Ciencia Portugal , Évora, Martes, 09 de abril de 2013 a las 12:14

Ouro de Portugal

Cientista da Universidade de Salamanca estuda as características geológicas do Maciço de Évora para atrair empresas interessadas em explorar seus recursos minerais

José Pichel Andrés/DICYT Os romanos exploraram muitas jazidas de ouro na península Ibérica e ainda existem vestígios desta atividade. A Universidade de Évora, do Sul de Portugal, trabalha atualmente na caracterização geológica do Maciço de Évora para estimar a quantidade de ouro que guarda e, assim, estudar suas possibilidades de exploração. Neste trabalho colabora um geólogo procedente da Universidade de Salamanca e é um exemplo de como criar expectativas de investimento no setor privado através do investimento público na pesquisa.

 

“Tanto em Portugal, quanto na Espanha, existem mineralizações de ouro em algumas regiões”, explica a DiCYT o pesquisador espanhol Rubén Díez Fernández, “para que uma empresa se interesse em investir dinheiro para explorar este e outros recursos minerais, há uma série de passos prévios e, dentre eles, está a realização de uma cartografia geológica adaptada às necessidades minerais e a caracterização e identificação das estruturas, como dobras e falhas”, indica.

 

O projeto pretende criar uma base de dados geológica interessante para que no futuro possa atrair outras empresas de mineração a realizar suas próprias pesquisas, ampliar a informação e obter resultados mais específicos. Assim, poderiam determinar se seria rentável explorar um determinado recurso, neste caso, o ouro. Atualmente uma companhia privada do Canadá (Colt Resources) iniciou a prospeção dos depósitos de ouro do Maciço de Évora. Os resultados obtidos a partir deste projeto poderão animar um aumento do investimento desta e de outras empresas na área a partir de um conhecimento geológico atualizado, motivado pelo setor público.

 

Estas atividades são realizadas com base no projeto de pesquisa ‘GOLD-Granitos, Orogênese, deformação a Largo prazo e Deposição de metais’ (PTDC/GEO-GEO/2446/2012), que conta exclusivamente com financiamento público do Governo de Portugal, através da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), sob a coordenação do professor Manuel Francisco Pereira da Universidade de Évora e pesquisador do Laboratório Associado Instituto Dom Luiz (Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa). A incorporação do pesquisador espanhol a este projeto foi possível graças a um programa de contratos pós-doutorais também financiado por esta fundação.

 

Atualmente “a idéia é criar uma série de expectativas para que seja identificada como área de interesse para obter benefícios econômicos”, ainda que este tipo de trabalho também relate benefícios sócio-culturais e acadêmicos, afirma o geólogo, que é o encarregado de realizar a cartografia geológica, análises estruturais e estudos geocronológicos que permitam saber a idade e a evolução tanto dos diferentes tipos de rocha existentes no ambiente do Maciço de Évora, quanto dos processos que conduziram à formação das mineralizações de interesse e às estruturas geológicas que as albergam.

 

Rentabilidade

 

“Os romanos encontraram quase todas as jazidas aflorantes na superfície, mas não podiam explorar todas, de modo que deixaram de lado aquelas que eram difíceis de explorar com suas técnicas. No entanto, com a tecnologia disponível e o preço atual do ouro no mercado, determinadas jazidas poderiam ser rentáveis”, explica Rubén Díez.

 

Com estes estudos é possível caracterizar as jazidas para determinar onde se encontra o ouro, como está distribuído e a que processos geológicos se associa. Esta informação é decisiva para avaliar a rentabilidade de qualquer tipo de jazida mineral com garantias, e constantemente requer a intervenção de pessoal científico altamente qualificado para sua determinação.

 

Por exemplo, uma parte do trabalho consiste em datar as rochas em que se encontra o metal preciso. Quando se identifica uma falha que possa concentrar o ouro, conhecer a idade dessa área ajuda a entender sua distribuição. Neste aspecto, os pesquisadores contam com a colaboração da Universidade da Flórida (Estados Unidos), em cujos laboratórios de geocronologia está sendo realizada a datação de algumas rochas.