir as opiniões dos cidadãos sobre ciência e tecnologia.