Ciencia España , Burgos, Martes, 17 de abril de 2012 a las 13:16

Rebaquisáurido encontrado em Burgos é catalogado como nova espécie, 'Demandasaurus darwini'

Estudo do Museo dos Dinossauros de Salas de los Infantes revela a conexão entre espécie africana e americana graças à colaboração com cientistas argentinos

José Pichel Andrés/DICYT Uma longa pesquisa baseada no trabalho realizado durante os últimos anos no Museo dos Dinossauros de Salas de los Infantes ofereceu novos dados sobre um dinossauro encontrado na jazida de Tenadas de los Vallejos II, entre as localidades de La Revilla e Ahedo de la Sierra, em Burgos. Os pesquisadores já determinaram há tempos que se tratava de um rebaquisáurido e agora estudaram suas características filogenéticas e paleobiogeográficas para realizar uma exaustiva descrição deste saurópode e lhe dar o nome de Demandasaurus darwini, isso é, “reptil da Serra da Demanda”, com um sobrenome em honra a Charles Darwin.

 

Fidel Torcida Fernández-Baldor, diretor do Museo de Salas, acabou de apresentar sua tese doutoral sobre este tema, aportando dados que permitem uma “descrição detalhada da espécie”, afirma em declarações a DiCYT. Ademais, a colaboração com cientistas internacionais confirmou que os parentes mais próximos do rebaquisáurido de Burgos são o Nigersaurus, da África e o Zapalasaurus, da América do Sul.

 

Concretamente os cientistas estiveram em contato com Leonardo Salgado, pesquisador da Universidade Nacional do Comahue (atualmente, na Universidade Nacional de Rio Negro), da Argentina, e viajaram até este país para comprovar in situ as características do dinossauro da América do Sul.

 

Assim, conseguiram “uma maior segurança sobre as relações filogenéticas” do Demandasaurus, que também provam a existência de uma conexão terrestre entre a África e a Europa na época do rebaquisáurido, há 125 milhões de anos, no Cretáceo Inferior (concretamente entre princípios do Barremiana e Aptiana).

 

Único em Laurasia

 

Nesta época existia um continente chamado Laurasia que estava formado pelas atuais Europa, Ásia e América do Norte, separado da África e da América do Sul (que juntas formavam o continente Gondwana) pelo mar de Tethys. No entanto, muitos dados apontam a uma possível conexão física entre ambos supercontinentes e a descoberta do Demandasaurus em Burgos ratifica esta idéia. Atualmente é a única espécie de rebaquisáurido descrita em Laurasia.

 

Os paleontólogos atuais, após analisar as características anatômicas dos restos encontrados, apóiam-se em programas informáticos em que se introduz as diferenças e semelhanças das espécies, de modo que o sistema as compara com as árvores filogenéticas e, desta forma, determina sem dúvidas as relações de parentesco. Neste caso, as particularidades observadas em ossos como as vértebras resultaram determinantes.

 

Nesta etapa da pesquisa os cientistas estão seguros de que os restos encontrados pertencem a apenas um indivíduo, apesar de que as peças encontradas nas campanhas realizadas de 2002 a 2004 superam 600. Concretamente, há fósseis em bom estado do crânio (dentário, pré-maxilares e dentes), da coluna vertebral (vértebras cervicais, dorsais e caudais), costelas, elementos de sua estrutura pélvica e um fêmur.

 

Precisamente o tamanho do fêmur, de mais de um metro, permitiu determinar que o dinossauro teria entre 10 e 12 metros. Ainda que a massa seja mais difícil de calcular, os cientistas estimam, principalmente a partir das vértebras, que superaria 10 toneladas. O rebaquisáurido era um dinossauro herbívoro parente, ademais, do famoso Diplodocus.

 

Nas pesquisas também participou a Universidade do País Vasco e a Universidade de Zaragoza através de José Ignacio Canudo, paleontólogo membro da equipe de pesquisa Aragosaurus, que foi diretor da tese de Fidel Torcida. Todas estas partes firmaram recentemente um artigo na revista científica Acta Palaeontologica Polonica no qual restou catalogada a nova espécie.

 

Localização privilegiada para o estudo dos dinossauros

 

Para completar a informação sobre o rebaquisáurido de Burgos, na jazida estudou-se o paleoambiente de sua época para saber mais dados sobre as características e a vida deste dinossauro, uma informação que pode ser constatada também com a de outras jazidas próximas. “O ambiente habitado pelo dinossauro era um rio de planície inundada periodicamente e que provavelmente possuia muita vegetação, de modo que tinha garantidas tanto a comida, quanto a água”, afirma Fidel torcida.

 

Esta área argilosa é especialmente propícia para encontrar restos ósseos, que afloram devido à erosão. Por isso a comarca de Salas de los Infantes possui 265 jazidas de fósseis e de pegadas, o que converte esta área da Serra da Demanda em uma localidade importante para os paleontólogos.

 

Neste sentido é essencial o trabalho que realiza o Museo do Dinossauros de Salas de los Infantes e a Fundação Dinossauros de Castela e Leão. “O Museo é uma instituição humilde e desenvolver esta atividade científica requer muito esforço”, afirma Fidel Torcida.