Salud España , Salamanca, Martes, 13 de septiembre de 2011 a las 15:19

Transplante de medula 贸ssea produz melhoras em ratos com ataxia

Instituto de Neuroci锚ncias de Castela e Le茫o (Incyl) pesquisa uma doen莽a que afeta os movimentos

José Pichel Andrés/DICYT Cientistas do Instituto de Neurociências de Castela e Leão (Incyl) da Universidade de Salamanca trabalham com ratos modificados geneticamente que sofrem ataxia cerebelosa, doença que tanto nos animais como nos seres humanos impede o controle adequado dos movimentos. Sua linha de pesquisa foca-se em provar os efeitos de transplantar a medula óssea de roedores sadios a doentes e os resultados indicam algumas funções são recuperadas, ainda que seja necessário continuar pesquisando porque os cientistas ainda desconhecem os mecanismos pelos quais isso ocorre.

 

O modelo de rato utilizado nesta pesquisa denomina-se Purkinje Cell Degeneration (PCD) e caracteriza-se pela degeneração das células de Purkinje, um tipo de neurônio que participa no controle de movimentos rotineiros já aprendidos e automatizados, como os que homem faz ao andar, escrever ou dirigir. Trata-se de funções localizadas no cerebelo e é por isso que com a morte destas células surge a patologia conhecida como ataxia cerebelosa, de acordo com explicações de Eduardo Weruaga a DiCYT, pesquisador do Incyl.

 

No caso dos ratos modificados, nos quais falta o gene Nna1, as células de Purkinje começam a desaparecer quando o animal já tem entre 30 e 50 dias de vida. “Não se conhece bem a função deste gene, mas sua falta produz uma reorganização do núcleo das células e defeitos na reparação do DNA, de maneira que os neurônios carregam muitos defeitos e morrem”, comenta o cientista. Nos roedores a perda das células de Purkinje traduz-se em dificuldade para andar, tremores, quedas, impossibilidade de ficar em pé e perda de peso. Finalmente, estes animais acabam morrendo muito antes dos roedores sadios.

 

A hipótese dos pesquisadores do Incyl é a de que o transplante de medula óssea pode ter efeitos sobre a ataxia cerebelosa neste modelo de rato CPD. “Desde os anos 90 sabemos que de forma natural algumas células da medula óssea viajam até o cérebro e formam neurônios e glia”, indica Weruaga, ainda que reconheça que este fato científico é pouco conhecido, já que a partir da medula óssea normalmente se formam células sanguíneas, por isso transplanta-se a medula óssea em casos de câncer hematopoiéticos. No entanto, também algumas destas células vão para o fígado, aos músculos e ao cérebro, ainda que muito poucas.

 

Até agora não se sabia se estas células da medula óssea iam para o cérebro e diferenciavam-se ali, convertendo-se em neurônios, ou se fusionavam-se com células existentes. “Nós descobrimos que dependendo da área do cérebro a que se dirigem, em alguns lugares se diferenciam e em outros se fusionam. No cerebelo se fusionam com as células de Purkinje, formando células com dois núcleos, enquanto no bulbo olfatório se diferenciam”, afirma o cientista.

 

A pergunta feita pelo grupo de pesquisa consistia em se o transplante de medula óssea poderia recuperar as células de Purkinje e restaurar as funções que os ratos com ataxia perdem. Para sabê-lo, mede-se os movimentos dos roedores em laboratório como método para diagnosticar a ataxia e, posteriormente, para controlar os efeitos de possíveis tratamentos.

 

Uma destas provas é a analise da sola do pé, que consiste em colocar tinta nos pés do ratos para analisar como pisam. As provas de velocidade nos deslocamentos constituem outro aspecto chave, já que um animal com ataxia demora muito para percorrer curtas distâncias. Outros testes medem de forma parecida os aspectos psicomotores e permitem aos pesquisadores deduzir até que ponto as funções motoras dos ratos estão prejudicadas ou não, comparando-se animais sadios, animais doentes e animais que receberam o transplante de medula óssea.

 

Recuperação parcial

 

Os resultados indicam que existe uma “melhora significativa” após os transplantes. “A medula óssea sadia recupera certa parte da funcionalidade do cérebro”, afirma o pesquisador. No entanto, “os ratos não atingem velocidades originais, apresentam uma marcha intermediária entre um rato sadio e um rato doente e carecem de coordenação em alguns movimentos, de modo que não estão completamente curados”, revela.

 

Ademais, outro aspecto relevante é que “não vimos uma recuperação das células de Purkinje, de modo que a pergunta que fazemos agora é como atua o transplante para que o rato recupere o funcionamento do cerebelo”, indica Weruaga.

 

Melhorar os transplantes

 

De fato, um dos desafios do grupo de pesquisa para o futuro imediato é melhorar os transplantes. “Até agora transplantamos todo tipo de células da medula óssea, não fazemos distinção entre linhas hematopoiéticas”, afirma. Por isso, em colaboração com o serviço de hematologia do Hospital Universitário de Salamanca, os pesquisadores do Incyl propõem “separar tipos de células e implementá-los de maneiras distintas para obter melhores resultados, tanto do ponto de vista histológico como funcional”.

 

Estudar o número de transplantes de medula necessários para uma melhor recuperação das funções motoras ou medir outros parâmetros, como a massa muscular ou a perda de olfato nos ratos são outros aspectos que os especialistas estão desenvolvendo ou se propõem a pesquisar.

 

Este grupo do Incyl, coordenado por José Ramón Alonso, trabalha há vários anos nesta linha com a colaboração da Universidade de Cantábria (doutores Lafarga e Berciano), o Instituto Pasteur de Paris (Lledo) e o Centro Andaluz de Biologia Molecular e Medicina Regenerativa, Cabimer, de Sevilha (Álvarez-Dolado). De parte do Incyl, algumas das últimas publicações em revistas cientificas estão assinadas por Eduardo Weruaga, David Díaz e Fernando Baltanás.