Alimentación España , Salamanca, Martes, 19 de febrero de 2013 a las 14:47

Proteína impede que sementes germinem em condições desfavoráveis

Pesquisadores do CIALE avançam no conhecimento de mecanismos fundamentais para o controle futuro do desenvolvimento de cultivos

José Pichel Andrés/DICYT Pesquisadores do Centro Hispanoluso de Investigações Agrárias (Ciale) da Universidade de Salamanca estudam os mecanismos que intervêm na germinação das plantas e, dentre eles, descreveram o papel de uma proteína que impede o desenvolvimento deste processo se as condições do meio não são favoráveis. Do ponto de vista agronômico, conhecer estes processos é de grande valia, porque futuramente poderia servir para controlar o desenvolvimento de cultivos específicos.

 

Marta Curto Prieto, pesquisadora do Grupo Fisiologia e Sinalização Hormonal em Plantas do Ciale, explicou a DiCYT que esta proteína chave é “um fator de transcrição que regula a germinação de sementes de forma negativa”, isso é, impede seu desenvolvimento. “A germinação é um dos processos mais importantes para a planta”, afirma, de modo que muitas pesquisas focam-se neste processo, que depende de muitos genes.

 

Estes genes se expressam em proteínas como a AGL67, estudada por este grupo de pesquisa, e seu papel parece determinante ao impedir o desenvolvimento de uma planta em determinadas circunstâncias. “Existem momentos em que é preciso que a semente não germine, porque não existem as condições adequadas e esta proteína evita a germinação. Quando a semente percebe que o meio já é o adequado para germinar, suprime a função desta proteína e, deste modo, inicia-se a ativação de distintos processos que conduzem à germinação”, indica Luis Sanz, outro membro da equipe orientada pelo pesquisador Óscar Lorenzo que realizada estes trabalhos dentro de um grande projeto europeu que pretende melhorar a qualidade das sementes.

 

Esta proteína chave pertence a uma família relacionada com processos muito importantes durante o desenvolvimento, mas, curiosamente, “comprovamos estudando proteínas homólogas em outras espécies que as algas não apresentam esta proteína, o que indica que tem muita importância na regulação dos processos de desenvolvimento a partir da colonização do meio terrestre pelas plantas”, indica Marta Curto, que explicou no dia 15 de fevereiro estas pesquisas em um seminário de pesquisa realizado no próprio Ciale.

 

Estes reguladores que intervêm na germinação, como a AGL67, atuam entre si “através de relações positivas e negativas”, de modo que um processo essencial, como é a germinação das sementes, não depende de apenas um fator, mas de vários. “Quase tudo o que acontece na planta dá-se através da interação de diferentes proteínas e comprovamos que esta proteína é capaz de interagir com outras que, por sua vez, também intervém na germinação.

 

Da planta modelo a cultivos de interesse

 

Assim, um dos possíveis objetivos para o futuro a partir destes avanços seria estudar mais a fundo este fator de transcrição através da relação com outras proteínas. Ademais, também seria necessário estender estas observações realizadas na planta modelo Arabidopsis thaliana a outras espécies com mais interesse agronômico, para ver se suprimindo a função deste gene também seria favorecida a germinação.

 

Em estudos anteriores já se havia visto que quando se suprime a função desta proteína as sementes têm menos dormência, que é o momento no qual a semente não germina. “Quando se suprime a função da proteína, evita-se este estado dormente e se acelera a germinação”, indica Luis Sanz.

 

Em todos os casos, o mais importante é que “estudando este gene poderíamos inibir sua função e isto favoreceria a germinação”, indica Marta Curto, que está a ponto de apresentar sua tese doutoral sobre este tema, a mais antiga das linhas de pesquisa deste laboratório do Ciale, que nos próximos anos desenvolverá o projeto europeu EcoSeed-Impacts of Environmental Conditions on Seed Quality, pesquisa que faz parte do programa European Knowledge Based Bio-Economy (KBBE) e que conta com a participação de outros quatro países europeus.