Combaterão doenças associadas à relação entre genes e nutrição
JST-Tec de Monterrey/DICYT Estatísticas indicam que cerca de 60% das mortes no mundo são provocadas por doenças crônico-degenerativas como câncer, diabetes ou hipertensão cuja prevenção é simples: ter uma dieta saudável. Também que 80% das doenças cardiovasculares podem ser prevenidas com dieta e exercício físico; que 70% dos cânceres e 80% das mortes prematuras por cardiopatias poderiam ser evitadas com uma dieta saudável.
Diante da contundência destas cifras, 40 pesquisadores do Tecnológico de Monterrey e do Instituto Nacional de Nutrição e Ciências Médicas Salvador Zubirán, com o apoio da Fundação Femsa, começaram os trabalhos da nova Cátedra de Nutrigenômica em um esquema de pesquisa colaborativa entre os setores público e privado.
“É a primeira vez que se vê um esforço de cooperação entre um organismo nacional como o Instituto Nacional de Nutrição e uma universidade privada como o Tecnológico de Monterrey, e que também se conta um financiamento de caráter privado através da Fundação FEMSA”, afirmou o doutor Martín Hernández Torre, da Escola de Biotecnologia e Saúde do Tecnológico de Monterrey, área onde operará a nova Cátedra.
Na apresentação do projeto que teve lugar dia 24 de maio, o licenciado Genaro Borrego Estrada, Diretor de Assuntos Corporativos da FEMSA, comentou: “Estamos convencidos de que os trabalhos desta Cátedra serão para o bem de nossa comunidade, para o avanço da ciência e sua aplicação em benefício da saúde das presentes e futuras gerações”.
A Cátedra, estabelecida através de um convênio de colaboração entre o Instituto Nacional de Nutrição e o Tecnológico de Monterrey, contará com um orçamento de 600 mil dólares por ano, aportados pela Fundação FEMSA. O doutor Vidal Garza, diretor da Fundação, agregou que dependerá do desenvolvimento da Cátedra se serão destinados valores adicionais, mas destacou que o Tecnológico de Monterrey investiu uma quantidade igual ou maior do que está aportando a organização.
Por sua vez, o doutor Alberto Bustani Adem, Reitor da Zona Metropolitana de Monterrey da Instituição, assinalou que o conceito de alimentação para a saúde inclui áreas como: química, agronomia, engenharia de alimentos, medicina e, nesse sentido, a Cátedra representa uma “área de futuro e oportunidades para os jovens”.
O doutor Fernando Gabilondo Navarro, Diretor Geral do Instituto Nacional de Ciências Médicas e Nutrição “Salvador Zubirán” destacou que “este projeto significa um passo muito importante das capacidades de três instituições que podem unir-se para projetos definidos, com metas alcançáveis. Pensamos – completou – que é a maneira em que podemos mudar o país”.
Esforço compartilhado
A Cátedra de Nutrigenômica iniciou suas atividades com projetos de pesquisa como: Marcadores moleculares de câncer e diabetes; Avaliação de compostos anti-diabéticos obtidos a partir de matrizes vegetais; Melhoramento genético de feijão preto para prevenção de câncer e cardiopatias, e Produtos probióticos de alto valor e seus efeitos na saúde, entre outros.
“Esta Cátedra permitirá que cientistas do Instituto Nacional de Nutrição e do Centro de Biotecnologia FEMSA unamos esforços, recursos e estratégias, para coadjuvar na resolução de um dos principais problemas que como sociedade temos atualmente: manter nossa qualidade de vida através de uma alimentação adequada”, considerou o doutor Manuel Zertuche Guerra, Diretor da Divisão de Biotecnologia e Alimentos do Tecnológico de Monterrey.
A Cátedra de Nutrigenômica seguirá três áreas principais de pesquisa: Avaliação do impacto da alimentação na interação genes-saúde; Engenharia e processamento de alimentos funcionais e Desenho genético e produção de novos alimentos agrofortificados.
O Centro de Biotecnologia FEMSA do Tecnológico de Monterrey tem como missão desenvolver pesquisa básica e aplicada em áreas biológicas com o fim de gerar e implementar tecnologias sustentáveis para a produção de bens e serviços utilizando enzimas, microorganismos, células animais e/ou vegetais. Conta com mais de 120 pesquisadores, 70% dos quais pertencem ao Sistema Nacional de Pesquisadores (SIN, sigla em espanhol), 45 alunos de doutorado e 40 de mestrado. Em somente dois anos seus pesquisadores publicaram mais de 150 artigos em revistas indexadas e solicitaram a quantidade record de 35 patentes.
O que é nutrigenômica?
A ciência da Nutrição incorporou somente neste século o conhecimento do metabolismo, das interações entre genes e nutrientes e dos alimentos como meio para melhorar a alimentação e a saúde. O desenvolvimento da nutrigenômica pode hoje ser entendido como uma área que faz parte de seus pilares fundamentais.
Em breve, um indivíduo que busque um centro especializado poderá obter seu perfil nutrigenômico e uma lista de recomendações especializadas, de forma que poderá eleger aqueles alimentos mais apropriados para seu genótipo e fenótipo concretos com a finalidade de melhorar seu estado de saúde e bem-estar e prevenir doenças.
A nutrigenômica estuda a expressão dos genes em relação à nutrição e o desenvolvimento de doenças associadas à tal expressão. “É uma nova área científica que, de maneira personalizada, estuda a constituição genética dos indivíduos e a relação que tem sua saúde com a nutrição de tais indivíduos, definindo um esquema alimentar que promova ou restaure sua saúde, evitando doenças que geralmente resultam mortais”, explicou o doutor Zertuche.