Ciencia España , Burgos, Miércoles, 25 de julio de 2012 a las 12:18

Observa-se os indícios mais antigos do comportamento humano funerário na Sima de los Huesos

Segundo os pesquisadores de Atapuerca, os fósseis de ‘Homo heidelbergensis’ encontrados foram depositados por outros indivíduos da mesma espécie

CGP/DICYT Alicia García, conselheira de Cultura e Turismo, e os co-diretores das escavações nas jazidas da Serra de Atapuerca, Juan Luis Arsuaga, Eudald Carbonell e José María Bermúdez de Castro, apresentaram hoje as descobertas da campanha correspondente a 2012, iniciada em 17 de junho. As descobertas mais importantes ocorreram na Sima de los Huesos, na qual foram encontrados novos fósseis sobre a espécie Homo heidelbergensis, que viveu em Atapuerca entre 250.000 e 350.000 anos atrás.

 

Especificamente, descobriu-se meia mandíbula humana com seus respectivos dentes, um occipital, a terceira falange do dedo mínimo do pé (o menor osso do esqueleto, sem contar o martelo e o estribo que também foram encontrados nessa jazida) e um úmero. Estes fósseis ainda estão em processo de estudo para determinar se pertencem a um novo indivíduo ou a alguns dos já encontrados nas campanhas anteriores.

 

A Sima de los Huesos é uma pequena cavidade localizada no pé de um barranco vertical de cerca de 14 metros de desnível, que está a quase um quilômetro da atual entrada da Caverna Maior. Nesta jazida foram encontrados os primeiros fósseis humanos da Serra de Atapuerca, em 1976. As escavações sistemáticas na Sima de los Huesos começaram em 1984 e desde então foram encontrados mais de 6.500 fósseis humanos da espécie Homo heidelbergensis, de entre 300.000 e 500.000 anos. Trata-se da maior acumulação de fósseis humanos da história, ao ponto de serem encontrados ali mais fósseis humanos que no resto de jazidas do planeta em qualquer época.

 

Segundo Juan Luis Arsuaga, esses corpos “foram depositados nesse lugar ou em um lugar próximo por seus companheiros”, de modo que estamos diante de “uma prova muito mais antiga, mais de cem mil anos anterior às seguintes, de um comportamento humano de tipo funerário”, descartando a hipótese de que a acumulação de ossos seja conseqüência da depredação de animais carnívoros.

 

Nesta campanha se comemora o vigésimo aniversário da descoberta, em 1992, de três crânios humanos muito completos denominados, respectivamente, Crânio 4 (Agamenón), Crânio 5 (Miguelón) e Crânio 6 (Ruy). Este acontecimento tornou o nome Atapuerca internacionalmente célebre. Desde então foram encontrados numerosos fragmentos cranianos isolados que permitem que os cientistas construam outros crânios humanos em diferentes estados de conservação. Neste ano continuam os trabalhos focados na geologia e geocronologia da jazida.

 

Outros fósseis

 

Por outro lado, na roda de imprensa foram apresentados diferentes fósseis. De um lado, o crânio de urso da espécie Ursus dolinensis, descoberto em Atapuerca, encontrado no nível 4 da Gran Dolina. Ademais, neste mesmo nível foi encontrado um núcleo de sílex que evidencia a presença humana na Serra de Atapuerca há quase um milhão de anos.

 

Do mesmo modo, foram apresentadas duas bifaces do nível 10 de Gran Dolina com 350.000 anos de antigüidade, bem como outra biface na jazida de Galeria, com uma antigüidade semelhante.

 

Em relação ao complexo Caverna Maior, Juan Luis Arsuaga explicou que continuam trabalhando na jazida Portalón, com evidência humana mais recente. Ademais, também continuam as escavações na Galeria das Estátuas, onde foram encontrados mais restos de fauna e indústria lítica utilizada pelos neandertais, ainda sem encontrar restos humanos, mas que nos indicam a atividade destes hominídeos na Serra de Atapuerca.