Ciencias Sociales España , Valladolid, Viernes, 03 de mayo de 2013 a las 12:09

“Museu da Ciência converte-se em referência de cultura científica na cidade”

Inés Rodríguez Hidalgo, diretora do Museu da Ciência de Valladolid, faz um balanço dos primeiros 10 anos de atividade

Cristina G. Pedraz/DICYT No dia 30 de abril faz uma década que as portas do Museu da Ciência de Valladolid foram abertas ao público, um novo espaço para a divulgação e o debate científico na cidade. Neste tempo os conteúdos expostos no Museu foram renovados e ampliados, e há dezenas de atividades educativas e de divulgação organizadas, apesar da conjuntura econômica dos últimos anos. Inés Rodríguez Hidalgo, diretora do Museu, faz um balanço destes primeiros dez anos de atividade e se mostra otimista com o futuro.

 

Pergunta: Hoje é o décimo aniversário da abertura do Museu. Que balanço pode ser feito, em linhas gerais, destes dez anos?

Resposta: Pessoalmente é um pouco difícil fazer um balanço de 10 anos quando só estive nos últimos quatro. Eu me incorporei a um Museu que já estava consolidado e que tinha ganhado um posto na vida cultural de Valladolid e de Castela e Leão. Já havia superado a difícil fase dos começos, nos quais há um continente magnífico e um conteúdo que precisa ser melhorado e incrementado. Encontrei-me com um projeto que era uma realidade e devia ser estimulado e melhorado. O balanço real é positivo. Neste dez anos recebemos mais de 920.000 visitas, exibimos 80 exposições temporais, 23 programas de Planetário, programando cerca de 140 atividades educativas e mais de 200 conferências e congressos. E tenho a sensação de que neste tempo o Museu é cada vez mais conhecido e apreciado, e que se converteu em uma referência de cultura científica na cidade.

 

P: Então vocês estão satisfeitos com o número de visitas recebidas?

R: De 2009 a 2011, que é o que eu conheço, houve um crescimento bastante grande no número de visitas, o que representa maiores ingressos e fez com que o projeto seja mais viável do ponto de vista da sustentabilidade econômica. No entanto, em 2012 experimentamos uma queda nas visitas especialmente nos últimos meses do ano. Esta queda ocorreu em todos os museus e salas de exposições da Fundação Municipal de Cultura e acreditamos que se deve, essencialmente, a que as pessoas priorizam outros gastos. Também está relacionado com o fato de que em 2012 fechamos uma hora antes todos os dias, e nos domingo de tarde, o que tivemos que fazer porque precisávamos reduzir o consumo. Por último, a sala grande de exposições temporais foi fechada por três meses em 2012 porque estávamos preparando uma exposição de produção própria sobre o carro elétrico, uma exposição guiada que limitou também o número de visitas. Contudo, somos otimistas porque com a exposição estrela que trouxemos para celebrar o décimo Aniversário, Senhores da Savana e outros animais selvagens, bem como com as demais atividade comemorativas, acredito que compensaremos a queda do ano passado.

 

P: Como estão sendo estes últimos anos de crise econômica para o Museu?

R: Com mais imaginação e criatividade, mais trabalho, porque se multiplica o tempo dedicado a pedir dinheiro e à idealização de atividades que não tenham custo, ou um custo mínimo. Com relação às exposições temporais, não podem ser modificadas com a freqüência de antes já que todas têm um custo mínimo de aluguel, transporte, montagem, seguro, painéis, publicidade, etc. Portanto, devem ser bem escolhidas, atrativas e ter maior tempo de duração. Isto não se dá a um custo zero, já que mudando mais vezes a freqüência de exposições, atrai-se a um publico maior, mas tudo deve ser avaliado.

 

P: Para comemorar o décimo Aniversário organizaram a exposição Senhores da Savana e outros animais selvagens. O que contém esta exposição?

