Ciencia Brasil Campinas, São Paulo, Martes, 15 de octubre de 2013 a las 10:08

Museus de ciência devem despertar questionamentos, afirma Jorge Wagensberg

Diagnóstico semelhante é o do francês Étienne Guyon, que pensa que é interessante que os museus de ciência estabeleçam conexões entre seus experimentos e a vida real

Giselle Soares/Labjor/ComCiência/DICYT - Museus devem buscar contradições e contar histórias. Com essa frase, o físico espanhol Jorge Wagensberg iniciou sua fala no terceiro dia da 23a Conferência do Conselho Internacional de Museus (Icom Rio 2013), realizada entre os dias 10 e 17 de agosto de 2013, no Rio de Janeiro. Wagensberg é físico e diretor científico da Fundação la Caixa, na Espanha, além de um dos mais renomados especialistas em museus e centros de ciência do mundo.

 

Segundo Wangensberg, um bom indicador para avaliar se um museu de ciências tem êxito ou não é o número de perguntas com que os visitantes saem. Se eles saem com mais perguntas do que quando entram, então o museu cumpriu o seu papel. Na conferência, o físico espanhol falou sobre o conceito de museologia total, uma combinação de beleza e inteligência através do objeto real, do fenômeno real e da metáfora museográfica.

 

No artigo “O museu total, uma ferramenta para a mudança social”, publicado em 2005, Wagensberg já explicava o conceito e afirma que o importante é que as exposições estimulem as pessoas a lerem livros, a fazer novas perguntas em sala de aula, a fazerem escolhas diferentes quando assistem TV, viajar de maneiras diferentes e, acima de qualquer outra coisa, gerar conversas.

 

Diagnóstico semelhante é o do francês Étienne Guyon, antigo diretor do Palais de la Découverte, em Paris. Para ele, é interessante que os museus de ciência estabeleçam conexões entre seus experimentos e a vida real. “O museu é a rua”, provoca Guyon, afirmando, em seguida, que a maioria dos museus de ciência reproduz experimentos baseados na ciência dos séculos XVIII e XIX. “O principal objetivo desses espaços é despertar o interesse pela ciência e não substituir o papel da escola”, explica o físico francês que, como Wagensberg, veio ao Brasil para Icom. Guyon representou o International Committee for Museums and Collections of Science and Technology.

 

Os museus de ciência no Brasil

Atualmente existem, no Brasil, 190 espaços destinados à popularização da ciência, entre zoológicos, jardins botânicos, planetários, aquários e museus de história natural. Os dados são do livro “Centros e Museus de Ciência do Brasil”, lançado em 2009 pela Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência (ABCMC). A maioria desses espaços concentra-se nas regiões Sudeste (112) e Sul (41). Já a região Nordeste possui 26, a Centro-Oeste cinco e a Norte seis centros de divulgação científica.