Tecnología Portugal , Aveiro, Jueves, 28 de mayo de 2015 a las 11:32
INESPO II

Universidade de Aveiro estuda as propriedades dos aglomerados de cortiça

O objetivo dos cientistas é procurar novas aplicações para um produto tão importante para a economia de Portugal

José Pichel Andrés/DICYT O uso mais comum da cortiça é o fabrico de rolhas para garrafas. No entanto, essa atividade produz uma grande quantidade de resíduos de cortiça que se aproveitam na elaboração de aglomerados com muitas aplicações. Investigadores da Universidade de Aveiro estão a analisar, justamente, as caraterísticas dos aglomerados de cortiça, sobretudo a resposta deste material a diferentes condições de carga ou resistência ao impacto.

 

O objetivo deste trabalho é “procurar novas aplicações para o material da cortiça e agregar valor aos compostos de aglomerado”, explica à DiCYT Ricardo José Alves de Sousa, cientista do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Aveiro e responsável por esta linha de investigação.

 

Os aglomerados de cortiça procedem dos resíduos de cortiça pura após a extração das rolhas cilíndricas destinadas, principalmente, para garrafas de vinho. Estes resíduos são separados de acordo com os diferentes tamanhos de grão e são prensados até conseguir a cortiça aglomerada, utilizando para colá-la, por exemplo, resina de poliuretano. Para a cortiça expandida, o material passa por um processo de aquecimento e adição de água que evita a necessidade de usar uma resina de aglomeração.

 

Os investigadores da Universidade de Aveiro estudam a resposta estática e a resposta dinâmica da cortiça, que diferem em que na segunda são testadas situações de impacto. Os laboratórios universitários têm as máquinas necessárias para testes estáticos e uma torre de queda para realizar as experiências dinâmicas.

 

Numa publicação recente na revista Material and Design, os investigadores demonstraram que as propriedades mecânicas deste produto dependem principalmente da densidade do aglomerado e do tamanho do grão. Portanto, o artigo aponta para o grande potencial deste material para várias aplicações relacionadas com a resistência ao impacto. Além disso, a estas caraterísticas positivas deve ser adicionada a sustentabilidade, por ser um material natural, biodegradável e renovável.

 

Usos muito diversos

 

Além das rolhas de garrafa, para as quais também é utilizada cortiça aglomerada, este material pode ser usado na fabricação de componentes muito diversos, abrangendo a construção, joalharia, embarcações e até pranchas de surf. É um material “na moda”, afirmam os investigadores, que é bem apreciado hoje, não só pela sua versatilidade, mas também por ser sustentável. Assim, o objetivo dos investigadores passará pelodesenvolvimento de novos produtos e compostos de cortiça aglomerada.

 

A cortiça é um material vegetal, a casca que cobre o sobreiro (Quercus suber) e que cresce a cada ano. Mais de 60% da produção mundial de cortiça concentra-se em Portugal, que, juntamente com a Espanha, ultrapassa 90% do mercado, o que dá uma ideia da enorme importância deste produto para a economia do país. “É por isso que há tanto interesse neste tipo de pesquisas e contamos com o apoio de empresas do setor para encontrar novas aplicações rentáveis”, diz Ricardo José Alves de Sousa.

 

Referência bibliográfica 

 

Static and dynamic mechanical response of different cork agglomerates. Jardin, RT; Fernandes, FAO; Pereira, AB; de Sousa, RJA. Materials & Desing, Vol: 68, 121-126. DOI: 10.1016/j.matdes.2014.12.016