Medio Ambiente Portugal , Aveiro, Viernes, 19 de junio de 2015 a las 13:25
INESPO II

Projeto europeu estuda a adaptação das zonas costeiras às alterações climáticas

A Universidade de Aveiro analisa a perceção dos atores-chave nos efeitos que têm as alterações climáticas no Baixo Vouga Lagunar da Ria de Aveiro, entre outros

José Pichel Andrés/DICYT O projeto europeu ADAPT-MED está a analisar a adaptação das zonas costeiras às alterações climáticas, concentrando-se em três casos de estudo: o Baixo Vouga Lagunar, na Ria de Aveiro (Portugal); a região de Provença-Alpes-Costa Azul (Côte d’Azur), na França; e a ilha de Creta, na Grécia. A iniciativa centra-se em estudar a perceção dos atores-chave para o desenvolvimento de políticas e estratégias que permitam incorporar medidas e desenvolver políticas para que as áreas costeiras estejam melhor preparadas para enfrentar as consequências das alterações climáticas.


O Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro (CESAM-UA) e o ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa são os encarregados de estudar o caso de Portugal, com foco na área do Baixo Vouga Lagunar da Ria de Aveiro. “As zonas costeiras são particularmente vulneráveis a eventos climáticos extremos”, afirma a investigadora Ana Isabel Lillebø em declarações à DiCYT.


Em particular, pode ser grave a erosão, o recuo do litoral pela subida do nível do mar, a entrada de água salgada nos estuários e terras adjacentes e todas as implicações desses fenómenos para as atividades humanas que se desenvolvem ao longo da costa.


As conclusões do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate Change, IPCC por sua sigla em inglês) são motivo de preocupação para a sociedade em geral, e “na Europa já existem alguns indícios” de que as alterações previstas estão a acontecer, como as mudanças na temperatura e nos padrões de precipitação ou a subida do nível do mar.


O quinto relatório do IPCC indica que no sul de Portugal houve um aumento na temperatura do ar entre 0,4 e 1,5 graus centígrados entre 1901 e 2012; e a temperatura média dos oceanos também aumentou entre 0,21º 0,30º entre 1979 e 2006. “Espera-se que essas tendências influenciem os riscos ligados ao clima”, diz a especialista do CESAM, “no caso da bacia do Mediterrâneo esperam-se episódios de secas, ondas de calor, escassez de água doce, elevação do nível médio do mar e outras condições meteorológicas extremas, como chuvas intensas, inundações fluviais, tempestades e erosão costeira”.


Para minimizar as consequências dos efeitos das alterações climáticas estão em curso alguns processos de adaptação a ter em conta em qualquer atividade que tenha a ver com a gestão territorial. O projeto ADAPT-MED tenta analisar, em cooperação com os atores sociais, as medidas que já se estão a desenvolver e, sobretudo, a estudar as que deveriam ser implementadas para os vários territórios aumentarem a sua capacidade de lidar com as novas circunstâncias para serem menos vulneráveis às mudanças.


Medidas propostas


Por exemplo, entre as medidas propostas como instrumentos de gestão territorial para a região de Aveiro incluem-se um sistema de alertas de tempestades, intervenções na rede de drenagem fluvial e irrigação e a construção de estruturas de proteção da costa. Em geral, as três áreas incluídas no projeto europeu serão afetadas pelos efeitos da subida do nível do mar, mas os possíveis impactos serão em níveis diferentes, por isso diferem as medidas a serem aplicadas.


Os responsáveis pelo projeto ADAPT-MED realizam entrevistas, inquéritos e cursos com os vários atores sociais interessados. Nestas atividades apresentam-se os problemas e realizam-se debates sobre as alterações climáticas, os seus efeitos e as adaptações necessárias para afrontá-los. O objetivo é identificar as principais etapas, mecanismos e estratégias que se poderiam aplicar; assim, propõem mudanças nas ferramentas e políticas de gestão. Tudo isso será refletido num documento que já está em preparação.


O projeto é liderado pela consultora ACTeon (França) e, além da Universidade de Aveiro, incluem-se as instituições BRGM (Bureau de Recherches Géologiques et Minières, França), ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa (Portugal) e Universidade de Atenas (Grécia).