Educación Portugal , Aveiro, Miércoles, 27 de mayo de 2015 a las 14:11
INESPO II

Novos recursos para aprender matemática

Investigação realizada na Universidade de Aveiro analisa as conexões entre a matemática e as ciências no espaço ‘Jardim da Ciência’

José Pichel Andrés/DICYT Investigadores da Universidade de Aveiro estudaram como melhorar a aprendizagem da matemática através de novos recursos didáticos que implementaram no Jardim da Ciência, um espaço de educação não formal que promove a cultura científica nas crianças. Além de promover o conhecimento da matemática, esta iniciativa serve para a formação de professores e para a realização de investigações sobre educação em ciências.

 

A investigadora Sofia Nogueira estuda os resultados destas inovações educacionais. “São atividades destinadas a serem desenvolvidas na sala de aula, antes e depois da visita, e no próprio Jardim da Ciência, durante a visita”, explica à DiCYT. Assim, a coleção Explorando o jardim da ciência compõe-se de um documento que contextualiza a visita, três guiões para os estudantes e outros três para o professor, focados nos circuitos temáticos deste espaço.

 

Assim, por exemplo, nas visitas ao Jardim da Ciência os alunos são convidados a resolver problemas relacionados com as espécies aquáticas no módulo ‘Aquário da nossa costa’. “Durante a visita, os alunos têm a oportunidade de responder a desafios matemáticos como estimar e calcular as dimensões do aquário”, comenta Sofia Nogueira.

 

No laboratório, as crianças podem tocar algumas das criaturas que o habitam, calcular o volume de um ouriço-do-mar ou adicionar a quantidade de sal necessária para um recipiente com água doce ter a concentração de sal adequada para uma enguia.

 

Após a visita, os estudantes podem selecionar novos habitantes para o aquário segundo certos critérios, tais como uma lista de espécies sugeridas, a compatibilidade entre elas e a sua adaptação às condições da água.

 

Este tipo de recursos didáticos é destinado principalmente a estudantes na faixa etária dos 10 anos de idade, mas também para os professores desses alunos e outros educadores que passam pelo Jardim da Ciência. Além disso, a ideia é que estas ferramentas educacionais “possam inspirar professores e monitores cientistas para criarem os seus próprios recursos”.

 

O objetivo é que as atividades permitam às crianças desenvolverem habilidades para resolver problemas e para comunicar matemática e, de facto, os responsáveis pela iniciativa salientam que os recursos didáticos estão a servir principalmente como uma ferramenta para transmitir esta matéria de uma forma diferente e eficaz, tal como eles verificaram na sua investigação.

 

Especificamente, realizaram um estudo com alunos do 4º ano do primeiro ciclo do Ensino Básico ―que têm cerca de 10 anos―, tanto na sala de aula como num contexto de educação não formal. A recolha de dados incluiu várias técnicas e instrumentos: observações e anotações, exercícios realizados pelos alunos, questionários antes e depois das atividades e das entrevistas. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo e estatística.

 

Promover a curiosidade científica

 

Um dos aspectos que salienta Sofia Nogueira são as conexões entre matemática e ciências físicas e naturais. Em uma das propostas dos recursos didáticos, os alunos são convidados a desenhar um periscópio usando espelhos e pacotes de leite. “Desta forma, eles precisam de utilizar as suas habilidades matemáticas para resolver problemas e as suas habilidades físicas, enquanto se incentiva a curiosidade pela ciência e a tecnologia”, assegura.

 

Na sua opinião, estes novos métodos de aprendizagem podem ajudar a resolver os problemas do ensino da matemática e das ciências. “Os nossos resultados indicam que usar estes recursos didáticos potencia habilidades essenciais para aprendizagem da matemática e da ciência. Além disso, embora não fosse o objetivo deste trabalho, temos evidências de que os alunos desenvolvem atitudes favoráveis para a ciência, como a persistência, a curiosidade ou o entusiasmo, e isto é interessante na medida em que a motivação pode melhorar a aprendizagem”, afirma a investigadora da Universidade de Aveiro.

 

De acordo com Sofia Nogueira, os próximos passos desta linha de investigação poderiam focar no desenvolvimento de recursos didáticos para melhorar as conexões entre a matemática e outras disciplinas. A formação de professores, educadores ou monitores cientistas que utilizam esses recursos seria outra interessante linha de ação, além do trabalho com estudantes de outras idades.

 

Referências bibliográficas 

 

• Nogueira, S., Rodrigues, A. V., & Vieira, R. (2014). Linking Science Garden to School and University: Teacher Training, Research and Dissemination. In M. F. M. Costa, P. Pombo, B. V. Dorrío (Eds.), Hands-on Science. Hands-on Science. Science Education with and for Society (pp. 338-345). Braga: Hands-on Science Network. ISBN: 978-989-98032-5-1. http://ria.ua.pt/handle/10773/13493


• Alchieri, E., Arbutavicius, G., Coelho, D., Galati, C., Nogueira, S., Valdmane, L., Volungeviciene, A. (2014). Designing open educational resources curriculum for virtual mobility  breaking walls. Vocational Education: Research and Reality, 25, 190-201. ISSN: 1392-6241


• Nogueira, S., Tenreiro-Vieira, C., & Cabrita, I. (2014). A promoção da capacidade de resolução de problemas através da articulação de contextos de educação formal e não formal de ciências. Revista Investigar em Educação, 1(1), 141-161. ISSN: 2183-1793. http://pages.ie.uminho.pt/inved/index.php/ie/article/view/10


• Torres, A. C., & Nogueira, S. (2013). Laboratório Aberto de Educação em Ciências e Jardim da Ciência – atividades desenvolvidas e sugestões para o futuro. Indagatio Didactica, 5(3), 176-194. ISSN: 1647-3582. http://revistas.ua.pt/index.php/ID/article/viewArticle/2531


• Nogueira, S., Tenreiro-Vieira, C., & Cabrita, I. (2009). Proposta didáctica no Jardim da Ciência e na sala de aula – conexões entre ciências e matemática através da resolução de problemas e de comunicação. Enseñanza de las Ciencias, Extra, 1811-1815. ISSN: 0212-4521.