R: Foi uma odisséia buscar uma exposição que pudesse ocupar uma sala de 800 metros quadrados e que fosse acessível em todos os aspectos. Há anos um membro da equipe esteve em Valdehuesa, um povoado da província de León na qual está o Museu da Fauna Selvagem com a coleção privada do doutor Eduardo Romero Nieto. Como acontece muitas vezes no mundo da caça, este começou a dissecar peças e, inclusive, trocar peças com outros caçadores da Espanha e de outras partes do mundo. São pessoas que também recebem animais que faleceram em zoológicos e que são doados, como é o caso do leão asiático que está nesta exposição de Valladolid e que morreu em um zoológico de Varsóvia. A exposição tem uma primeira área, mais acadêmica, sobre anatomia comparada, há 15 animais e 15 esqueletos e se propõe um jogo, adivinhar a que animal corresponde cada esqueleto. Depois se descreve o ecossistema da Savana e entra-se em um cenário com três territórios, um charco, uma área árida e uma área de debandada em forma de “Y” que atravessará os corredores da próxima Corrida da Ciência.

 

P: Ao chegar na direção do Museu em 2009, você manifestou seu interesse em convertê-lo em referência de divulgação científica na cidade. Antes afirmou que este objetivo foi conseguido.

R: O esforço neste anos focou-se em reivindicar o Museu da Ciência como um espaço muito vivo não apenas pelo que contém, mas pelo que faz e organiza. Este Museu já tinha uma tradição de atividades educativas muito importante que se manteve e potencializou-se na medida do possível, e tentamos estar presentes em temas atuais através de conferências, mesas redondas e eventos gratuitos que são importantes para que as pessoas o conheça e voltem logo. Outro esforço baseou-se em potencializar a exposição permanente, que é seu patrimônio. Por exemplo, o andar -1 do Museu, de 1.000 metros quadrados, é praticamente novo nestes quatro anos. A Sala da Energia, a Sala da Água, a exposição de Lagos do Estepe, a Química em cenário... apesar das dificuldades econômicas conseguimos arrecadar muitas colaborações.

 

P: Que disciplina científica ou que personagem você gostaria de trazer ao Museu em breve?

R: Eu sou física e gostaria que houvesse uma Sala da Física, o que é muito tradicional nos museus de ciência interativos e que acredito ser fundamental. Especialmente a física anterior a Newton, com alavancas, polias, uma ponte com chave, pêndulos... este tipo de módulos de grande formato muito interativos. Existe também outra coisa possível e muito provável na segunda metade do ano. Há um pesquisador que trabalha no Instituto dos Materiais de Asturias e no MIT (Instituto Tecnológico de Massachusetts, nos Estados Unidos), Amador Menéndez, em temas de Nanotecnologia. A perda da bateria dos celulares ocorre quase sempre por perda de calor sob a tela táctil e este pesquisador descobriu como é possível aproveitar este calor em forma de recarga da bateria. É um amigo da casa e esperamos que dê uma palestra assim que possa. Gostaríamos também de receber a Pedro Cárdaba.

 

P: Apesar da situação econômica, quais objetivos propõe-se a curto e médio prazo?

R: O primeiro é sobreviver. Nestes momentos é preciso fazer muito barulho e trabalhar para buscar coisas atrativas que criem notícias, que te façam estar presente nos meios e na vida da cidade. Também queremos manter o apoio das instituições e o carinho das pessoas. Daqui ao fim do ano há muitas coisas para fazer: o concurso de relatos, nomear aos embaixadores da Ciência, a jornada Aliados com a Ciência, uma maratona de planetário, um “baby planet”, o Dia e a Noite dos Museus, A Noite dos Pesquisadores, também estamos em um projeto europeu liderado pela Universidade de Girona e temos em projeto um ciclo de conferências de vários temas que se chamará provavelmente “terça-feira de outono com ciência”. Enquanto isso, continuamos trabalhando na programação de exposições, que é feita com muitos meses de antecedência. Agora precisamos colaborar mais com outros museus e instituições, ainda que antes já o fizéssemos, já que será a única forma de sobreviver adequadamente.