Salud España , Valladolid, Jueves, 02 de diciembre de 2010 a las 15:39

IOBA pesquisa sobre interrupção da vitreorretinopatia proliferativa

Trata-se da causa mais freqüente de fracasso da cirurgia reparadora do descolamento de retina, que afeta uma a cada 10.000 pessoas ao ano

Cristina G. Pedraz/DICYT Em aproximadamente 20% dos casos, a cirurgia associada ao descolamento de retina fracassa e é necessária a realização de uma nova intervenção. A causa mais freqüente deste fracasso é a vitreorretinopatia proliferativa (VRP), na qual formam-se dobras derivadas dos processos de cicatrização e fibrose. A solução para este problema é cirúrgica e consiste na realização de uma retinectomia: seccionar partes destas dobras antes de restabelecer a retina. Há cinco anos, o Grupo de Retina do Instituto de Oftalmobiologia Aplicada (IOBA) de Valladolid estuda as mudanças celulares produzidas no descolamento de retina e a vitreorretinopatia proliferativa, especificamente as interações entre as células de Müller e os macrófagos.

 

Este trabalho científico, cujos frutos dos últimos anos transformaram-se em publicações científicas em revistas de impacto e que centraliza a tese de doutorado do pesquisador do Grupo de Retina Iván Fernández Bueno, foi motivo do Seminário de Investigação celebrado ontem no IOBA, no que foram expostos os avanços mais recentes. O pesquisador explicou a DiCYT os diferentes passos dados neste estudo.

 

A retina humana está dividida em 10 camadas que se diferenciam em retina neural (onde se encontram os fotorreceptores e os neurônios) e epitélio pigmentar. Além disso, são nutridas através de duas vias: a artéria central da retina, que por seus múltiplos ramos nutrem as camadas mais internas, e a camada coriocapilar, responsável pela nutrição das camadas mais externas (fotorreceptores). Todos os segmentos externos dos fotorreceptores estão em contato físico com o epitélio pigmentar, que secreta diferentes fatores de crescimento que influenciam estas células.

 

Deste modo, quando ocorre descolamento de retina, o contato entre os fotorreceptores e o epitélio pigmentar é interrompido, perdendo nutrientes aportados pela camada coriocapilar e os fatores de crescimento do epitélio pigmentar. “Isso degenera o tecido retiniano, e é notável a perda em espessura, perda dos segmentos externos dos fotorreceptores, além de ocorrer redução no número de células retinianas por morte por apoptose, e grande desorganização de toda a estrutura do tecido retiniano”, detalha.

 

A cirurgia procura restabelecer o contato entre a retina e o epitélio pigmentar, uma solução que funciona em um alto número de casos. No entanto, em alguns outros, a retina volta a descolar-se e outra patologia pode aparecer: a vitreorretinopatia proliferativa.

 

Implicação das células da Glia na VRP

 

Entre 2004 e 2005, o IOBA estudou pedaços de dobras extraídos na retinectomia e observou que havia uma grande desorganização da retina, maior que nos descolamentos. Ademais, observou-se uma grande reatividade da proteína GFAP (sigla em inglês para Glial fibrillary acidic protein), encontrada basicamente nas células da estirpe glial, cuja função é sustentar, nutrir e manter o metabolismo retiniano. Como explica o especialista, o aumento na expressão desta proteína “ocorre devido a uma reação entre as células da Glia, principalmente as células de Müller, e os astrócitos, que sofrem hiperplasia, isto é, um aumento no número de células, e uma hipertrofia, um aumento no tamanho”.

 

Assim, a hipótese com a que trabalha o grupo defende que estas células influenciam a VRP. “Consideramos que a interação entre os macrófagos e as células de Müller é fundamental para que, após o descolamento da retina, ocorram estas mudanças que levam à VRP”, afirma Iván Fernández, quem realizou diferentes experimentos in vitro para comprovar esta hipótese, com a finalidade de encontrar um medicamento capaz de frear essa gliose reativa.

 

Neste sentido, prepararam um modelo organotípico de retina de porco, similar à humana, e avaliaram as mudanças espontâneas produzidas nas amostras entre 3, 6 e nove dias. Ademais, estudaram a proteína GFAP. “Ao longo do cultivo vimos como essa expressão da GFAP começa a aumentar e como finalmente chega a atravessar a membrana limitante externa e começa a se expandir pelo espaço subretiniano”, destaca.

 

Uma vez estabelecidas as mudanças espontâneas, foram realizados testes com os macrófagos. Foram extraídos leucócitos sanguíneos periféricos do sangue do porco e no cultivo comprovou-se que os monócitos diferenciavam-se morfologicamente em macrófagos. Também foi observada uma maior expressão da proteína GFAP. “Nos foi dada a pista de que os monócitos poderiam estar fazendo algo e utilizamos um novo método”, assinala o pesquisador. Para saber se eram ativos e secretavam TNF-alfa, realizou-se um co-cultivo diretamente com TNF-alfa de porco, uma vez que se sabe que em casos de VRP ocorre um aumento na síntese de TNF-alfa nos pacientes e existem medicamentos que podem bloquear a ação desta citoquina, como o adalimumab.

 

Em um novo cultivo, determinaram que não podiam interromper a expressão da GFAP, mas sim reduzi-la, o que evitaria o desenvolvimento de uma vitreorretinopatia proliferativa.

 

Futuro da pesquisa

 

O objetivo do Grupo é realizar o mesmo experimento na retina humana, um trabalho complicado dada a dificuldade de conseguir amostras. A idéia final, como relata o pesquisador, é que ao chegar um paciente com um descolamento de retina possa-se retirar uma amostra de sangue e introduzi-la em um chip para determinar sua predisposição a desenvolver VRP. Deste modo, em pacientes predispostos poderia ser usado um medicamento para frear essa progressão, como um anti TNF-alfa. Para tal, o Grupo de Retina está desenvolvendo diferentes estudos.