Ciencias Sociales Brasil , Brasil, Lunes, 22 de marzo de 2010 a las 17:20

Como está a colaboração entre institutos de pesquisa e setor produtivo?

Simbiose entre os dois setores é cada vez maior nos países desenvolvidos, enquanto no Brasil essa interação ainda é frágil.

Danilo Albergania/Labjor/ComCiência/DiCYT Atualmente, uma das maiores preocupações relacionadas ao desenvolvimento econômico de um país reside na produção de inovações. Em uma comparação entre a economia emergente brasileira com outras já bastante desenvolvidas, como a dos Estados Unidos e do Japão, uma das diferenças mais perceptíveis está nas relações dos centros de produção de saber, como universidades e institutos de pesquisa, com as empresas privadas que constituem o setor produtivo. A simbiose entre esses dois setores é cada vez maior nos países desenvolvidos, enquanto no Brasil essa interação ainda patina. Na busca por entender em que pé está a situação de colaboração entre pesquisa científica e empresas no Brasil, há cerca de dois anos, pesquisadores do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) constituíram um grupo de pesquisa que começa a mostrar resultados.

 

Un operario de la empresa DC Wafers trabaja en la planta de producción de Valdelafuente (León).

Em linhas gerais, o projeto do DPCT visa entender o padrão atual, no Brasil, de colaboração entre universidades e institutos de pesquisa com as empresas privadas, mirando na produção de inovações tecnológicas. São quatro anos previstos de trabalho, sendo que dois deles já foram transcorridos. O projeto faz parte de uma iniciativa internacional encabeçada por Richard Nelson, da Universidade de Columbia, uma das autoridades mundiais sobre o tema.

 

Como esclarece Wilson Suzigan, um dos pesquisadores do grupo, o projeto passou pela fase de levantamento e discussão da literatura teórica sobre o assunto, produzida principalmente por autores de países centrais, economicamente desenvolvidos, como os Estados Unidos e boa parte da Europa, e de um país em desenvolvimento que se destaca nessa relação entre pesquisa e setor produtivo, a Coreia do Sul. O objetivo é saber se essa produção teórica seria útil para entender o caso brasileiro.

 

Em seguida, os pesquisadores do DPCT prepararam um levantamento para entender melhor o perfil tanto dos grupos e instituições de pesquisa quanto das empresas que interagiriam com eles. Usando a base de dados do CNPq para chegar aos líderes de grupos de pesquisa do país inteiro e aplicando um questionário, o grupo da Unicamp conseguiu encontrar mais de 2.300 grupos de pesquisa que se declararam interagindo com empresas privadas. “A ideia é comparar os grupos de pesquisa que colaboram com aqueles que não colaboram com o setor produtivo”, afirma Suzigan.

 

Dos 2.300 grupos que afirmaram alguma interação com empresas, 1.005 deram respostas que possibilitaram um detalhamento dessa interação, inclusive tornando possível ao grupo do DPCT chegar às empresas envolvidas na colaboração com centros de saber. O primeiro trabalho resultante desses estudos foi apresentado em fevereiro de 2009, em seminário internacional sobre o tema em Seul, na Coreia do Sul, e publicado em dezembro pela Seoul Journal of Economics. Essa primeira produção do grupo de Suzigan volta-se, por enquanto, apenas para o lado das universidades, tentando entender qual a visão dos pesquisadores que interagem com empresas privadas - por exemplo: se fazem projetos conjuntos ou se apenas prestam consultoria.

 

Suzigan diz que, com relação aos levantamentos voltados para entender o lado das empresas, tem sido muito mais difícil extrair informações que iluminem o problema: das 1.005 empresas abordadas, apenas 326 responderam ao questionário. Suzigan lembra que a relutância em responder à pesquisa se deu, fundamentalmente, entre empresas que são de setores economicamente estratégicos ou de fronteira tecnológica. Embora os resultados preliminares ainda estejam sendo escritos, Suzigan adianta algumas surpresas, como a constatação de que as universidades são procuradas para desenvolver projetos em conjunto com as empresas, e não apenas para prestar consultoria - embora a consultoria de pesquisadores ainda tenha importância nas interações pesquisa-empresa.

 

Uma das conclusões preliminares desse projeto é a de que os benefícios que advêm da colaboração entre empresas e pesquisadores são muito valorizados pelos dois lados. Há uma clara troca e transferência de conhecimento entre os setores, afirma Suzigan. Os pesquisadores ganham um precioso conhecimento ao qual, de outra forma, talvez não tivessem acesso; enquanto as empresas conseguem complementar seu conhecimento técnico-científico, aplicando-o na produção de inovações. O objetivo final do grupo de pesquisa da Unicamp é justamente sugerir políticas públicas que implementem e façam aprofundar, no Brasil, essas interações fundamentais para o desenvolvimento econômico contemporâneo.