Alimentación Brasil Pará, Brasil, Miércoles, 18 de noviembre de 2009 a las 12:28

A Universidade Federal do Pará iniciou estudos direcionados para a produção de bioetanol a partir do rejeito da mandioca

Avançam estudos sobre bioetanol

UFPA/DICYT Quando se pergunta para um paraense de que forma ele utiliza a farinha no seu cotidiano, ele, com certeza, irá dizer: “com açaí, com peixe, com charque, com manga...” Porém, se dissermos que a parte da mandioca que ele não consome serve para a produção de biocombustível, com certeza, isso causará um estranhamento. Mas essa sensação deve acabar num futuro bem próximo. Desde 2004, na Universidade Federal do Pará (UFPA), um grupo de pesquisadores, coordenado pelo professor Alberdan Silva Santos, investiga o aproveitamento de resíduos agroindustriais e, em 2007, iniciou estudos direcionados para a produção de bioetanol a partir do rejeito da mandioca.

 

Segundo os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil, com seus 26,5 milhões de toneladas de mandioca produzidos anualmente, ocupa o 2° lugar do ranking mundial de produção. Apesar de ser cultivada em todo o país, a mandioca concentra-se em três Estados, entre eles, no Pará, que responde por mais de um quinto (20,3%) de toda a produção brasileira. Aqui, o município que mais produz mandioca é o Acará, que contribui com 2,5% da produção nacional. Em relação ao Estado, o município produz de 49% a 51% da mandioca consumida. Desse total, cerca de 10% é rejeito sólido, normalmente jogado próximo às casas de produção de farinha, nos rios e em suas margens, atraindo pragas e doenças.

 

Depois de cinco anos estudando esse comportamento, o professor Alberdan Santos, graduado em Engenharia Química e pós-doutor em Biotecnologia de Micro-Organismos, viu sua pesquisa ganhar espaço e aceitação nacional e internacionalmente. O biocombustível, além de ser um projeto do governo federal, tem apelo ambiental dentro e fora do Brasil. “Recentemente, fizemos um projeto em colaboração com a comunidade europeia, por meio do Instituto de Física de São Carlos. Esse projeto é para que outros países da Europa, junto com o Brasil, possam aplicar tecnologias mais avançadas no aproveitamento de biomassa. Na Europa, já existem tecnologias para o aproveitamento da palha de cana-de-açúcar”, conta Alberdan Santos.


Parcerias dentro e fora da UFPA têm sido fundamentais

 

Os rejeitos da cana-de-açúcar e da mandioca estão entre as biomassas de extrema relevância no Brasil. Os pesquisadores vislumbram a produção de um coquetel enzimático para atuar sobre o rejeito da mandioca. Mas, antes disso, o resíduo precisa passar por um tratamento que consiste em secagem, moagem, classificação e aplicação de enzimas para fazer a “digestão” do material. Em seguida, monitora-se a produção dos açúcares fermentescíveis, formados com leveduras isoladas da própria mandioca, os quais transformam o material em álcool.

 

Contudo, essa tecnologia não seria uma realidade sem diversos olhares e as contribuições de outros parceiros, como os colaboradores do Instituto de Ciências Biológicas da UFPA, da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro e do Instituto de Física de São Carlos, em São Paulo. Alunos de mestrado e de doutorado também fazem parte desta pesquisa, além dos professores Cláudio Nahum Alves, que integra o projeto nos estudos de modelagem molecular, a professora Paula Schneider, coordenadora de pós-graduação da Genética e o professor Arthur Silva, que tem colaborado para que, futuramente, a genética seja aplicada na obtenção de micro-organismos modificados para a produção de enzimas celulolíticas.