Projeto nacional otimiza os sistemas de isolamento térmico de edifícios

Cristina G. Pedraz/DICYT Nos anos 50 e 60 a Espanha viveu uma época de rápido crescimento populacional e de migração interna dos povoados aos núcleos urbanos. Isto motivou a construção de numerosos edifícios por todo o país, bairros completos com características semelhantes. Meio século depois, em muitas comunidades de vizinhos surge a necessidade de realizar reformas para melhorar o isolamento térmico e, assim, reduzir as contas de gás ou eletricidade. Para tanto, atualmente se utilizam os denominados Sistemas de Isolamento Térmico pelo Exterior, uma metodologia de trabalho que possui algumas deficiências.

Dentre elas está a necessidade de grande número de mão de obra, o que aumenta muito o custo da reabilitação. Neste contexto, o centro tecnológico Cartif de Valladolid participa em um projeto nacional co-financiado pelo Ministério de Economia e Competitividade (Mineco) através de fundos Feder e liderado pela empresa Dragados, cuja finalidade é otimizar as técnicas para revestir as fachadas e melhorar o isolamento térmico do edifício.

O projeto Sheriff, de três anos de duração, começou há um ano e possui um consórcio formado por Intecsa, Rockwool, Mapei, Empresa Municipal da Vivenda e Solo (EMVS) de Madri, Agência de l’Habitatge da Catalunha (AHC) e o Grupo ABIO da Universidade Politécnica de Madri.

Conforme detalham a DiCYT os pesquisadores da Cartif, José María Llamas e Fernando Gayubo, a iniciativa está baseada “em realizar uma revisão completa de toda metodologia tradicional de trabalho”. Esta metodologia possui uma parte básica, que é a instalação de painéis de isolamento, o que requer “muito trabalho prévio e, portanto, precisa de muita mão de obra”. “São edifícios antigos e estão em mal estado. Primeiro, é preciso igualar bem todas as superfícies, consolidá-las para que possam suportar o peso do painel; e depois instalar as placas de isolamento e adesivos sobre a superfície. Ademais, pretende-se que sejam técnicas não invasivas, para não alterar o edifício e tentar interromper o mínimo possível a vida normal dos vizinhos”, explicam.

Através do projeto, Cartif realizará uma melhoria na análise inicial do edifício. Até agora, antes de colocar os painéis de isolamento eram realizadas estimativas de forma “artesanal” e, na prática, os operários ajustavam as placas e tentavam resolver os problemas que surgiam. “Nosso objetivo é fazer uma medição completa do exterior do edifício através de um escaneamento laser 3D, o que proporciona planos muito detalhados e com precisão muito alta”, indicam os pesquisadores. Deste modo, “é possível vislumbrar os problemas antes que aconteçam”.

Do mesmo modo, prevê-se o desenvolvimento de um software para os painéis, “uma ferramenta que permita tomar o padrão dos painéis que serão instalados no edifício”. Com ela, seria possível “que os painéis viessem cortados de fábrica, adaptados à superfície do edifício, o que facilitaria muito a instalação”. Trata-se, portanto, de industrializar este trabalho, incluindo ademais “prendedores mecânicos nos painéis para que sua instalação seja muito mais rápida e manejável pelos trabalhadores, e que integrem todas as capas para que o que antes se fazia em quatro etapas de fabricação e montagem, possa ser feito em duas”, enfatizam.

Mostruários

Por outro lado, o projeto possui outras tarefas ou pacotes de trabalho, como a realização de estudos energéticos que atualmente “ou não são feitos, ou são feitos de forma básica”; melhorar as ferramentas de estudo da eficiência energética existente no edifício para logo melhorá-la; o desenho de janelas que acoplem os painéis; o próprio desenvolvimento de um tipo de painel multicapa que permita integrar os componentes que antes estavam isolados em um só, “o que permitirá um painel flexível que poderia ser adaptado ao edifício”. Neste sentido, o desenho de um painel deste tipo “pouparia a etapa de igualar a superfície do edifício, porque esse isolamento de baixa densidade absorve as irregularidades”, agregam.

A fim de testar estas melhoras, o projeto prevê a construção de vários mostruários no parque de moradias da Agência de l’Habitatge da Catalunha e da Empresa Municipal de Vivenda e Solo de Madri. No entanto, Cartif já realizou duas medidas tridimensionais na Ciudad de los Ángeles, no bairro Tetuán, em Madri, como testes preliminares ao desenvolvimento de suas ferramentas.