Alimentación España , Salamanca, Jueves, 17 de mayo de 2012 a las 12:17

IRNASA avança no combate aos carrapatos e doenças que transmitem

Cientistas querem desenvolver vacinas contra os carrapatos moles, que prejudicam a pecuária e podem transmitir doenças como a peste suína africana, que se expande pela África e algumas regiões da Europa

José Pichel Andrés/DICYT O Instituto de Recursos Naturais e Agrobiologia (IRNASA, centro do CSIC) pesquisa como combater os carrapatos da pecuária, que podem transmitir doenças a animais e pessoas. De fato, transmitem a peste suína africana, em expansão na África e em algumas regiões da Europa, como o Cáucaso. Os cientistas procuram proteínas presentes na saliva dos carrapatos que possam servir como antígenos para desenvolver vacinas e também para o desenvolvimento de métodos de diagnóstico que permitam detectar sua presença nas explorações. Recentemente os pesquisadores conseguiram importantes progressos que foram publicados.

 

Os carrapatos se alimentam do sangue de outros animais e existem duas grandes famílias, o carrapatos duros ou ixódídeos e os carrapatos moles ou argasídeos. Os duros se alimentam durante períodos prolongados de tempo, normalmente vários dias, e são encontrados com mais freqüência em cachorros ou vacas. Por outro lado, os carrapatos moles permanecem sobre o hospedeiro pouco tempo e é difícil vê-los em um animal porque somente demoram uns minutos para alimentar-se e desprender-se. Os duros trepam pelos galhos da vegetação, esperando passar um animal para agarrar-se. Já os moles alimentam-se de aves e mamíferos que vivem em ninhos e tocas, nos quais se refugiam, de modo que não tem que sair a procura de hospedeiros.

 

A equipe de Parasitologia do IRNASA trabalha com duas espécies de carrapatos moles, Ornithodoros erraticus e Ornithodoros moubata. A primeira distribui-se pela Península Ibérica e Norte da África, enquanto a segunda é africana e vive ao sul do Saara e na África Oriental. As duas transmitem o vírus da peste suína africana e bactérias chamadas espiroquetas, que produzem febre nos humanos. Especificamente, a espanhola transmite a bactéria Borrelia crocidurae a africana transmite a Borrelia duttoni.

 

Analisamos a saliva das duas espécies de carrapatos para encontrar proteínas que pudessem servir como antígeno para o desenvolvimento de vacinas e métodos de diagnóstico sorológico”, comenta em declarações a DiCYT Ricardo Pérez Sánchez, pesquisador do centro do CSIC. A idéia é vacinar os hospedeiros destes carrapatos com proteínas salivares que inibam a alimentação do carrapato e a transmissão de patógenos e, se possível, que causem a morte destes carrapatos.

 

Na saliva dos carrapatos existem moléculas anti-hemostáticas, anti-inflamatórias e imunossupressoras que têm como objetivo anular as respostas defensivas do hospedeiro, mas que neste caso podem ser fonte de antígenos para o desenvolvimento de vacinas.

 

Outro aspecto importante é o diagnóstico sorológico, para comprovar a presença de anticorpos como resposta a uma picada. Uma análise do sangue revela os animais que foram picados por carrapatos, mas para tanto os cientistas devem procurar os antígenos adequados. “O objetivo é identificar explorações suínas com carrapatos para implementar medidas de controle, sobretudo considerando que os carrapatos moles são difíceis de encontrar”.

 

Solicitação de patente

 

Ainda que a peste suína africana tenha sido erradica há anos na Espanha, continua sendo um problema na África que, ademais, ameaça expandir-se pelo leste europeu. Assim, os pesquisadores procuram antígenos para o diagnóstico sorológico e para desenvolver vacinas que ajudem a combater os carrapatos que transmitem este vírus. No Ornithodoros moubata, a equipe de Ricardo Pérez conseguiu um progresso significativo ao identificar a proteína antigênica TSGP1. “Clonamos esta proteína, produzindo-na de forma recombinante e comprovamos que é sensível e específica, de modo que foi objeto de uma solicitação de patente”, comenta.

 

Ademais, “em colaboração com grupos da África, realizamos análises para a detecção de porcos que tinham sido picados”. Especificamente, foram detectados focos em Uganda, Madagascar e Moçambique.

 

Reprodução

 

Por outro lado, os pesquisadores também identificaram em carrapatos moles uma proteína em carrapatos duros e mosquitos que serve como vacina, e que ainda não tinha sido identificada em argasídeos. Trata-se de um fator transcricional denominado subolesina/akirina. O grupo do IRNASA a identificou tanto em Ornithodoros erraticus, quanto em Ornithodoros moubata. Após cloná-la, os cientistas descobriram que se parece muito à proteína dos carrapatos duros e ao realizar com ela alguns experimentos como vacina comprovaram que tem valor protetor. Seu efeito é que “inibe a colocação de ovos ou torna os ovos inviáveis”, afirma o especialista. Ademais, o silenciamento gênico por ARN interferente do gene da subolesina tem o mesmo efeito, inibe a reprodução destes carrapatos, porque inibe a colocação de ovos.

 

Tudo isso foi transferido a uma recente publicação na revista científica Veterinary Parasitology, de autoria de Ricardo Pérez e seus colaboradores Raúl Manzano Román, Verónica Díaz Martín e Juan Martín Hernández.

 

Aprofundando-se nesta linha de pesquisa, os cientistas agora querem saber quais epítopos ou partes da proteína são as responsáveis pelo efeito protetor para usá-las para desenvolver uma vacina recombinante que possa proteger os animais.

 

Até agora o controle dos carrapatos é realizado basicamente através da aplicação de acaricidas químicos, mas esta forma de controle apresenta certos inconvenientes, como o desenvolvimento de resistências por parte dos carrapatos, problemas de contaminação ambiental e uma demanda crescente por parte dos consumidores de produtos de consumo livres de pesticidas, de modo que os especialistas consideram que a melhor alternativa são as vacinas anti-carrapatos.