Ciencias Sociales España , Valladolid, Jueves, 19 de marzo de 2015 a las 16:22
INESPO II

Investigadores de Valladolid contribuem para esclarecer origem das línguas indo-europeias

Artigo publicado na revista ‘Nature’ revela que há cerca de 4500 anos houve uma grande migração em massa de populações das estepes russas para o centro da Europa, o que favoreceu a expansão das línguas indo-europeias

Cristina G. Pedraz/DICYT Investigadores do Departamento de Pré-História e Arqueologia da Universidade de Valladolid (UVA) fizeram parte da equipa de investigação internacional que esclareceu a origem e a expansão das línguas indo-europeias. Para isso, realizaram o mais importante trabalho de investigação de ADN antigo até hoje, concretamente de 69 indivíduos que viveram na Europa há entre 3000 e 8000 anos.

 

Este estudo massivo de ADN antigo lançou luz sobre os padrões de migração dos primeiros europeus. Por exemplo, foi revelado que há por volta de 4500 anos houve uma grande migração em massa de populações das estepes russas para o centro da Europa, o que colocou em contacto direto a Europa Ocidental e a Oriental e favoreceu a expansão por todo o continente das línguas indo-europeias (o núcleo comum de praticamente todas as presentes línguas europeias).

 

Como explica a DiCYT Manuel A. Rojo, investigador do Departamento de Pré-História e Arqueologia da UVA que participou no estudo publicado recentemente na revista Nature, verifica-se deste modo a chamada “hipótese das estepes”, que propõe que os primeiros grupos de línguas indo-europeias “estavam compostas de pastores que habitavam as planícies entre o norte do mar Negro e o mar Cáspio, cujas línguas se espalharam por toda a Europa após a invenção da roda e do carro e sua correspondente emigração”.

 

Portanto, oferece-se uma evidência numa questão controversa, como é a origem e difusão das línguas indo-europeias na Europa. Face a “hipótese das estepes” existia a “hipótese da Anatólia”, segundo a qual as línguas indo-europeias “chegaram a Europa da península anatoliana há uns 8500 anos”.

 

Os resultados do trabalho também revelam que há uns 7000-8000 anos surgiram na Alemanha, Hungria e Espanha grupos estreitamente relacionados com os primeiros agricultores diferentes dos caçadores-coletores nativos, enquanto a Rússia era habitada por um outro grupo de caçadores-coletores. No entanto, há cerca de 5000-6000 anos houve um ressurgimento das tribos de caçadores-coletores em toda a Europa, exceto na Rússia.

 

Contribuição soriana

 

Entre os 69 genomas sequenciados estão os de indivíduos no enterramento coletivo da Mina, em Alcubilla de las Peñas (Soria, Espanha), de há uns 5700-5800 ano. Também os da caverna ‘Cueva dels Trocs’, na alta Ribagorza (Huesca, Espanha), um sítio arqueológico de cerca de 7300 anos de antiguidade.

 

Segundo Manuel A. Rojo, o ADN destes indivíduos está muito bem preservado, no sítio de Soria porque “não está exposto a contrastes climáticos” e no sítio dels Trocs “porque é uma caverna que se encontra a 1530 metros de altitude, cujo interior é um ‘frigorífico’ natural, de modo que podemos dizer que aqui se conserva o melhor ADN antigo do mundo”.

 

No trabalho colaboraram investigadores de nove países: Austrália, Estados Unidos, Alemanha, China, Rússia, Hungria, Espanha, Suécia e Suíça. A investigação foi conduzida por Wolfgang Haak, da Universidade de Adelaide (Austrália), Kurt Alt, da Universidade de Mainz (Alemanha), e David Reich e Losif Lazaridis, da Harvard Medical School, em Boston (EUA).

 

 

 

Referência bibliográfica:
Haak, W., Lazaridis, I., Patterson, N., Rohland, N., Mallick, S. et al. (2015). “Massive migration from the steppe is a source for Indo-European languages in Europe”. Nature. DOI 10.1038/nature14317