Ciencias Sociales España , Zamora, Jueves, 21 de febrero de 2013 a las 15:00

Projeto arqueológico pretende seguir em frente graças a um ‘crowdfunding’

A escavação de El Castillón, em Zamora, espera arrecadar 3.500 euros em 90 dias para continuar o trabalho nesta jazida da Antigüidade Tardia

AFM/DICYT Devido aos problemas de financiamento encontrados atualmente por diferentes linhas de pesquisa científica, muitos projetos recorrem ao financiamento de doações realizadas por qualquer pessoa ou instituição, o que se conhece como crowdfunding. É o caso do projeto arqueológico de El Castillón, na localidade de Santa Eulalia de Tábara (Zamora), que de 2007 a 2011 escavou os restos do assentamento da Antigüidade Tardia e que poderia retomar seus trabalhos no próximo verão se esta forma de financiamento funciona.

 

A cada dia existem mais páginas web que financiam iniciativas em todas as áreas, projetos criativos, solidários ou empresariais. Uma das pioneiras do crowdfunding na Espanha é www.lanzanos.com, a qual recorreram os responsáveis pela escavação arqueológica de El Castillón, integrada ao Projeto de Pesquisa e Difusão sobre o Patrimônio Arqueológico da Província de Zamora (P.I.D.P.A.D.Z.), que engloba também outras jazidas da província. O objetivo é arrecadar 3.500 euros em 90 dias.

 

Um dos coordenadores do projeto, Jose Carlos Sastre, explicou à DiCYT que ao longo dos últimos anos a escavação aportou grande novidades ao conhecimento científico sobre esta época de modo geral, e sobre esta área em particular, novidades dentre as quais se destacam “parte de uma muralha muito bem conservada, dois fornos metalúrgicos e uma moradia com três quartos, um deles dedicado ao armazenamento de produtos”. Também foram encontrados magníficos materiais como cerâmicas de grande qualidade, brincos ou botões de ossos pertencentes à Idade do Ferro e, sobretudo, ao último assentamento do Romano Tardio, datado do século V d.C. nesta área.

 

Este arqueólogo, especialista em arte esquemática, desenho arqueológico e na Idade do Bronze na província de Zamora, que é também responsável pela Associação Científico-Cultural Zamora Protohistórica, explicou que a escavação se desenvolveu durante cinco verões consecutivos contando desde o inicio com o financiamento do banco Caja Rural de Zamora, mas que em 2012 não recebeu esse apoio e não pode seguir com os trabalhos normais da jazida. Ademais, ao longo destes anos “a principal contribuição veio dos membros da associação e da venda de camisetas ou rifas, além de uma importante contribuição que os diretores realizaram do seu próprio bolso”, afirma.

 

“Um lugar de referência”

 

Com este esforço, El Castillón converteu-se em “um lugar de referência para conhecer a história de Castela e Leão no século V”, como revelou-se no recente congresso sobre fortificações da Antigüidade Tardia realizado em Zamora no ano passado. “A região de Tábara era praticamente desconhecida neste período, e graças a estes trabalhos estamos descobrindo e conhecendo muitos aspectos novos”, assegura. Por sua vez, os trabalhos desenvolvidos em El Castillón serviram para refinar os conceitos associados até então às jazidas de construções fortificadas em áreas elevadas, conhecidas como povoados em altitude.

 

Apesar de serem muitos os projetos que fazem parte da plataforma www.lanzanos.com, o co-diretor mostra-se otimista, já que o trabalho realizado por esta equipe de arqueologistas, com o apoio de voluntários, “é valioso no âmbito científico e social, de modo que, apesar das dificuldades e da falta de apoios institucionais, seguiremos em frente por mais um ano”.

 

Atualmente conseguiram arrecadar 7% do total, isso é, 275 euros dos 3.500 que necessitavam, e não se sabe se será possível reunir todo o dinheiro, ainda que já tenham superado um primeiro crivo do www.lanzanos.com, porque obtiveram os votos suficientes para passar agora a receber doações que somente serão cobradas se receberem apoio suficiente para chegar à quantidade solicitada. Os doadores obtém diferentes recompensas por sua contribuição, que vão de agradecimentos particulares pelas quantidades mais modestas a uma visita guiada a lugares interessantes da região.

 

Cultura científica

 

Na opinião de Jose Carlos Sastre, recorrer a esta nova forma de micro-financiamento servirá para continuar oferecendo aos cidadãos respostas sobre seu passado e sobre como as diferentes populações se desenvolveram e evoluíram. Ademais, este projeto não só se limitou ao campo da pesquisa científica, mas também contribuiu para aproximar a Arqueologia da população da região através de oficinas, escavações ou palestras.

 

Assim, o dinheiro arrecadado será destinado ao alojamento dos voluntários e à compra de materiais necessários para prosseguir com o trabalho, sendo que uma parte também se destinará “a transmitir à sociedade nosso trabalho, através de exposições de fotografia, oficinas de Arqueologia e outras iniciativas que possam surgir. Definitivamente, todo o apoio econômico recebido será destinado integralmente ao nosso projeto, repercutindo em grande medida na província de Zamora”.

 

Por outro lado, dentro deste trabalho de divulgação, a Associação Científico-Cultural Zamora Protohistórica pensa também na realização da terceira edição das Jornadas de Jovens Investigadores do Vale de Douro, que após haver sido realizada em Zamora e León, acontecerá no próximo outono em Salamanca.