Alimentación España , Valladolid, Miércoles, 22 de junio de 2011 a las 14:40

Cartif participa em projeto europeu para a produção de bioetanol a partir do sorgo-doce

Pesquisadores da Grécia, Itália e Espanha buscam um modelo alternativo para produzir este biocombustível em plantas descentralizadas

Cristina G. Pedraz/DICYT Segundo especialistas, o bioetanol é e será um dos principais biocombustíveis utilizados na Europa. Atualmente, é produzido através da fermentação de cultivos ricos em açúcares ou amido, como o milho, trigo, cevada ou beterraba, o que se denomina bioetanol de primeira geração. Com o objetivo de diversificar o mercado atual deste biocombustível na União Européia, pesquisadores de três países trabalham no projeto Sweethanol, cujo objetivo é utilizar o sorgo-doce como cultivo inovador para uma produção sustentável, promovendo a criação de plantas produtoras descentralizadas de pequena e média escala.

 

O projeto, que está na metade de seu desenvolvimento, conta com um orçamento de 1,2 milhões de euros financiado pelo programa IEE-II 2009 (Intelligent Energy Europe) da Comissão Européia. Nele participam duas instituições espanholas, a Associação para a Difusão do Aproveitamento da Biomassa na Espanha (Adabe) e a Fundação Cartif de Valladolid, assim como outras instituições e centros de pesquisa de outros países do sul da Europa, onde pretende-se cultivar o sorgo-doce, Itália e Grécia. Como explicou a DiCYT o pesquisador do Cartif Oscar León, trata-se da Agência Regional de Energia da Macedônia Central-Anatoliki (REACM) e da Cooperativa Agrícola de Halastra, na Grécia; além do INIPA-Coldiretti e do Centro para a Ecologia Teórica e Aplicada (CETA) da Itália, que coordena o projeto.

 

“O etanol de primeira geração a partir de sorgo-doce é muito sustentável ambiental, econômico e energeticamente. Ademais, a simplicidade técnica do processamento e exploração dos sub-produtos garante a viabilidade econômica das plantas descentralizadas de pequena e média escala, com uma produção máxima de 15.000 toneladas ao ano”, destaca o pesquisador, de maneira que seria uma alternativa interessante “para pequenas cooperativas”.

 

León lembra que, neste momento, o mercado de etanol na União Européia está controlado por grandes empresas e grandes cooperativas da indústria do açúcar e do álcool. Por isso, pretendem “contribuir com a mudança da situação atual, que passa por desenvolver um novo modelo ou um alternativo que possa combinar o sistema de produção atual com as novas tendências”.

 

Manual de princípios

 

A pesquisa está estruturada em vários grupos de trabalho que, a 12 meses da conclusão do projeto, estão bastante avançados. Assim afirmou o pesquisador do Cartif, que assegura que “neste primeiro ano muitas coisas foram feitas, principalmente avaliar a produção de bioetanol em outros países para poder realizar uma comparação com o que pode ser feito aqui”. Deste modo, foram realizadas visitas a institutos de pesquisa agrícola, plantas em construção e plantas existentes, como a da Abengoa em Babilafuente (Salamanca), dedicada à obtenção de bioetanol a partir de cereais. Além disso, foram organizadas visitas ao Peru, onde foi avaliado o sistema de produção de bioetanol a partir da cana-de-açúcar; e na Índia, onde visitaram o Icrisat, referência no desenvolvimento do sorgo-doce.

 

Outra tarefa do projeto centra-se no debate do modelo sustentável, que busca envolver aos distintos setores: agricultores, técnicos, indústria e receptores do bioetanol. “Cada um tem um interesse e para que o modelo possa ser desenvolvido é necessário que se encontrem objetivos comuns para todos”, afirma Oscar León. Nessa mesma linha, uma das iniciativas é a criação de uma comunidade online, “que já está funcionando e que conta com membros de toda Europa e países como Índia, Indonésia e Estados Unidos, que aportam diferentes visões sobre o etanol e enriquecem a comunidade, permitindo a troca de idéias”.

 

No mesmo marco de debate do modelo sustentável, Cartif acolheu na segunda-feira, 20, uma jornada sobre a produção de bioetanol na Europa na que especialistas de diversas áreas de todo o país discutiram as vantagens e as desvantagens do cultivo de sorgo-doce, a viabilidade industrial da produção de bioetanol como biocombustível ou sobre as ajudas à produção atual.

 

Panorama do bioetanol

 

O manual difundido sob o marco do projeto Sweethanol contem toda a informação agrícola, técnica, energética e econômica, assim como os dados sobre o tratamento atual do bioetanol comparando os modelos de produção com outras matérias-primas comuns na Ásia, América Latina e Europa. A publicação detalha que o bioetanol é obtido a partir da fermentação alcoólica dos açúcares ou da hidrólise de polissacarídeos como o amido e a celulosa. Neste processo a glicose, junto com a água, é convertida em etanol, CO2 e água. Sua utilização como biocombustível tem lugar mediante a reação exotérmica quando se queima, produzindo CO2 e água.

 

Geralmente, o termo bioetanol é usado especificamente para o etanol destinado ao setor de transportes. Neste sentido, a União Européia busca a substituição de 10% dos combustíveis fósseis por energias renováveis até o ano 2020, o que implicará uma alta demanda de biocombustíveis no mercado europeu. O bioetanol reduz a dependência dos recursos não-fósseis como o petróleo e diminui as emissões de gás carbônico.