Alimentación España , Salamanca, Miércoles, 18 de diciembre de 2013 a las 10:10

Vírus para combater um fungo muito agressivo para a agricultura

O Centro Hispano-luso de Pesquisas Agrárias (CIALE) e a Universidade Politécnica de Madri (UPM) colaboram na luta contra um agente patogênico que afeta a videira em Castela e Leão

JPA/DICYT Pesquisadores do Centro Hispano-luso de Pesquisas Agrárias (CIALE) da Universidade de Salamanca e da Universidade Politécnica de Madri (UPM) colaboram no estudo do fungo Botrytis cinerea, um agente patogênico muito daninho que se alimenta de diversos cultivos agrícolas, como a videira. Atualmente, está sendo pesquisada a possibilidade de lutar contra este fungo através de vírus que reduzam sua agressividade.

María Ángeles Ayllón Talavera, pesquisadora da UPM, visitou hoje o CIALE e ofereceu uma conferência sobre os estudos realizados por sua equipe. Em declarações à DiCYT, explicou que Botrytis cinerea é um dos fungos mais importantes para os cientistas de todo o mundo, porque afeta cerca de 200 culturas. “É um fungo necrotrófico, isso é, que destrói os tecidos vegetais para alimentar-se deles. Quando um cultivo está infectado, avança rapidamente e produz perdas muito importantes, tanto no campo quanto em armazéns após a colheita”, agrega.

Em Castela e Leão representa uma ameaça para a videira, de modo que é objeto de estudo do grupo de pesquisa de Ernesto Pérez Benito, cientista do CIALE, que colabora com a UPM há três anos. “Foram disponibilizados isolados do fungo procedentes de campos de videira da região. A coleção do CIALE é uma das mais amplias que existe de culturas de campo e nos ajudou muito porque até então estávamos trabalhando com fungos procedentes de estufas hortícolas de Almería”, indica María Ángeles Ayllón.

 

Os produtos químicos foram até agora a melhor ferramenta para combater o fungo, mas devido a grande variabilidade genética apresentada pela Botrytis cinerea, este controle é cada vez menos eficaz. “São geradas variantes do fungo resistentes aos químicos“, afirma a especialista, de modo que muitos pesquisadores buscam alternativas. “Estamos trabalhando no estudo dos micovírus que o infectam. Ainda que não tenham efeitos sobre o fenótipo do fungo, produzem uma redução de sua virulência”, afirma.

Compatibilidade genética

A estratégia consiste em depositar no campo cepas do fungo infectadas com o vírus que o tornam menos agressivo, de maneira que se o vírus contagia outros fungos, os danos serão menores. Esta fórmula foi aplicada com relativo sucesso no caso do cancro do castanheiro, mas depende da compatibilidade genética entre distintos microrganismos isolados para que o vírus possa passar de uma cepa do fungo a outra.

 

Em todos os casos, ainda que os efeitos desejados não sejam produzidos, os micovírus podem se converter em uma ferramenta útil para estudar o fungo propriamente dito, já que “quanto mais se conhece a um patógeno, mais possibilidades existem de lutar contra ele”.