Fracasso escolar poderia ser reduzido em 80% ao incidir em Matemática e Inglês

Cristina G. Pedraz/DICYT Estima-se que cerca de 23% dos estudantes não universitários falha nos seus estudos. Isto é particularmente relevante em Espanha, que está à frente do abandono escolar na União Europeia, segundo publicou recentemente o Eurostat, o Gabinete de Estatísticas da União Europeia.

O Grupo de Investigação de Excelência ‘Didática, Inovação e Qualidade’ da Universidade de León (Grupo “Didáctica, Innovación y Calidad”, ULE), adscrito ao Departamento de Didática Geral, Específica e Teoria da Educação e dirigido pela professora catedrática Isabel Cantón Mayo, investiga para aumentar o conhecimento das causas e processos envolvidos no sucesso e insucesso escolar no ensino básico e secundário (chamados de “Primaria” e “Secundaria” na Espanha).

“Queremos saber porque 23% dos estudantes não universitários falha, fracassa nos seus estudos, entendendo por ‘fracasso’ tanto a dimensão administrativa de não passar o curso, como a dimensão pessoal de abandono, ou a dimensão social de pessoas despreparadas para a vida”, aclara a investigadora a DiCYT.
Para fazer isso, utilizam metodologias mistas: quantitativas e qualitativas, que lhes permitem conhecer as opiniões, por um lado, de pais e professores e, por outro, de estudantes e da própria administração educativa.

Os resultados nesta linha reparam em dois aspectos, de acordo com a especialista, o familiar e o social. Quanto à família, há “uma elevada correspondência entre o tipo de família disfuncional e o insucesso escolar e, especialmente, destaca a relação entre o poder económico da família e o fracasso escolar, sendo que as famílias mais desfavorecidas são as de maior taxa de fracasso”. A nível social, e nesta mesma linha, observa-se um maior fracasso escolar “nos bairros mais pobres e nos estudantes com famílias desestruturadas ou problemas económicos”.

A visão sobre as causas do fracasso

Quanto às causas, as análises deste Grupo da ULE indicam que os próprios alunos se auto-atribuem como razão para o seu fracasso a sua insuficiente dedicação ao estudo. Os professores também o atribuem aos maus hábitos dos seus alunos e à pouca atenção que os pais prestam aos seus filhos; enquanto os pais concordam em salientar que os alunos e os centros são os responsáveis pelo fracasso.

“Chama a atenção que o fracasso escolar atinge 80% em duas disciplinas, Matemática e Inglês, e que, se for corrigido, a falha poderia diminuir nessa proporção”. No entanto, lamenta a investigadora, “apesar de ressaltar a necessidade de aumentar o horário escolar das tais disciplinas, nada foi feito”.

Infelizmente, em geral, “apesar da grande quantidade de pesquisas sobre o insucesso escolar e mesmo que se enfatizem as causas e se proponham remédios, pouco ou nada se fez com base nos resultados das investigações”.

O Grupo de Investigação de Excelência ‘Didática, Inovação e Qualidade’ da ULE foi reconhecido pelo governo regional de Castilla y León (Espanha) como Grupo de Excelência por uma resolução de 15 de novembro de 2007. Atualmente, o Grupo tem cinco membros permanentes mais três membros que também fazem parte de outros grupos. Um dos trabalhos mais recentes em torno desta linha analisou o insucesso escolar na província de León e foi objeto de uma tese de doutoramento.

	Referência bibliográfica:
	Cantón Mayo, I. y García Pérez, A. (2012). “Evolución del fracaso escolar en la Provincia de León”. En: Tierras de León: Revista de la Diputación Provincial, ISSN 0495-5773, Vol. 47, Nº 128-129, 2008, págs. 191-220.