Ciencia Brasil , Amazonas, Viernes, 23 de septiembre de 2011 a las 13:43

Pássaros tropicais da floresta amazônica reaparecem depois de considerados extintos

Pesquisa realizada durante 25 anos conclui que fragmentos de florestas secundárias fomentam a recolonização

Eva Aguilar/DICYT Aves que ficaram isoladas dentro de pedaços de floresta fragmentada desapareceram e voltaram a aparecer em um processo de aparente extinção e posterior recolonização cuja detecção foi possível graças a um estudo realizado a longo prazo Amazônia brasileira. Os resultados do estudo, publicados em junho na PLoS One, demonstram que parte da biodiversidade de uma floresta fragmentada pode ser recuperada se esta porção encontra-se dentro de uma área capaz de reconstituir sua vegetação, depois de explorada por atividades humanas.

 

Durante 25 anos os autores do estudo contaram as populações de pássaros em onze fragmentos de floresta que mediam entre 2,5 acres (10.117m2) e 250 acres (1.011,725m2) na selva próxima a Manaus, Brasil. A área estudada foi fragmentada em cumprimento a políticas estabelecidas pelas autoridades da área que fomentavam o uso da terra, principalmente para a pecuária, mas exigiam aos proprietários de terras que deixassem intacta uma porção da floresta.

 

A contagem das populações de pássaro começou antes de que se iniciasse o desmatamento e as sucessivas contagens foram repetidas em 1985, 1992, 2000 e 2007. Durante os primeiros anos após a invasão da floresta, espécies de aves desapareceram dentro de uma área específica.

 

De acordo com os pesquisadores, entre o momento em que os fragmentos de florestas foram criados e 2007, ano da última contagem, todos os pedações de florestas perderam espécies de aves. Os fragmentos mais grandes perderam até 10% de sua população original de pássaros, enquanto nos fragmentos mais pequenos cerca de 70% das aves acabaram desaparecendo.

 

Processo de recuperação: os pássaros voltam

 

Nos últimos anos a atividade agrícola na região diminuiu e as áreas nas quais fragmentos de floresta estão próximas a áreas de florestas maiores, começaram a recuperar-se. Em todas as contagens, os autores notaram que os fragmentos de floresta experimentaram períodos de extinção e colonização. No entanto, até as duas últimas contagens ambos processos atingiram um equilíbrio.

 

O processo de extinção começou com os pássaros abandonando a área ou se extinguindo. Agora, contudo, começam a recolonizá-la. Das 101 espécies recolhidas antes da deflorestação com as redes utilizadas pelos ornitólogos com fins científicos e desenhadas para evitar que os animais sofram algum dano, os pesquisadores encontraram 97 em pelo menos um fragmento de floresta em 2007.

 

“Muitas espécies foram extintas, mas outras vêm e vão” afirmou Philip Stouffer, da Universidade do Estado de Luisiana (Estados Unidos) e autor principal do estudo.

 

O projeto de pesquisa, realizado com a colaboração do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e do Instituto Smithsonian de Pesquisas Tropicais, unicamente considerou aves residentes na floresta amazônica, evitando incluir na contagem aquelas que vivem no dossel da floresta ou com padrões migratórios.

 

“Se estabelecemos um balanço entre as florestas abandonadas e as reflorestadas, em um período de 20 anos, os pássaros começarão a considerar os fragmentos como uma floresta contígua”, afirmou Stouffer, citado em um comunicado de Imprensa da National Science Foundation (Estados Unidos), organização que financiou o estudo.

 

“Ainda que um pequeno grupo de espécies seja extremamente vulnerável à fragmentação e seja possível prever que será extinto, o desenvolvimento de fragmentos de florestas secundárias fomenta a recolonização”, assegura o pesquisador.

 

Os pesquisadores concluem que um processo semelhante poderia ocorrer em outros ecossistemas, especialmente naqueles que mostram níveis de extinção inesperadamente baixos.