Alimentación España , Burgos, Martes, 27 de noviembre de 2012 a las 11:05

“A Serra de Atapuerca foi o centro de uma região, e a Galeria do Sílex sua catedral”

A pesquisadora do Cenieh, Ana Isabel Ortega, aprofunda a importância da Galeria do Sílex no 40º aniversário de seu descobrimento

CGP/DICYT Em novembro de 1972, membros do Grupo Espeleológico Edelweiss realizaram uma incrível descoberta. Ao leste do Portal da Caverna Maior, no nível superior do Karst da Serra de Atapuerca, que se conhecia já como jazida arqueológica há séculos, observaram que entre algumas rachaduras existia corrente, um indício de que poderia existir uma cavidade atrás. Após vários dias, no dia 25 de novembro conseguiram retirar as pedras que cobriam a entrada, e encontrou-se “todo o solo repleto de objetos, como fragmentos de cerâmicas e restos humanos, ao longo de uma Galeria que em linha reta tem 900 metros, e que chegam a 1.200 metros de desenvolvimento contando com seu andar inferior”, explica a DiCYT Ana Isabel Ortega, pesquisadora do Centro Nacional de Investigação sobre a a Evolução Humana (Cenieh) de Burgos e membro do Grupo Espeleológico Edelweiss, que dará uma conferência sobre esta grande descoberta no dia 24 às 11:30 horas no Museo de Burgos.

 

O isolamento, indica, favoreceu que os restos arqueológicos e humanos se mantivessem in situ, em um estado de conservação excepcional. A Administração da Província de Burgos, com os relatórios favoráveis de Basilio Osaba, diretor do Museo de Burgos, e Martín Almagro, comissário geral de Escavações Arqueológicas, realizou o fechamento imediato da cavidade, propiciando sua conservação.

 

As pesquisas do professor José María Apellániz, da Universidade de Deusto, nas décadas dos 70 e 80, com a colaboração de membros do Grupos Espeleológicos Edelweiss, especialmente de José Luís Uribarri e Salvador Domingo, revelaram que se tratava de um lugar destinado ao santuário, com manifestações artísticas, funerárias e simbólicas, do Neolítico à Idade do Bronze. Assim, foram encontradas gravuras e pinturas, 400 motivos distribuídos em 53 painéis de temática geométrica com representações humanas de animais.

 

Dentre os materiais arqueológicos destaca-se o conjunto cerâmico, com restos de 293 vasos e vasilhas, de uma ampla variedade tipológica datados também do Neolítico ao Bronze Final, relacionadas com o mundo funerário e seus próprios rituais. Neste sentido, a pesquisadora indica que foi utilizada toda a Galeria, “da cavidade mais recôndita aos espaços maiores”.

 

Ademais, agrega, identificaram os restos de 29 indivíduos, e uma exploração Pré-história de Sílex. “Os povos exploraram a Galeria e viram que havia um sílex de qualidade excepcional e o exploraram como em um canteira. Inclusive em algumas áreas tiveram que aumentar alguns espaços para ter acesso aos nódulos de sílex que se encontravam em lugares mais recônditos, isso é, alteraram e acondicionaram o espaço como em uma boa mina para coletar o melhor sílex”, detalha.

 

Uma catedral pré-histórica

 

Assim, assegura, “se fizermos uma comparação do que representou a descoberta, diz-se que um dólmen é um monumento de caráter sepulcral de uso diacrônico, isso é, utilizado ao longo do tempo. A Galeria do Sílex representa a mesma coisa, mas não é um momento artificial, não foi construído pelo homem, e sim a utilização de um espaço com caráter religioso ou sepulcral de uso diacrônico, do Neolítico até o final da Idade do Bronze”.

 

Deste modo, a Serra de Atapuerca “representa o centro de uma região, o centro nevrálgico de todo território e a Galeria do Sílex sua catedral”. “Do mesmo modo que agora temos a Catedral de Burgos, porque no momento em que foi construída a cidade era muito importante e tinha esse reflexo em suas manifestações artísticas, o santuário da Galeria do Sílex representa a catedral do momento”, conclui.

 

Pesquisa atual

 

Atualmente, explica, as pesquisas na Galeria do Sílex focam-se em saber como era o clima do passado através dos espeleotemas, especificamente nestas fases do Neolítico e da Idade do Bronze, épocas em que mais se utilizou a Galeria do Sílex. Por outro lado, caracterizam estes espeleotemas, já que “seu crescimento nem sempre foi igual pelas mudanças do clima e da ocupação dos humanos”. “Esta intensa ocupação fez com que fossem capturadas nos espeleotemas partículas de carbono das fogueiras com as quais se realizavam os rituais ao longo da Galeria, estudando qual foi o momento de maior ocupação. Também estamos realizando um estudo da distribuição espacial para ver se as atividades humanas se concentravam mais em uma área de galeria ou em outra”, conclui.