Tecnología España , Salamanca, Viernes, 10 de septiembre de 2010 a las 11:37

Substância extraída da giesta e de outros vegetais serve para depurar águas e realizar analises clínicas

A peroxidase pode agregar valor a resíduos agrícolas e plantas silvestres de Castilla y León

José Pichel Andrés/DICYT A peroxidase é uma das enzimas mais amplamente distribuídas no reino vegetal e contribui à realização de importantes processos fisiológicos de plantas, como a formação da parede celular ou a proteção contra microorganismos patogênicos. Ademais, companhias internacionais a aplica como biocatalizador em análises clínicas e serve inclusive para o tratamento de águas contaminadas juntamente a outros compostos. No entanto, as peroxidases comercializadas procedem do rabanete, uma espécie que não é cultivada na Espanha e que no exterior se utiliza exclusivamente para este fim. Por isso, a equipe de pesquisa de Manuel García Roig, cientista do Departamento de Química Física da Universidade de Salamanca e do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Água (Cidta) da instituição acadêmica, propôs-se já há tempos a rastrear a presença destas enzimas em outros vegetais.

 

Esta linha de pesquisa levou a uma colaboração com a Universidade Industrial de Santander (Colômbia) porque as folhas das palmeiras tropicais eram ricas nesta substância. Contudo, seu objetivo passou a ser encontrá-la ativa dentro da biodiversidade de Castilla y León, de modo que nos últimos anos analisou resíduos de espécies agrícolas e ornamentais, bem como plantas silvestres. “Nos interessamos pelos resíduos porque dentro das culturas autóctones não tinha sentido matar a planta somente para obter folhas e, destas, a peroxidase”, sinaliza.

 

Por isso, seu objeto de estudo foi resíduos como grama e plantas deixadas para traz nas colheitas, uma vez retirado seu fruto, como é o caso das ervilhas ou da lentinha da Armuña. Precisamente este último vegetal ofereceu uma elevada atividade em relação às peroxidases e bons resultados ao substituir estas pela peroxidase comercial de rabanete nas análises clínicas de rotina (colesterol, triglicerídeos ou glicose, por exemplo) em uma colaboração estabelecida com o centro de análises Labot de Salamanca.

 

Aproveitar a giesta-branca

 

No entanto, os cientistas dedicam atenção agora ao arbusto silvestre conhecido como giesta-branca (Cytisus multiflorus), abundante e endêmico na Comunidade Autônoma, de maneira que um novo projeto financiado pela Justa de Castilla y León vai extrair, isolar e caracterizar uma peroxidase não descrita até o momento, a dos caules e folhas desta espécie.

 

Além desta investigação básica, o objetivo do projeto é dar uma aplicação concreta à peroxidase da giesta, a fim de que atue como biocatalizador no processo de eliminação de metais em águas ácidas de minas de Castilla y León, no qual intervirão também polifenóis (outra substância química presente nos vegetais) procedentes de resíduos da indústria vinícola e de azeite.

 

A hipótese é que ao unir águas contaminadas por metais com outras que contém polifenóis e agregar-lhes a peroxidase, serão produzidas uma série de fenômenos químicos capazes de limpá-las. “Os polifenóis se unem aos metais e formam complexos que, com o efeito da peroxidase, formam uma grande molécula que se precipita no fundo e deixa acima a água limpa que pode ser reutilizada”, afirma o especialista. Definitivamente, a idéia é agregar valor a uma espécie sem utilidade e até incômoda para agricultores e pecuaristas, como a giesta.

 

A possibilidade de competir

 

Ainda que neste momento o projeto seja experimental, a largo prazo os resultados poderão ter importantes repercussões. A peroxidase empregada nos laboratórios procede do rabanete, uma espécie não cultivada na Espanha. Se os pesquisadores conseguirem demonstrar que a procedente da giesta-branca oferece bons resultados, poderão abrir uma importante via de negócio, mas desde já sua comercialização requer um estudo econômico para determinar se implementar o projeto em escala industrial traria como resultado um produto capaz de competir com a peroxidase já estabelecida.

 

Para atingir este objetivo, a equipe de pesquisa liderada por Manuel García Roig conta com outros especialistas de diversos departamentos da Universidade de Salamanca: María Belén Fernández Santos, Valery Shnyrov, Cándido García de María, Teresa Manzano Muñoz (Cidta) e vários doutorandos e graduandos. Ademais, tem a colaboração de outros pesquisadores nacionais e internacionais, como Juan José Calvete (cientista do CSIC em Valencia), Alfono Ros Barceló (Universidade de Murcia), Francisco Gavilanes (Universidade Complutense de Madri) e Igor Polikarpov (Universidade de São Paulo, Brasil), entre outros.