Salud España , León, Viernes, 06 de junio de 2008 a las 12:00

O consumo em demasia de cannabis pode chegar a alterar morfologicamente o cérebro

Um estudo recente mostra mudanças físicas no hipocampo e na amígdala em consumidores de mais de dez anos

IGC/DICYT Um estudo publicado por pesquisadores australianos esta semana na revista Archives of General Psychiatry demonstrou pela primeira vez que o consumo demasiado de cannabis produzia alterações morfológicas do hipocampo e da amígdala, duas estruturas do cérebro. Este estudo “abre o campo de pesquisa para comprovar alterações nas funções cerebrais provocadas por estas mudanças”, segundo Rafael Maldonado, catedrático de Farmacologia da Universidade Pompeu Fabra. Maldonado é acessor da exposição Hablemos de drogas, uma iniciativa da Obra Social la Caixa para informar, com argumentos científicos, sobre estas substâncias.

O hipocampo está relacionado com as emoções e a memória, enquanto que a amígdala está com o medo e a agressão. Como comentou hoje a DiCYT Rafael Maldonado, “a diminuição no volume destas estruturas cerebrais importantes demonstra as alterações no cérebro” que pode ser produzido pelo consumo demasiado de cannabis, “e abre o campo de pesquisa para estudar as alterações funcionais”, para o qual se teria de correlacionar as alterações físicas às alterações de conduta. Por outro lado, o tipo de consumo dos indivíduos observados (16 pessoas com mais de 10 anos de consumo de pelo menos 5 ‘baseados’ diários) ”não é o padrão de consumo na Espanha”.

 

Para o catedrático de Farmacologia da Universidade Pompeu Fabra, "o organismo não faz distinção entre drogas legais e ilegais”, esta distinção supõe uma classificação administrativa. Assim, “as drogas mais utilizadas na Espanha são o tabaco e o álcool”. Um dos principais objetivos da exposição Hablemos de drogas, que começou hoje em León um percurso pelas principais cidades espanholas, é mostrar à população em geral os riscos que acarreta o consumo de qualquer tipo de droga, baseando-se para isso em informação científica, “sem nenhuma mensagem moral”.


Diferentes ações

 

A mostra apresenta os efeitos gerais produzidos pelas drogas, que “em geral todas atuam sobre os mesmos pontos, os centros de recompensa do cérebro, iniciando o processo de dependência”, argumentou Maldonado. Além do mais são incluídos os riscos específicos de cada substância (como o álcool prejudica o fígado ou o tabaco os pulmões, por exemplo), assim como outros aspetos relacionados com as drogas como o seu impacto social (estima-se que o álcool está por trás de 1 de cada 4 acidentes laborais na Espanha), a produção e distribuição ou a alteração no perfil dos consumidores.

 

“O consumo de drogas é uma decisão pessoal”, disse Maldonado. “O que se pretende aqui é oferecer informação para ajudar a decidir sobre se é conveniente assumir os riscos”. Esta exposição é o complemento do programa de prevenção do consumo de drogas da Obra Social la Caixa que foi apresentado hoje em León. Este programa conta com várias ações, relatou Joana Prats, responsável pela iniciativa: uma campanha de sensibilização para famílias com filhos pré-adolescentes (já que a idade de início ao consumo é cada vez menor); uma série de guias destinados a centros educativos e um programa dedicado aos médicos de família. Em total, o programa de la Caixa espera alcançar 57.000 médicos e 440.000 adolescentes.