Alimentación España , Valladolid, Jueves, 24 de enero de 2013 a las 12:25

“Amundsen foi o primeiro a demonstrar que o polo norte magnético se move”

O físico e divulgador Javier Cacho fala no Museu da Ciência de Valladolid sobre o explorador norueguês Roald Amundsen

Cristina G. Pedraz/DICYT Roald Amundsen foi um dos primeiros a explorar as regiões polares. Nascido em 1872 em uma pequena fazenda no sudeste da Noruega, ao longo de sua vida reuniu diversos fatos que o fizeram um marco na história: foi o primeiro em navegar a passagem do nordeste (a rota marítima que margeia o norte da América do Norte, atravessa o Ártico e conecta os oceanos Atlântico e Pacífico) em um único barco, o primeiro em alcançar o Polo Sul, em voar à latitude 88º norte ou em elevar-se acima do oceano Ártico. De todas estas façanhas e de seu controvertido caráter, fala no dia 22 de janeiro no Museu da Ciência de Valladolid o físico e divulgador Javier Cacho, pesquisador do Instituto Nacional de Técnicas Aeroespaciais (INTA).

 

Em declarações a DiCYT, Javier Cacho enfatiza que Amundsen não só foi um pioneiro, “foi o grande explorador da época, já que ninguém tem seu histórico de realizações: abrir a passagem do nordeste, alcançar o Polo Sul, ou ser o primeiro a sobrevoar o Polo Norte”. Durante sua conferência, que será realizada às 19 horas, Cacho não só falará de sua faceta como explorador, mas apresentará sua pessoa. “Temos nossas sombras e luzes. É o que nos faz humanos, Amundsen as vezes se equivocou e não fez coisas muito corretas. Gostaria de dar uma visão mais humana do explorador”, indica.

 

Como aspectos positivos, destaca que em toda sua vida “não se afastou nem por um momento da decisão que tomou, ser explorador, diferentemente da maioria de nós que mudamos de opinião muitas vezes”. Segundo ele, tomou essa decisão e foi “conseqüente” com ela, até converter-se no primeiro explorador profissional da história.

 

“Enquanto até então as expedições eram amadoras, não eram preparadas, Amundsen tinha tudo perfeitamente calculado. Preparava-se fisicamente, formou-se como esquiador, aprendeu com os esquimós, os grandes mestres em sobreviver em condições de frio, e a melhor forma de transporte por áreas polares, os trenós puxados por cães”. Até tal ponto chegava sua obsessão, afirma, que aos 8 anos “dormia com a janela aberta para acostumar-se ao frio”, ou no chão “porque pensava que um dia teria que dormir em uma barraca”.

 

No entanto, esta ambição chegou a ser exagerada. “Queria ser um grande explorador e fazer história várias vezes. Quando preparava sua expedição ao Polo Norte e soube que já havia sido conquistado, decidiu ir ao Polo Sul, contra todos os que lhe haviam dado dinheiro e suporte”. Em alguns casos, agrega, esta cobiça o levou a ser “cruel”, como com um de seus colaboradores na expedição ao Polo Sul. “Tratava-se de um grande explorador, tão bom ou melhor que ele com relação aos hábitos a frios polares, e em um determinado momento o destituiu basicamente porque não queria competição, não queria que ninguém pudesse ameaçar sua liderança”. Por esta mesma razão, afirma Cacho, “nunca levava médicos às expedições”, ainda que em sua primeira incursão à passagem do nordeste tenha perdido um de seus colaboradores.

 

Com relação à contribuição destes primeiros colaboradores à Ciência, o cientista considera que Amundsen fez um importante trabalho de exploração na passagem do noroeste, buscando o polo norte magnético, que somente tinha sido encontrado uma vez, 80 anos antes. “Ele o localizou e foi a primeira demonstração de que o polo norte magnético se move. Os cientistas pensavam que sim e este polo foi encontrado em um ponto distinto do que havia sido encontrado antes, demonstrando este movimento”, afirma. Do mesmo modo, mais do que as contribuições no âmbito científico, Javier Cacho destaca as contribuições em outros âmbitos. “O que mais nos ajudou foi a forma de preparar as coisas, Amundsen era um exemplo de meticulosidade, e no caso das expedições polares isto é muito importante. Quando se comete um erro isso pode representar um sério desgosto”, conclui.

 

Ciência e divulgação

 

A palestra de Javier Cacho está associada à exposição Memória Gelada. Roal Amundsen, localizada na Sala L/90º do Museu da Ciência de Valladolid até o dia 3 de março de 2013. Cacho, membro da primeira expedição científica à Antártida em 1986, participou de várias campanhas de pesquisa como chefe da base antártica espanhola Juan Carlos I. Durante anos foi membro da Comissão Nacional de Investigação Espacial (CONIE) e realizou, nos anos 80, pesquisas relacionadas com o estudo da camada de ozônio, fruto das quais é seu livro Antártida: o buraco de ozônio (1989).

 

Foi colaborador da Comissão Interministerial de Ciência e Tecnologia (CICYT) no Programa Antártico Espanhol, Secretário do Comitê Nacional de Pesquisa Antártica da Espanha e delegado alternativo no Scientific Committee on Antarctic Research. Escreve em diversas publicações e é autor de vários livros de divulgação, publicando recentemente o livro Amundsen-Scott, duelo na Antártida.