Salud España , Salamanca, Martes, 07 de febrero de 2012 a las 13:28

Cientistas de Salamanca e da Alemanha estudam a percepção de estímulos auditivos em função da experiência

Max Planck Institute of Experimental Medicine, de Goettingen (Alemanha), colabora com o Instituto de Neurociências de Castela e Leão (Incyl) através de uma pesquisadora de Salamanca

JPA/DICYT Livia de Hoz García-Bedillo, de Salamanca, desenvolveu toda sua carreira científica fora da cidade. No entanto, os caminhos da Ciências são imprevisíveis e, curiosamente, ainda que atualmente esteja trabalhando no Max Planck Institute of Experimental Medicine, de Goettingen (Alemanha), sua linha de pesquisa se relaciona com alguns estudos desenvolvidos no Instituto de Neurociências de Castela e Leão (Incyl). Assim, está iniciando um projeto conjunto com o Incyl para estudar a percepção de  sons no cérebro.

 

A pesquisadora do centro alemão estuda em ratos o que acontece no córtex auditivo do cérebro quando os animais aprendem a discriminar entre distintos tons, explica em declarações a DiCYT. Concretamente, um dos tons que recebem é desagradável, e os animais não estão esperando, mas a resposta que oferece o cérebro, especificamente o córtex auditivo, muda em função do que aprenderam anteriormente. Isso é, os cientistas analisam “a plasticidade do cérebro em função da experiência”, ou como o cérebro se adapta às experiências auditivas.

 

Livia de Hoz exemplifica este tipo de experimento: quando os animais têm certa expectativa acerca de um tom, não esperam sentir aversão, mas de repente o estímulo que recebem é distinto e desagradável. Enato, os pesquisadores analisam como o córtex auditivo responde a essa surpresa.

 

Esta situação está muito relacionada com o estresse, porque essencialmente consiste em que “as expectativas não mudam em um ambiente determinado”. De fato, aprender algo desagradável “é menos estressante do que mudar suas expectativas acerca de algo que não achavam desagradável e, ao final, descobrir que é mesmo desagradável”. Isto se traduz no comportamento dos animais e provoca mudanças no córtex auditivo.

 

Ainda que se trate de pesquisa básica, existem muitos exemplos de situações cotidianas na vida das pessoas que poderiam estar relacionadas com situações de estresse análogas, já que “temos que nos adaptar continuamente”, comenta a especialista. Por exemplo, “uma situação na qual alguém foi simpático com você e de repente se torna muito antipático é mais estressante do que se alguém que conhece pela primeira vez é antipático desde o princípio”.

 

Os pesquisadores vêem um paralelismo entre o comportamento do animal diante do estímulo, e as mudanças que podem observar depois em seu cérebro. Frente ao estímulo novo, a plasticidade do cérebro muda, sua capacidade de adaptação, e isto tem efeitos duradouros.

 

De outro lado, no Incyl, Manuel Sánchez Malmierca estuda o colículo inferior e o tálamo, estruturas que mandam impulsos ao córtex auditivo. Seu trabalho consiste em analisar o que acontece nestas áreas do cérebro com os estímulos novos e está comprovando que reagem de forma diferente em comparação com os sons comuns: a resposta é maior. De forma paralela, “estudamos este tipo de protocolos no córtex auditivo e observamos como esta resposta maior ao novo muda em função da experiência do animal”, indica a especialista.

 

Por essa razão, “agora trabalharemos juntos”, indica Livia de Hoz, “ele tem uma experiência enorme no colículo inferior e no tálamo, e eu sobre o córtex e o hipocampo, de modo que a idéia é combinar os dois esforços e ver o que acontece”, afirma a pesquisadora. A plasticidade provocada por estes estímulos no córtex auditivo dura muito tempo, de modo que agora os cientistas se perguntam até que ponto acontece o mesmo nas estruturas mais externas do sistema auditivo, isso é, no colículo inferior e no tálamo, estudados por Sánchez Malmierca. “Queremos saber se muda a forma de perceber estímulos dependendo de experiências prévias e onde ocorre esta mudança, perto do ouvido ou no interior do cérebro”, afirma.