Alimentación España , Ávila, Martes, 12 de marzo de 2013 a las 11:21

Pesquisa-se vegetais e cogumelos silvestres comestíveis na comarca da Serra de Ávila

Os estudos, baseados em entrevistas e trabalho de campo, estão sendo desenvolvidos por um grupo de cientistas da Universidade Católica de Ávila

Cristina G. Pedraz/DICYT Um grupo de pesquisadores da Universidade Católica de Ávila (UCAV) trabalha na identificação dos vegetais e fungos silvestres comestíveis localizados na parte norte da Serra de Ávila. A coleta de vegetais e fungos comestíveis é uma prática tradicional em muitos povoados da comarca e de toda a província, e o objetivo dos pesquisadores é registrar todos os dados que foram transmitidos durante gerações de forma oral para que não se percam com o passar do tempo e o abandono dos povoados.

 

Conforme detalha à DiCYT o professor Pedro Manuel Díaz Fernández, estes estudos etnobotânicos foram iniciados em 2008 com merujes (Montia fontana), uma planta silvestre que cresce nas fontes e que costuma ser consumida em saladas. “Começamos trabalhando somente com esta espécie, e falando com as pessoas que as colhiam nos demos conta de que também colhiam outras como agrião ou cardo. Ficamos curiosos e decidimos ampliar o estudo a todos os tipos de alimentos silvestres, inclusive os fungos”, afirma.

 

Após realizar mais de 100 entrevistas e o trabalho de campo na comarca do Vale de Amblés, cujos resultados serão publicados em breve pela Prefeitura de Ávila, os pesquisadores começaram a analisar a Serra de Ávila e de La Moraña. Os primeiros dados foram apresentados em Madri durante o Congresso Nacional do Meio Ambiente (Conama). Este trabalho também se baseou em entrevistas e estudos das espécies in situ.

 

As entrevistas, conforme afirma Pedro Manuel Díaz, foram realizadas tanto com as pessoas que vivem na área do estudo, como com aquelas vinculadas à área por qualquer outro motivo e que estiveram em contato com ela. “Perguntamos quais plantas colhem na comarca e logo fazemos uma série de perguntas sobre cada uma, o nome comum, as épocas de colheita, as partes da planta comestíveis ou as técnicas de colheita. A segunda parte da entrevista se baseia em como são consumidas, normalmente no campo e cruas, ainda que também existam pessoas que as preparem de modo mais elaborado, como verduras para acompanhar guisados, tortas, licores ou marmeladas”, detalha.

 

Os resultados obtidos até o momento indicam que a planta mais popular é o fruto da amora silvestre. Dentre as verduras, a meruje. “Também existem algumas raras, como a “pata de perdiz”, uma erva comida em um povoado do extremo oriente do Vale de Amblés chamado Tornadizos. Não a encontramos nos livros e quando fizemos a comprovações em campo verificamos que se trata da Armeria arenaria, uma planta típica de áreas áridas que somente era consumida em povoados de Madri, nos quais se denominava “patas de cegonha”, relata.

 

O próximo objetivo, afirma Díaz, será completar a província de Ávila, “ampla e muito diversa”. “Agora estamos focados na Serra de Ávila e de La Moraña, que têm características geológicas e climáticas diferentes, e nas quais vimos coisas diferentes. Falta toda a área de Gredos e o sul de Ávila, que é riquíssimo, com uma população e tradição na coleta de plantas diferentes”, afirma. No entanto, agrega, “também estamos abrindo a pesquisa a outros pontos. Temos um estudante que está realizando este trabalho em Astúrias e outro que está fazendo doutorado na Colômbia”.

 

Outro desafio seria analisar o conteúdo alimentar das plantas. “Por exemplo, temos um estudante que está pesquisando o fruto da rosa selvagem, semelhante ao da rosa mosqueta utilizada na cosmética, e queremos saber se a partir dela é possível obter óleo”, afirma.

 

Importância dos estudos

 

Conforme afirma o pesquisador, estes estudos têm valor “por si próprios”, consistente em conhecer nossas raízes culturais, costumes e história. “Estas espécies precisam ser estudadas como qualquer outra manifestação cultural do presente ou do passado, e acreditamos que esta pesquisa poderá ter uma aplicação futura”, indica. “Se nos focamos nos cogumelos, há 40 anos as pessoas iam ao campo para coletá-los. Agora criou-se um negócio de turismo rural de gastronomia, pesquisa, inclusive a regulação do aproveitamento micológico, criou-se uma atividade econômica interessante em comarcas rurais de pouca atividade”, agrega.

 

Com as verduras “pode acontecer a mesma coisa, pelo menos com algumas como os cardos, os aspargos ou as merujes, que poderiam ser objeto de uma pesquisa mais aprofundada”. Na mesma linha, agrega, “também poderia ser uma maneira de buscar novos cultivos, a partir de plantas silvestres cultivadas que contribuam com a agricultura local, o que já aconteceu em alguns países”. O professor cita como exemplo a rúcula. “Até pouco tempo era uma planta silvestre. Em algumas áreas de Itália era cultivada pelos campesinos nas economias locais e era um cultivo marginal, até que alguém começou a vendê-la e agora todo mundo a consome. Inclusive a chamamos rúcula, que é o nome italiano, e não de “roqueta”, que seria o nome castelhano”, conclui.