Ciencias Sociales España , Burgos, Lunes, 22 de abril de 2013 a las 13:07

Investiga-se a evolução genética do Íbex-ibérico a partir de restos fósseis

Trabalho foca-se na tese doutoral de Irene Ureña Herradón, que analisou 350 indivíduos diferentes de mais de 60 jazidas

CGP/DICYT O íbex-ibérico(Capra pyrenaica) é uma antiga espécie de bovídeo de montanha que atualmente habita somente a península Ibérica (principalmente as cordilheiras do leste, centro e sul). Nos últimos séculos sofreu a perda de duas de suas quatro subespécies, a última o Íbex-dos-pirenéus, cujo último exemplar foi encontrado morto no ano 2000. A taxinomia para esta espécie e de todo o gênero Capra representa um problema, já que se baseia principalmente em caracteres morfológicos, como os chifres ou o pêlo, que muitos autores sugerem que não são suficientes para definir uma espécie ou subespécie. Irene Ureña Herradón, membro da Equipe de Investigação de Atapuerca, tenta aportar um critério a mais para determinar a distância genética existente entre estas populações, o DNA conservado em restos fósseis do Íbex-ibérico.

 

Esta pesquisa é o foco de sua tese doutoral, orientada por Juan Luis Arsuaga, Cristina Valdiosera e Anders Götherström. “O objetivo é estudar a história paleogenética do Íbex-ibérico para poder responder a certas perguntas sobre como e quando entraram na península Ibérica, ou as relações entre suas populações e com outras espécies próximas”, explica no último número do Jornal de Atapuerca. 

 

Para tanto, é necessário trabalhar com o DNA antigo, isso é, “material genético que em algumas ocasiões se conserva nos fósseis se as condições ambientais da jazida são adequadas para evitar sua rápida degradação”. Este DNA apresenta uma série de peculiaridades: trata-se de material genético deteriorado em baixa concentração, muito fragmentado e com alterações químicas, motivo pelo qual “é fácil contaminar as amostras com DNA moderno”.

 

Para evitar esta situação, a pesquisadora realiza as extrações de DNA e todo o trabalho anterior à amplificação em um laboratório de DNA antigo, e segue estritos protocolos de esterilidade. “É um trabalho duro e, muitas vezes, frustrante, porque a informação genética obtida dos fósseis é muito baixa e pode acontecer que depois de muito trabalho de laboratório não se obtenha nada de informação. Mas quando se consegue, a informação genética de populações que viveram no passado pode aportar uma valiosa informação que permite saber como se relacionavam estas populações entre si, de donde procediam, ou fazer uma estimativa do número de indivíduos que possuíam”, detalha em palavras a DiCYT.

 

350 indivíduos de 60 jazidas

 

Com relação ao desenvolvimento deste trabalho, explica que, em primeiro lugar, “é necessário extrair uma quantidade de pó de osso do fóssil a partir da qual se extrai o DNA, que se amplifica posteriormente conforme o experimento desenhado e que parte do DNA que se pretende estudar”. A pesquisadora escolheu registros procedentes de diferentes localidades e cronologias da península Ibérica e da França, que no total somam mais de 350 indivíduos diferentes, de mais de 60 jazidas.

 

Em Atapuerca, desenvolve esta pesquisa na jazida de Portalón de Cueva Mayor, sob a direção de José Miguel Carretero, além da colaboração pontual do grupo de microfauna orientado por Gloria Cuenca. Ainda que talvez seja uma das jazidas menos conhecidas pelo grande público, o Portalón de Cueva Mayor “apresenta uma rica fonte de dados genéticos, especialmente quando comparado com os fósseis de outras jazidas, devido a sua extraordinária conservação”, agrega.

 

Após estudar Biologia na Universidade Complutense de Madri, Irene Ureña Herradón entrou em contato com as escavações de Atapuerca através de Juan Luis Arsuaga, seu professor de Paleontologia Humana. Anos depois passou a fazer parte do grupo de DNA antigo e iniciou sua tese doutoral. “Apesar de ter me especializado em DNA antigo, é muito importante conhecer bem o trabalho de campo do qual saem os fósseis, o funcionamento de uma escavação e a importância e riqueza do trabalho em equipe com especialistas de distintas especialidades, para entender a jazida de forma global e interpretá-la”, destaca. Durante este tempo recebeu uma bolsa do Ministério e, neste último ano, uma ajuda da Fundação Atapuerca para terminar sua pesquisa.