Ciencias Sociales México , México, Lunes, 08 de marzo de 2010 a las 13:46

No México a igualdade de gênero avançou, mas ainda não é suficiente: mulheres cientistas

É necessário criar condições para que as mulheres cientistas possam desenvolver-se como os homens: Herminia Pasantes

AG/AMC/DICYT Apesar de existir um avanço na incorporação de mulheres à produção científica no nosso país, este ainda não é suficiente porque as políticas governamentais de P&D não consideraram até agora as necessidades específicas das mulheres neste âmbito.

 

Um estudo realizado pela Academia Mexicana de Ciências (AMC), apresentado recentemente pela presidente deste organismo, Rosaura Ruiz Gutiérrez, na Reunião Anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência, revela que para melhorar o desenvolvimento científico e tecnológico do pais, devem ser tomadas medidas para remediar a sub-representatividade feminina e gerar um equilíbrio entre os sexos no âmbito da pesquisa.

 

É necessário, assinala, implementar políticas científicas, educativas e trabalhistas com perspectiva de gênero e planejar critérios acadêmicos, políticos e de financiamento inovadores que, levados à prática, garantam a igualdade entre homens e mulheres na atividade científica.

 

Indica que um reflexo da iniqüidade que se vive no México é o fato de que na própria AMC, que conta com pouco mais de 2 mil integrantes, somente 22,4% sejam do sexo feminino. Atualmente, as mulheres representam 13,86% dos 1.046 membros da Academia que pesquisam em ciências exatas; 25,82% dos 697 dedicados a ciências naturais e 40,24% entre aqueles que se dedicam às ciências sociais e humanidades.

 

Outras Academias do mundo, adverte, apresentam ainda maiores disparidades. Na Royal Society de Londres, de seus 1.327 membros, aproximadamente 5% são mulheres; a National Academy of Sciences dos Estados-Unidos conta com 2.006 membros dentre os quais somente 7% são mulheres; no Brasil, dos 649 integrantes de sua Academia de Ciências, 11,4% são mulheres; na Academia Chilena de Ciências, estas representam 10%; no Conselho de Ciência do Japão, 20,5%, e na Real Academia de Ciências Exatas, Físicas e Naturais da Espanha, 3,7%.

 

Isso tem a ver, certamente, com a taxa de acadêmicas em condições de dedicar-se à pesquisa científica. No Informe Comparativo Regional do Projeto Ibero-americano de Ciência, Tecnologia e Gênero da UNESCO (GENTEC-UNESCO) do ano 2004, mostra-se que, do total de graduados de doutorado, a porcentagem de mulheres que obtêm o grau de doutoras é maior.

 

Apesar disso, é menor o número de mulheres que incorporam-se como pesquisadoras nas diferentes áreas do conhecimento. Na Argentina, Brasil, Espanha e México, a média de doutoras é de aproximadamente 55,6%, mas trabalham em áreas de pesquisa mais ou menos 36,5%, sendo México o pais com a menor porcentagem de doutoras que trabalham no setor científico como pesquisadoras, aponta o trabalho da AMC.

 

Em entrevista, Soledad Loaeza Tovar, professora-pesquisadora de ciência política do Centro de Estudos Internacionais do Colégio do México, indicou que apesar de ter desempenhado suas atividades com liberdade no âmbito da pesquisa, sim experimentou restrições ao tentar subir a postos de direção, e assegurou que os argumentos que utilizam para desqualificar uma candidatura são dominados pela percepção de gênero, totalmente sexistas.

 

Lamentavelmente, considerou, isto está muito presente no âmbito das instituições universitárias e a única defesa possível que temos nós mulheres é o trabalho. “Devemos promover uma mudança de atitudes, reclamar e protestar cada vez que o argumento utilizado seja sexista e contrapor-lhe com outros que poderiam ser também sexistas, mas discriminatórios dos homens”, apontou.

 

No marco do Dia Internacional da Mulher, a também coordenadora da Olimpíada de História da AMC indicou que a presença de mulheres no âmbito universitário se multiplicou e existe um importante espaço de ação, o que sim há que festejar, ainda que não seja suficiente. “Destruir os preconceitos em torno das mulheres demora muito tempo”, sentenciou.

 

Todos os dias nós mulheres temos que confirmar que estamos onde estamos porque o merecemos, não porque recebemos algum favor, lamentou, e isso demonstra a insegurança e fragilidade da nossa posição. A carreira de uma mulher sempre é muito mais frágil, concluiu a pesquisadora.

 

Por sua parte, Herminia Pasantes Ordóñez, pesquisadora emérita do Instituto de Fisiologia Celular da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), afirmou que há 40 anos viveu a busca pela representação feminina em comitês nacionais e internacionais, o que foi favorável para seu desenvolvimento profissional.

 

No entanto, opinou que as mulheres devem ser tratadas de maneira igualitária em todos os âmbitos e se pronunciou contra a prática de outorgar-se prêmios exclusivos para as mulheres. Os prêmios de ciência devem ser para todos, de maneira igualitária, afirmou, mas sim deve-se ampliar o requisito da idade para a participação das mulheres que tenham filhos, indicou, pois são elas quem desempenham o duplo-papel, como mães e pesquisadoras.

 

A doutora em ciências naturais e membro da AMC reconheceu a necessidade de criar-se condições para que as mulheres na pesquisa possam desenvolver sua carreira como os homens, disponibilizando-lhes creches que adaptem-se as suas necessidades.

 

Por sua vez, María de los Ángeles Valdés Ramírez, pesquisadora da Escola Nacional de Ciências Biológicas do Instituto Politécnico Nacional (IPN), relatou que a agronomia, área na qual trabalha, é uma disciplina principalmente masculina. “Quando eu era jovem e queria estudar agronomia a Universidade Autônoma Chapingo era exclusiva para homens, felizmente as coisas mudaram”, lembrou.

 

A especialista em programas de recuperação da cobertura vegetal e membro da AMC, manifestou que as novas gerações devem ter presente que as mulheres são igualmente capazes de levar a cabo qualquer tarefa intelectual que realizam os homens e, inclusive, algumas tarefas físicas, como o trabalho de campo em agronomia.

 

Ao falar sobre o tema de sua especialidade, os estudos do solo, a pesquisadora reconhecida pelo Prêmio Nacional de Ciências e Artes 2008, disse que o campo mexicano exige com urgência a participação de pesquisadores que colaborem em sua reabilitação e opinou que as mulheres têm muito que contribuir a este respeito.

 

Rossana Arroyo Verástegui, do Centro de Pesquisa e Estudos Avançados do IPN, considerou que, em sua experiência, o problema que enfrentam principalmente as estudantes de doutorado consiste em que se encontram em uma etapa crítica de suas vidas, na qual têm que definir se casam-se e têm filhos.

 

Neste sentido, a pesquisadora membro da AMC disse que muitas mulheres enfrentam-se ao dilema de esperar terminar seus doutorado para casar-se e ter filhos ou esforçar-se por terminar seus estudos, ao mesmo tempo em que são mães e esposas.

 

Por outro lado, opinou que as instituições de pesquisa poderiam empreender ações para apoiar as mulheres cientistas, uma delas poderia ser a criação de estâncias para filhos de cientistas às quais poderiam acudir depois das aulas.

 

Finalmente, ao dirigir-se a toda a população feminina, destacou que as mulheres podem desempenhar suas atividades em todas as áreas igualmente ou “ inclusive ainda melhor que os homens, porque temos a capacidade de desempenhar múltiplas tarefas”, expressou.