Salud España , León, Lunes, 01 de junio de 2015 a las 16:54
INESPO II

Investigadores espanhóis olham para o gene IL26 como candidato para medir a suscetibilidade à tuberculose

No estudo publicado na revista “Immunology” uma equipa de cientistas do Centro Hospitalar Universitário de León e o IBIOMED aprofundam na suscetibilidade à tuberculose em idosos

Cristina G. Pedraz/DICYT Nem todos os infectados com a bactéria da tuberculose (Mycobacterium tuberculosis) adoecem. Estima-se que cerca de um terço da população mundial o está, mas apenas uma pequena percentagem (cerca de 8,6 milhões de pessoas) chega a desenvolver a doença. Investigadores do Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar Universitário de León (“Servicio de Medicina Interna del Complejo Asistencial Universitario de León”, CAULE) e do Instituto de Biomedicina da Universidade de León (IBIOMED-ULE), Espanha, trabalham há sete anos para analisar a resposta imunológica à tuberculose.


"A maioria da população é relativamente resistente à doença e não se sabe muito bem porque algumas pessoas, em números relativos, adoecem”, explica Octavio M. Rivero Lezcano, um dos membros da equipa de investigação.


A comunidade científica tem evidências que alguns grupos de pessoas são particularmente suscetíveis à tuberculose, como os diabéticos, pacientes oncológicos ou idosos, nos quais a doença acontece com mais frequência, embora as causas sejam desconhecidas. “O interesse do nosso grupo é compreender porque essas pessoas são mais suscetíveis a nível celular e molecular, já que se formos capazes de o entender, poderemos tentar fortalecer o seu sistema imunológico contra as bactérias”, acrescenta.


Atualmente, o principal tratamento para a tuberculose é antibiótico, embora haja cepas multirresistentes, extremamente resistentes, e até mesmo cepas totalmente resistentes, contra as quais não há antibiótico conhecido que seja eficaz. Neste caso, “o prognóstico dos pacientes é muito grave e a percentagem de mortalidade é elevadíssimo”, afirma o investigador, quem insiste em que “se formos capazes de compreender a suscetibilidade, talvez poderíamos paliar as deficiências imunológicas para tentar que a pessoa, sem necessidade de antibióticos, puder proteger-se contra a doença”.


Suscetibilidade em idosos


Em um artigo publicado recentemente na revista Immunology, a equipa de investigadores de León examinou a suscetibilidade à tuberculose em idosos. Para isso, eles estudaram os macrófagos (células do sistema imunológico que as bactérias maioritariamente costumam infectar) de idosos com e sem tuberculose.


Os macrófagos são células encarregadas de fagocitar todos os corpos estranhos que entram no organismo, tais como as bactérias, mas no caso da tuberculose “é uma bactéria tão especial e bem adaptada ao ser humano que é capaz de se introduzir no macrófago para se multiplicar no seu interior, terminando por destruir o macrófago mesmo e estender-se para outros, que é a forma como a doença evolui”.


Os investigadores realizaram um estudo por chip de ADN ou ‘microarranjo’ (inglês microarray), isto é, um dispositivo que analisa a expressão diferencial de genes e monitoriza simultaneamente os níveis de milhares deles. Assim, analisaram os macrófagos obtidos de oito idosos tuberculosos e oito sem tuberculose, em células infectadas in vitro, a fim de fazer uma comparação da expressão dos genes.


“Queríamos descobrir como reage contra as bactérias o macrófago de um tuberculoso em comparação com o de uma pessoa não tuberculosa. Foi realizada uma análise a nível molecular e obtivemos uma lista de uns 70 genes que se expressam de forma diferente nos macrófagos dos idosos com e sem tuberculose”, explica Rivero Lezcano.


A equipa estava particularmente interessada em citocinas, umas proteínas responsáveis por estimular o sistema imunológico, pelo que lhes chamou especialmente a atenção a única citocina presente na lista de genes diferencialmente expressos, IL26. “Conhece-se muito pouco dessa citocina, não está apenas caracterizada e nem se sabe bem qual é a sua função, de modo que este estudo é um dos primeiros que começa a lhe atribuir algum valor biológico”, acrescenta.


Também expresso de forma diferente em jovens


Posteriormente, os investigadores expandiram o estudo para os jovens, para verificar se o que tinham observado era um fator diferencial dos idosos ou, pelo contrário, era geral e independente da idade. Eles determinaram que sim, que IL26 também estava expresso de forma diferente entre jovens tuberculosos e não-tuberculosos.


Finalmente, utilizando um modelo de sangue completo, o grupo científico infectou sangue in vitro e verificou que, na presença de IL26, o sangue perdia capacidade para eliminar a bactéria. “IL26 diminui a resposta imune, tornando-o um gene candidato a biomarcador para medir a suscetibilidade à tuberculose. No entanto, estamos em uma fase inicial e precisamos de mais estudos. Há evidências de que participa, mas não sabemos quanto”, avisa.


Assim, o seguinte objetivo do grupo é aprofundar a função de IL26 e caraterizar mais genes da lista. Em suma, “dar passos para entendermos como esses genes influenciam a suscetibilidade à tuberculose”.

 

 

 

Referência bibliográfica:
Guerra‐Laso, J. M., Raposo‐García, S., García‐García, S., Diez‐Tascón, C., y Rivero‐Lezcano, O. M. (2015). “Microarray analysis of Mycobacterium tuberculosis‐infected monocytes reveals IL26 as a new candidate gene for tuberculosis suscetibility”. Immunology, 144(2), 291-301.