Alimentación Portugal , Aveiro, Miércoles, 17 de junio de 2015 a las 13:34
INESPO II

Analisam a evolução de emissões poluentes de veículos

Uma investigação da Universidade de Aveiro observa que os carros novos poluem menos, mas adverte que ainda emitem elementos muito prejudiciais que não são medidos corretamente

José Pichel Andrés/DICYT Uma investigação da Universidade de Aveiro (Portugal) revelou que as emissões poluentes dos automóveis novos têm vindo a diminuir nos últimos anos graças às restrições legais e melhorias tecnológicas. No entanto, os autores do estudo, chamado Projeto URBE, advertem que muitos outros elementos nocivos para a saúde e para o ambiente são indetetáveis com os métodos atuais.

 

A União Europeia exige que todas as viaturas respeitem uns valores máximos de emissão, nomeadamente no que respeita ao monóxido de carbono, óxidos de azoto, hidrocarbonetos e partículas. Os catalisadores, filtros de partículas e sistemas de recirculação de emissões de escape têm conseguido reduzi-las significativamente, além de que os fabricantes conseguiram diminuir o consumo de combustível.

 

Em suma, nos últimos anos, a imposição de limites rigorosos e as melhorias tecnológicas tiveram efeitos muito positivos que os investigadores da Universidade de Aveiro evidenciam neste estudo ao analisarem viaturas vendidas entre 2000 e 2014, que a legislação europeia classifica como veículos ligeiros Euro 3, Euro 4 e Euro 5, por ordem de antiguidade.

 

Por exemplo, “os últimos veículos diesel equipados com filtros têm emissões insignificantes de partículas”, indica à DiCYT Célia Alves, investigadora do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), da Universidade de Aveiro.

 

Isso não significa que os novos veículos não sejam poluentes, mas que “temos de repensar as metodologias de medição”, uma vez que o sistema atual consiste na colocação de um filtro de amostra que se pesa para medir a massa das partículas emitidas. Este método “já não faz sentido”, porque a combustão do motor gera partículas tão pequenas que são difíceis de medir devido à sua pequena massa, mas têm uma grande capacidade de penetrar os alvéolos pulmonares, causando graves danos à saúde.

 

Sobressaem os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos associados às partículas, compostos potencialmente cancerígenos, especialmente em veículos de categoria inferior a Euro 4, que constituem uma percentagem significativa dos que estão em circulação. Entre eles há compostos voláteis, tais como naftaleno, que apresentam maiores níveis de emissões em viaturas mais velhas. “Estes compostos voláteis têm menor potencial cancerígeno, mas as suas emissões são mais elevadas, pelo que afinal o risco para a saúde é maior”, afirma a especialista.

 

Aliás, este estudo confirmou que os veículos que não estão sujeitos a revisões mecânicas regulares não cumprem os limites de emissão da categoria a que pertencem, de modo que os Euro 4 e Euro 5 podem ser mais poluentes do que outros mais velhos sem a conservação adequada, uma situação que os investigadores julgam preocupante dada a atual situação económica.

 

O estudo também mostra como é o comportamento dos diferentes tipos de viaturas. Nas mais velhas, os motores diesel são mais poluentes do que os veículos a gasolina, enquanto nos carros mais modernos tais diferenças ficam mais diluídas. Além disso, a condução em cidades provoca entre três e quatro vezes mais emissões do que nas estradas e as acelerações e velocidades altas são as fases em que mais se acentua a poluição emitida por um veículo.

 

Determinante para a saúde e o ambiente

 

Célia Alves lembra que vários estudos já têm relacionado a exposição contínua a níveis elevados de partículas ambientais com uma diminuição na esperança de vida. Por exemplo, entre a categoria geral de “partículas” que emite um carro, há fuligem em forma sólida e líquida, que pode causar problemas cardiopulmonares e mesmo cancro.

 

Ao mesmo tempo, do ponto de vista do ambiente, também não se deve esquecer que os combustíveis fósseis utilizados como carburante emitem metano, óxido nitroso, CO2 e outros elementos que “direta ou indiretamente contribuem para o efeito estufa”.

 

A investigação, publicada na revista científica Environmental Science and Pollution Research, ajuda a esclarecer os riscos para a saúde e para o ambiente que ainda representam os veículos, pois são a principal fonte de poluição atmosférica em ambientes urbanos. Além disso, do ponto de vista científico, permite construir padrões próprios de emissões poluentes no sul da Europa. Estes modelos procuram identificar e quantificar as emissões responsáveis pela poluição no ar; no entanto, a maior parte desta informação baseia-se em dados dos Estados Unidos, onde a cilindrada dos veículos e a proporção de automóveis a gasolina são muito mais elevados do que na Europa.

 

O trabalho foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia de Portugal e, a partir de agora, o objetivo dos investigadores é ampliar o estudo para veículos pesados e motociclos, bem como para outros contaminantes que nunca se tiveram em conta na avaliação da poluição causada pelo trânsito, por exemplo, o desgaste dos pneus.

 

Referência bibliográfica 

 

Elements and polycyclic aromatic hydrocarbons in exhaust particles emitted by light-duty vehicles. Alves CA, Barbosa C, Rocha S, Calvo A, Nunes T, Cerqueira M, Pio C, Karanasiou A, Querol X. Environmental Science and Pollution Research, 2015. DOI 10.1007/s11356-015-4394-x