Educación Brasil Campinas, São Paulo, Jueves, 19 de marzo de 2015 a las 10:36

Estudo aponta mudança no perfil socioeconômico dos estudantes de graduação

Para a análise, a pesquisa utilizou o questionário socioeconômico utilizado no Exame Nacional de Desempenho do Estudante (Enade)

Tatiana Venancio-ComCiência/Labjor/DICYT Um estudo publicado este ano na revista Avaliação mostra que houve mudanças do perfil dos estudantes de graduação de todo o Brasil ao longo das duas últimas décadas. Uma das principais observações é que a população negra e de baixa renda está tendo mais acesso ao ensino superior, mas de forma mais intensa nos cursos menos concorridos, como pedagogia, história e licenciaturas.

 

Para a análise, a pesquisa utilizou o questionário socioeconômico utilizado no Exame Nacional de Desempenho do Estudante (Enade). Ele é composto por questões sobre cor, renda mensal, origem escolar e escolaridade dos pais. Foram utilizados, para comparação, dados dos estudantes dos cursos de medicina, história, odontologia, direito, pedagogia e psicologia.

 

Aproximadamente 60% dos alunos de graduação cursaram o ensino médio em escolas públicas. O número teve aumento quando comparado ao primeiro ciclo do Enade, em 2004, e o terceiro ciclo, entre 2010 e 2012. No curso de odontologia, por exemplo, houve aumento de 17% para 25%, e o de pedagogia, que já apresentava maioria de estudantes de escolas públicas (71%), alcançou 81%.

 

Ainda que haja mudanças, algumas situações permanecem discrepantes. A média entre os estudantes dos cursos analisados é de 65% de brancos, cerca de 20% a mais do que a composição média da população brasileira. Com relação à renda mensal, embora apenas 7% das famílias no país ganhe mais que 10 salários mínimos, todos os cursos analisados (com exceção de pedagogia), possuem mais que 7% de alunos com renda mensal superior a 10 salários mínimos. No curso de medicina, 14% dos estudantes têm renda familiar superior a 30 salários mínimos.

 

Ao avaliar a escolaridade dos pais dos alunos, observou-se que, nos cursos de pedagogia e história, menos de 10% têm graduação. Em contrapartida, no curso de medicina, cerca de 43% são graduados.

 

Aumento de oferta e acesso ainda elitista

 

No período analisado, políticas como o Programa Universidade para Todos (Prouni), Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento das Instituições de Ensino Superior (Proies) e Lei das Cotas, entre outros, impactaram, de certa forma, a realidade do ensino superior.

 

Houve aumento do número de estabelecimentos (170%), cursos, vagas, matrículas e concluintes. Enquanto as matrículas no ensino médio aumentaram 120% nos últimos anos, no ensino superior aumentaram três vezes mais, 350%.

 

Isso não significa, porém, um acesso igualitário. No artigo, o autor explica a teoria de Martin Trow – ex-professor da Universidade de Berkeley – de que um país é considerado como tendo um sistema de educação superior de massas consolidado quando apresenta taxa de ingresso de pelo menos 30% de jovens em idade apropriada. No Brasil, os estudantes da graduação com esse perfil representam apenas 15%, sendo ainda considerado um acesso majoritariamente da elite.