Ciencias Sociales Brasil Campinas, São Paulo, Miércoles, 17 de septiembre de 2014 a las 11:09

Revista em quadrinhos é objeto de estudos de zoólogos

Gibis são alvos de estudo e podem ser utilizados para aprendizado em sala de aula

Roberto Takata/ComCiência/Labjor/DICYT No lugar de caminhada no meio da floresta com redes e armadilhas, leitura minuciosa de páginas de gibi. Foi assim que os autores de A Zoologia de "Sete Soldados da Vitória": análise dos animais presentes na obra e sua possível utilização para fins didáticos coletaram seus dados para o estudo. Os pesquisadores fizeram o levantamento faunístico de “Sete soldados da vitória”, metassérie (conjunto de minisséries interligadas) em quadrinhos de Grant Morrison lançada em 2005 pela DC Comics e publicada no Brasil em 2007 pela Panini Comics.

 

Cerca de metade das personagens, entre super-heróis, vilões, humanos comuns e até bichos de estimação, representam ou são baseadas em animais. Destes, 63% pertencem ao filo dos cordados – que inclui os vertebrados como nós – e 37%, protostômios – grupo ao qual pertencem os insetos, as aranhas, minhocas e moluscos. Como notam os autores no artigo, a presença no nosso cotidiano parece ser o principal fator determinante na presença nos quadrinhos: mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes, insetos e aranhas predominam –, em contraste com o número de espécies conhecidas em cada grupo.

 

O trabalho, à primeira vista inusitado, faz parte da linha de pesquisa do grupo liderado pelo zoólogo Elidiomar Ribeiro da Silva, da Unirio, de facilitar o aprendizado de biologia com a inclusão de elementos da cultura pop, despertando, assim, o interesse dos alunos – uma das autoras do artigo, Tainá Ribeiro da Silva, é estudante do ensino médio. Ela é filha de Elidiomar, mas, mesmo havendo realizado outros trabalhos com o pai, esta foi sua primeira experiência na classificação de organismos. “Certamente me ajudou a ter uma noção mais ampla do assunto”, contou por email Tainá, ávida leitora de quadrinhos e fã de Batman.

 

“Mesmo informações zoologicamente incorretas podem ser exploradas em sala de aula, com os devidos ajustes e correções”, escrevem os autores no artigo. Por exemplo, o desenho de uma “cabeça” de aranha em um dos quadros pode ser usado como gancho para falar da morfologia dos aracnídeos: em que não há uma cabeça e um tórax separados como em insetos, mas formam uma única estrutura fundida em um cefalotórax. As incorreções podem também ser base para atividades do tipo “encontre o erro”.

 

Sete soldados da vitória

 

Cada uma das sete minisséries que compõem a obra gira em torno de um super-herói e pode ser lida de modo independente. Porém, um fio condutor une as histórias que convergem para a batalha final na qual os heróis salvam a humanidade de uma raça de seres vinda do futuro, os sheedas, e que controlam insetos e aranhas, utilizando-os como armas e montarias.