Ciencias Sociales España , Salamanca, Jueves, 19 de abril de 2012 a las 17:21

Pressão por publicar em revistas científicas faz com que alguns cientistas recorram à fraude

Marta Valentim, pesquisadora da Universidade Estadual Paulista, do Brasil, ofereceu no dia 17 de abril uma conferência em Salamanca sobre irregularidades detectadas nos trabalhos científicos

EFB/DICYT  Plágios, falsificação de dados, resultados não contrastáveis ou estatísticas retocadas são algumas práticas ruins detectadas nas pesquisas científicas, materiais nos que se deveria primar pelo rigor. O motivo destas anomalias, conforme explicou no dia 17 de abril em Salamanca Marta Valentim, pesquisadora da gestão da informação, gestão do conhecimento e inteligência competitiva da Universidade Estadual Paulista, do Brasil, é a pressão por publicar a qual são submetido os pesquisadores. O remédio para isto é fomentar a ética entre os pesquisadores.

 

“Os cientistas geralmente precisam de uma grande quantidade de publicações por ano, e isto faz com que alguns recorram a publicar estudos nos quais a ética na pesquisa não é prioritária”, comentou Valentim em declarações a DiCYT alguns momentos antes de dar a conferência sobre este tema no Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca.

 

Para evitar que pesquisas incorretas seja publicadas, as revistas científicas possuem comitês editoriais que revisam os trabalhos, mas nem sempre identificam a fraude antes de serem publicadas. Na maioria das vezes, conforme explica Valentim, “detecta-se depois de editar. Os editores das revistas científicas precisam revisar os trabalhos com muito cuidado”, porque a imagem da publicação está em jogo.

 

Ainda que na conferência tenha comentado casos do Brasil e da Espanha, a pesquisadora ressaltou que se trata de um problema que acontece em todos os países. “Dentre as práticas pouco éticas mais comuns, os pesquisadores utilizam conteúdo que não são de sua autoria e, por algum motivo, não citam as fontes. Isto é o menos grave, mas existem casos extremos nos quais os autores inventam os dados”, indica.

 

“Não é possível mudar a situação se os que estão pesquisando não seguem uma ética de pesquisa e esta somente pode ser conquistada ensinando valores aos cientistas”, comentou. Os novos pesquisadores ocupariam um lugar principal para evitar que as práticas ruins continuem ocorrendo. O aproveitamento excessivo de um trabalho próprio, a divisão de uma publicação em várias ou o inchamento dos trabalhos também são considerados fraudes, ainda que menores diante da invenção de dados.

 

Marta Valentim estuda o impacto dos ambientes de trabalho, das estruturas das empresas e da comunicação entre diferentes setores na competição e inovação.